Não tem mais medida sanitária, a não ser ainda boa parte das pessoas estarem andando de máscara, ainda que muitas delas com o nariz de fora.
Quem duvidar, olhe o movimento pré-Dia da Criança na 25 de março, em São Paulo.
É assim que chegamos aos 150 mil mortos pela Covid-19 e, mantida atual média, teremos 200 mil brasileiros a menos quando espoucarem os fogos do final do ano.
Estamos quase “festejando” termos “apenas” 600 mortos por dia, uma média que nos remete a mais que isso no final deste desgraçado 2020.
Dois meses depois de se falar que uma vacina era iminente, ela continua distante, num horizonte enevoado de prazos e de eficácia.
Não é só aqui: no mundo, o número de casos diários de infecção superam pelo terceiro dia consecutivo a marca de 300 mil e temos 1 milhão de novos infectados a cada três dias.
Mas parece que a terapêutica é a “coragem pessoal” de negar sua gravidade. Que é Donald Trump arrancar sua máscara diante de centenas de apoiadores reunidos na Casa Branca e de Bolsonaro tornar-se um herói, como registra o jornal inglês The Guardian com a pandemia que, afinal, só afeta “bundões”.
Pobres coitados dos que esperavam um “novo mundo”, mais solidário, depois da pandemia. O que temos é um novo mundo mais cínico, mais egoísta, mais centrado no dinheiro que nas vidas humanas.
Os ricos ficaram mais ricos e os pobres, mais pobres e mais pobres ficarão.
O romantismo de pseudointelectuais que vê na degradação da vida humana o caminho do humanismo provou-se, de novo, uma tolice. Quanto mais mergulhados na selva, mais selvagens.