Agora, sim, estamos falando como gente séria, depois daquela patuscada do Ministério Público com o acordo, ainda que provisório, de R$ 1 bilhão pelos danos causados pela Samarco – e suas controladoras, a Vale e a australiana BHP Billiton – com o desabamento da barragem de rejeitos de mineração em Mariana, Minas Gerais.
O governo federal e os de Minas Gerais e do Espírito Santo vão entrar na Justiça, segunda-feira, com uma ação contra a as três, solicitando uma indenização de R$ 20 bilhões para garantir os recursos necessários ao plano de recuperação do desastre ambiental. Fora, claro, as multas já aplicadas e ainda por serem aplicadas.
De um para 20 é uma “diferençazinha”, não é? Nada de “chute”, para mostrar serviço rápido e, claro, incompetente.
E pode ser maior, se ao logo do tempo os danos, mais bem avaliados, não puderem ser mitigados com este valor.
Agora estamos falando num quantia compatível não apenas com a dimensão da catástrofe como, também, compatível com o que se aplica em situações semelhantes.
Naquele vazamento de petróleo do Golfo do México, imenso, a BP foi condenada a pagar US$ 18,7 bilhões ( no dólar da época da sentença, R$ 59 bilhões). Levou 5 anos, e ninguém pode chamar de “lentos” os Estados Unidos, não é?
A forma proposta: a criação de um fundo com esta finalidade específica – o dinheiro não some, sem carimbo – e o controle por parte do poder público – União, estados e municípios afetados – sem aquela esperteza de auditoria contratada pela mineradora, como constava do acordo com o MP.
A Vale, que andava se gabando em ter um dos mais baixos custos de extração de minério de ferro do mundo (R$ 12,70 por tonelada) e pretendia baixá-los ainda mais, para US$ 10 por tonelada, vai ter de segurar seu apetite, mas não muito. Só esta economia, de US$ 2,70 por tonelada, considerando que a empresa produz, por ano, 340 milhões de toneladas, dá perto de US$ 1 bilhão por ano. Em alguns poucos anos paga a parte dela se tornando mais eficiente e não sacrificando a segurança na corrida por baixar preços.
O resto é problema dos australianos, que terão de pagar sem chiar.
E vão pagar, porque ninguém é besta de sair de cima da montanha de ferro que é o Brasil.
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Qdo essa lama secar cai subir uma poeira tóxica q permanecerá em suspensão no ar e vai causar doenças respiratórias letais
Infelizmente aqui no Brasil NINGUÉM paga multa por descumprimento de lei ambiental. Caro Fernando Brito é só verificar as multas aplicadas e as de fato pagas....Como diz o Azenha no Viomundo: No Brasil só velhinas que possuem papagaio vão pará cadeia...já os donos da Samarco...não fizeram nada de errado...nem tem que pedir desculpas pelo mais de dez óbitos....
O irônico em tal drama, Brito, é que a Vale está instalando na Serra dos Carajás, uma nova planta de "refino" do minério de ferro, preparando-o para a exportação ( Projeto S11D ); que tem como forma de diminuir os risco na separação entre o produto comercializável e suas impurezas, a ausência do uso de água, o que elimina a necessidade das fatídicas barragens de rejeito.