Na economia, a chance de Dilma

Em seu artigo, hoje, na Folha, André Singer desenha a impressão que muitos têm: a de que a saída de Joaquim Levy pode – mais até do que qualquer mudança objetiva na macropolítica econômica – ser elemento de recuperação do ânimo econômico do país. Claro que economia não é feita apenas de expectativas, mas é também delas.

Se Dilma, com Nélson Barbosa, souber aproveitar a ânsia da parte do Brasil que quer crescer – contra a má-vontade dos que querem destruí-lo para capturar seus escombros –  acho que as coisas podem ser vistas com mais otimismo que o de Singer.

Antes tarde

André Singer, na Folha

Após um ano trágico, a presidente Dilma Rousseff corrige o dramático erro que cometeu ao optar por Joaquim Levy e coloca no Ministério da Fazenda aquele que deveria ter sido o escolhido desde o início. Diante das opções moderadas que a correlação de forças provavelmente impunha naquele distante novembro de 2014, o economista Nelson Barbosa era a melhor escolha. Vamos ver o que conseguirá fazer agora que o país rola no despenhadeiro do austericídio.

As condições em que Barbosa assume são das mais difíceis. No entanto, chega ao comando da economia quando novo pacto de classe aponta no horizonte. Depois do fracasso do ensaio desenvolvimentista apoiado na coalizão entre trabalho e capital formalizada em maio de 2011, houve reagrupamento da burguesia em torno do ajuste recessivo. De 2013 em diante, a frente produtivista se desfez.

Foi necessário que, em 2015, uma das mais graves retrações em décadas ameaçasse não só as conquistas recentes dos empregados, mas igualmente a sobrevivência dos capitalistas, para que a unidade do setor produtivo começasse a se restabelecer. Na terça passada, representantes da CUT, da Força Sindical e de outras quatro centrais, junto a relevantes associações de empresários, entre elas a Confederação Nacional da Indústria (CNI), entregaram a Dilma documento sob o título “Compromisso pelo desenvolvimento”.

De acordo com Clemente Ganz Lúcio, diretor do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a proposta, destinada a propiciar transição rápida para o crescimento, sugere a retomada do investimento público e privado em infraestrutura, em particular nos setores de petróleo e gás; o destravamento da área da construção; o incentivo à exportação industrial; a ampliação do capital de giro para as empresas e o fortalecimento do mercado interno.

A adesão do capital a essa agenda não é completa, como o demonstra a significativa ausência da Fiesp entre os signatários. Dada a fragilidade política do governo, a tarefa número um do novo ministro seria a de negociar o apoio dos até aqui recalcitrantes. Contudo, há sinais de que mesmo o setor financeiro estava insatisfeito com a política seguida por Levy, o que poderia facilitar em algo a tarefa de unificar a sociedade em torno de um horizonte construtivo.

Dada a profundidade do buraco econômico em que caímos e a gravidade da crise política, a missão do novo ministro é quase impossível. Mas depois de ter tomado caminho por completo equivocado, o lulismo volta aos próprios trilhos. Pode ser tarde demais para salvar paciente que respira por aparelhos, mas ao menos o médico intensivista quer fazê-lo. O anterior exalava evidente antipatia pelo doente.

Fernando Brito:

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  • A segunda atitude que a Presidenta deve tomar de imediato é demitir o "ministro da justissa" e manda-lo levar junto o diretor da PF. Daí deve colocar em seus lugares pessoas que façam uma limpeza na corporação, eliminando aqueles que estão abusando de seus cargos para fazer políticagem rasteira pró-golpe. Ciro seria um bom nome? A PF deve ter liberdade para agir, mas o que está acontecendo é uma verdadeira esculhambação. Confundiram liberdade com libertinagem. Se não se resolver isto, logo, logo arrumam um jeito de começar uma perseguição contra o novo ministro da fazenda para que a economia não se recupere, exatamente como querem as "forças ocultas" por trás do golpe.

  • Não se pode atribuir o desarranjo da economia apenas ao Levy (e nem à Lava Jato) como faz muitos setores que apoiam o Governo. Os resultados econômicos também são formados por processos que duram anos e anos. Foi assim, para o bem, em 2010, com crescimento espetacular do PIB. É assim para o mal, em 2015. É preciso que o Governo reflita seriamente sobre a parte das práticas desenvolvimentistas que não funcionaram e não reincida em erros. O bom é que com a saída de Levy, não haverá mais ninguém pra se culpar pelos insucessos econômicos, a não ser a própria presidenta.

  • Caro Fernando
    Dilma deve demitir imediatamente, todos que conspiram contra o governo e que estão com algum cargo nele.
    Sem chance.
    Caro Fernando
    Continua a aceitar esses reaças tucanos nos comentários.
    Que vão para os esgotos.
    Não basta só cobrar da Dilma, temos que fazer nossas parte.
    Fora com esses alissons, cloves e demais reaças.
    Saudações

    • concordo plenamente com sua analise , com conspiradores , traidores e sanguessugas nao vai sair nada. nao adianta so demitir o leviano dos banqueiros e deixar o pmdb nadar de braçada junto com os tucanos do pt e o pior de todos , o maior traidor do governo , o ze desgraça , min da justiça. com ele principalmente no governo , as coisa so vao para traz e nada vai mudar, vai ficar do mesmo jeito.

  • para min nao tem mais volta, o que pode acontecer de agora em diante com esse poste de pres e seu partido traidor é conseguir levar esse mandato desastroso ate o fim evitando uma desgraça maior que nem isso esse poste de pres . e seu partido conseguiu fazer. quem fez foi o povo , os movimentos sociais , blogs e alguns politicos de coragem e vergonha na cara. se dependesse desse desgoverno maldito e traidor junto com seu partido que um dia foi dos trabalhadores , o golpe teria acontecido , nao a menor duvida disso. para o futuro depois desse mandato desastroso e incompetente , é evitar que o pais caia na mao dos golpistas de vez , porque metade ta na mao deles e lutar por dias melhores. so sei de uma coisa com paz e amor desgraçado , pacto de classes nao funciona mais , porque a elite nunca vai fazer pacto com trabalhadores e pobres, isso é so na cabeça do lula e desse pt acovardado e medroso.

  • Colocar um ministro da Justiça com pulso pra trabalhar na diminuição dos números da violência também seria essencial. Acredito que a violência e os altos números de homicídios no país revoltam mais a população contra o governo do que a própria economia.

    É com a violência que o povão lidar no seu dia a dia.

    • E o povão muitas vezes não entende que segurança é de mais responsabilidade do âmbito estadual.

      Porém, no momento em que estamos, um ministro da Justiça que atuasse junto aos governadores pra buscar soluções para o problema seria muito bom.

  • Em momento algum vou defender o Levy. Mas até a sua política teria tido algum êxito se não tivéssemos pautas bomba atrás de pautas bombas no congresso. O país foi invadido pelo pessimismo da crise, capitaneado pelo Globo. Junto à crise externa e juros altos (grande erro) chegamos a este resultado de inflação alta, crescimento negativo e desemprego.

  • Hoje, a Globo News mostrou o formigueiro de gente fazendo compras no Brás, em São Paulo. Acho que nunca teve tanta gente fazendo compras como tem agora. É a "crise".

  • O modo estranho de pensar do "Mercado":

    "... Em relatório, o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, afirma que o desemprego ainda vai piorar a ponto de, inclusive, reduzir a inflação.
    "O mercado de trabalho tem que piorar um pouco mais para começar a ter o efeito desejado na dinâmica dos preços livres, em particular na inflação de serviços", disse. "O mercado tende a piorar até pelo menos meados do ano que vem, quando atingirá taxa em torno de 10%"" (fonte: folha de SP).

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