Clube de Engenharia: querem destruir a engenharia brasileira.

Quando o Brasil se levava a sério como projeto de país, todos tinham o Clube de Engenharia como uma de suas instituições mais importantes. Poucos podem somar , ao longo de 130 anos, o orgulho de ter participado das lutas abolicionistas, da nacionalização do petróleo e da redemocratização do Brasil.

Não é pouco, portanto,  que seu presidente, Pedro Celestino, assuma uma posição aberta e corajosa contra os que tratam os acordos de leniência com as empreiteiras envolvidas na Lava Jato como se fosse uma espécie de “anistia” a quem praticou atos de corrupção.

Não é, porque em nada influencia nas acusações criminais contra proprietários ou executivos que compraram favores, mas é essencial para que não se paralise praticamente toda a construção pesada no Brasil, um dos poucos setores onde nosso país concorre em pé de igualdade com a indústria mundial.

Por isso, redimo meu pecado de não ter visto, há três dias, seu artigo na edição eletrônica da Folha e o republico aqui.

Engenharia nacional ameaçada

 Pedro Celestino, pres. do Clube de Engenharia

A crise que assola o mundo e o Brasil exige que se busque um consenso em torno de soluções, tendo por base o interesse nacional. Afinal, o que está em jogo não é o curto prazo, mas o Brasil das próximas décadas.

Não existe nação forte sem empresas nacionais fortes. Essa compreensão esteve presente nos planos brasileiros de desenvolvimento desde os anos 30 do século passado. Em torno dela o país se industrializou e modernizou a sua agropecuária, combinando sempre o planejamento governamental e o vigor da iniciativa privada.

Nesse contexto a nossa engenharia se desenvolveu, através de projetistas, construtoras e montadoras, que responderam à demanda de dotar o país da infraestrutura que o levou, nos últimos 70 anos, ao grupo das 10 maiores economias do mundo.

Foram essas empresas que fizeram as rodovias, ferrovias, metrôs, hidrelétricas, portos, aeroportos, refinarias, indústrias de todo tipo, redes de água e de esgoto, habitações, etc. Em resumo, construíram e constroem o Brasil.

É claro que ainda falta muito a ser feito para que todos os brasileiros tenham uma vida mais digna. O Brasil ainda está em construção. Mas com certeza a destruição, que ora se pretende, das maiores construtoras nacionais não contribuirá para o país alcançar um patamar mais alto.

Ao longo de suas histórias, as empresas de engenharia nacionais produziram conhecimento e se tornaram detentoras de respeitabilidade técnica reconhecida no mundo inteiro. Tanto que várias delas trilharam o caminho da internacionalização e participam hoje de empreendimentos em mais de 40 países, entre os quais Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Portugal.

O mercado da exportação de serviços, com apoio de organismos financiadores, e em particular, do BNDES, é por elas disputado com êxito crescente. Entretanto, o que devia ser motivo de orgulho é colocado sob suspeição. Se o Presidente da República promove o Brasil no exterior, faz tráfico de influência. Se o BNDES concede financiamento à exportação de serviços, é criticado.

É hora, pois, de se desnudar os interesses que, sob a capa do necessário combate à corrupção endêmica (patrocinada por empresas que há décadas agem em conluio com políticos dos principais partidos), o que conta com o decidido apoio da sociedade, têm por objetivo destruir a engenharia nacional.

É o que já se viu quando a Mitsui japonesa, embora envolvida na Lava Jato, pôde adquirir participação na Gaspetro na Bacia das Almas, e agora ficou mais evidente a partir da oposição que fazem à Medida Provisória 703. Não se trata aqui de antagonizar empresas estrangeiras, tão somente de mostrar a diferença de critérios no trato da questão.

A MP 703 foi editada pelo Governo Federal para regulamentar acordos de leniência, nos quais as empresas serão punidas, arcarão com multas pesadas e terão de se comprometer com ajustes de conduta, mas continuarão habilitadas a participar de licitações, pois há a compreensão de que são estratégicas para o país.

Os acordos, no âmbito administrativo, não extinguem os processos criminais. Ou seja, quem cometeu crimes deve pagar por eles, mas sem que se fechem empresas, pois isso seria punir seus milhares de trabalhadores e jogar fora parte fundamental da nossa engenharia. Assim se procede na Europa e nos Estados Unidos, como atestam os casos recentes da Volkswagen e do Goldman Sachs, penalizados, mas preservados.

Com base na longa tradição, de 135 anos, de pensar o Brasil e de defender a engenharia nacional e as nossas empresas, que são artífices e depositárias da memória desse conhecimento, o Clube de Engenharia denuncia à sociedade o risco de destruição do que há de melhor na nossa engenharia.

Fernando Brito:

View Comments (13)

  • Boa noite,

    só se colocar o Moro no divã, pois não qual é a dele. Se destruir o Brasil vai junto, pois não vai sobra cacos para juntar. Mas caso passe a crise política e de galã da globo e o Brasil vai crescer e muito, mas e o galã Moro? Demitido por Lula em 2018 por justa causa e tenta ser global.

    • Quem sabe os verdadeiros interesses do Moro? Sabemos que a sua mulher advoga para empresas de petróleo internacionais. A destruição da Petrobrás seria vantajosa financeiramente para ele?

  • Estão destruindo milhares de empregos de jovens que se formam em Engenharia, Arquitetura, Geologia e áreas afins na ânsia de destruir a economia nacional a fim de inviabilizar o projeto político de um partido que não tem a simpatia dos grupos oligárquicos. Essa Lava Jato está causando imensos prejuízos ao país onde se concedeu uma autoridade total a juiz que perdeu a noção, mas é amparado pela Mídia.

  • O Brasil, nosso chão, nossa pátria, nossa vida e responsabilidade, "está em construção". Por isso ainda não é "perfeito" (ah, a ilusão da perfeição...).
    Que mais vozes se levantem, como a do senhor Pedro Celestino, para clamar por nossa necessitada nação.
    Que a engenharia, as artes, o jornalismo, a saúde, educação, ciência etc. sejam nossas, para o nosso bem, o bem comum.
    Parabéns senhor presidente do clube dos engenheiros.

  • Um dos maiores (e mais importantes) indicadores de independência de um país é a sua expertise em engenharia.
    Não há o que comentar.
    Argumentar contra é como argumentar para o Brasil voltar a ser colônia como era quase dois séculos atrás.

  • VOU DIZER ALGO!
    Se, e só se...
    Uma Organização como a dos Engenheiros do Brasil, um Governo do BRASIL ( que ganhou as eleições), se Advogados que representam muitos, se cidadãos que estão vendo a barbarie que acomete o presidente LULA..( maior representante politico do BRASIL aqui e lá fora,
    SE eles não tem poder para lutar contra isto...
    QUEM TERÁ!!!!
    QUEM!!!
    O CRISTO lá no RIO..
    De verdade gente...QUEM!!!
    Que MERDA é esta..

  • Fui informado de que saiu no programa do Darteina e no jornal da Bandy com outro valente Boechat sobre a mansão dos Marinhos em nome de laranjas.O jornalismo de terceira da Bandy chegou lá em uma voadeira de 2 milhões de reais igual a que tava no sítio de Atibaia.

    Darteina ficou indignaldo igual Alexandre Garcia está agora.

  • Segundo Flavio Dino a deleção premiada e os acordos de leniência fazem parte do mesmo arcabouço legal.
    http://g1.globo.com/globo-news/dialogos-com-mario-sergio-conti/videos/v/milenio-governador-do-maranhao-flavio-dino-afirma-que-a-crise-vai-passar/4772254/

    Ou seja, se a informação do ex juiz federal Flavio Dino estiver correta, por trás dessa crítica sobre os acordos de leniência está uma disputa político partidária que nada tem a ver com combate a corrupção.

  • Um dos objetivos da lava jato é destruir a engenharia brasileira para colocar no lugar as concorrentes estrangeiras....
    O que está acontecendo no país é crime de lesa-pátria, mas ninguém vai parar esse juizinho fdp moro porque ele é patrocinado pelo fbi e EUA, simples assim...
    Brasileiro só se dá conta depois da guerra perdida..
    Demorô para esse sujeito perceber que esse juiz moro está destruindo a engenharia nacional intencionalmente...
    Meio tarde demais...

  • O Brasil na década de 80 assinou um tratado de salvaguardas com seu vizinho argentino. Foi um tratado equilibrado, pois previa reciprocidade. Muitos anos depois, foi obrigado a assinar um tratado de não proliferação nuclear, no final do governo de Fernando Henrique, visivelmente desequilibrado, pois só previu obrigações para o lado brasileiro, sem nenhuma contrapartida das grandes potências.

    Tentam fazer que o país assine um “protocolo adicional” que pode significar que o país abra sua tecnologia nuclear aos estrangeiros. Nenhum país do mundo fornece ou vende tecnologia nuclear sensível, como ficou claro no acordo nuclear Brasil-Alemanha na década de 70 do século passado, aliás, ainda em vigor.

    Por tudo isso, soa muito estranha a prisão do Vice-Almirante R1 Othon Luiz, ocorrida na chamada 16a fase da Operação Lava Jato, por supostos recebimentos de 4,5 milhões de reais, na construção da Usina Angra 3.

    Othon já foi investigado pelas próprias Forças Armadas e foi inocentado na década de 90, sendo certo que diversos comandantes militares não simpatizavam com seus projetos ou seus métodos.

    Some-se a isto, a campanha contra a Petrobrás, que estava em franca expansão com as descobertas do Pré-sal, bem como a prisão do Presidente da Odebrecht.

    O desenvolvimento do reator que equipará o subnuc brasileiro vai sofrer atrasos e os vinte técnicos terão que ser remanejados com o contingenciamento das verbas, devido a intensa campanha da mídia, que acompanha o desenrolar da Operação Lava Jato.

    O projeto do VLS (veículo lançador de satélites) vem sofrendo constantes abalos e até suspeita de sabotagem. O moderno avião transporte de cargas e tropas, o KC-390 da Embraer, também sofrerá atrasos, devido ao ajuste fiscal do governo Dilma.

    É inconcebível que um suposto combate à corrupção possa conduzir ao desmonte em programas estratégicos da nação. Seria até risível se pensar que americanos, russos ou franceses encarcerariam seus heróis, seus cientistas mais proeminentes, ainda que acusados de supostos desvios.

    Portanto, somente aos estrangeiros ou seus prepostos no país, pode interessar o atraso ou o fim dos programas estratégicos brasileiros. É mais que hora de uma intervenção do governo ou, no mínimo, uma supervisão bem próxima da nossa Contra Inteligência para a verificação do que realmente está por trás das investigações da PF (FBI? CIA?), MPF e dos processos a cargo da 13a Vara Federal de Curitiba.

    *Juiz de Direito do TJMG

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