O repique na pandemia, no EUA e no Brasil

Nos Estados Unidos, há um pavor generalizado com o recrudescimento da epidemia do Covid-19.

Ontem, domingo, o The New York Times publicava que, embora o número de mortes tivesse caído naquele dia 28% em relação a duas semanas antes, o número de novas infecções registradas subira 69% no mesmo período, deixando para trás os recordes do início do mês de abril.

O Texas, um dos primeiros estados a retomar parte das atividades normais, mais que dobrou o número de infectados do final de maio para o final de junho: de 60 mil para 130 mil.

Se “essa trajetória persistir”, escreveu Peter Hotez , conhecido virologista local, “Houston [maior cidade texana] se tornaria a cidade mais afetada nos EUA e talvez rivalize com o que estamos vendo agora no Brasil”.

Talvez nós é que rivalizemos com o Texas, quem sabe para o orgulho dos nossos cowboys de picape do bolsonarismo.

De 28 de maio a 28 de junho o número de novos casos no Brasil dobrou de 18.720 para 36.895, considerada a média de 7 dias, para que não haja a distorção causada pelo registro “atrasado” dos sábados e domingos, que têm números anormalmente baixos.

O “grosso” do aumento se deu a partir do dia 18, com um crescimento próximo de 50% em dez dias. Desde aquela data, a média semanal de mortes diárias, embora relativamente estável, jamais voltou a baixar de mil óbitos por dia.

E, como está razoavelmente estabelecido que é em torno de 2 semanas o prazo para que novos casos se reflitam em novas mortes, não há nenhuma razão para crer que os próximos dias nos reservem uma progressão acelerada na quantidade de vítimas fatais, enquanto prefeitos e governadores começam a seguir os conselhos de Jair Bolsonaro para que autorizem a reabertura de praticamente todas as atividades.

Minas Gerais, os estados do Sul e do Centro Oeste “fornecerão ” óbitos em quantidade cada vez maiores e basta olhar o que está acontecendo com a disparada de seus números.

Seria mais correto se Jair Bolsonaro pedisse para seu “sanfoneiro” da Embratur tocasse a marcha fúnebre em lugar de assassinar, a golpes de fole, a Ave Maria de Gounod e Bach pela Marcha Fúnebre de Chopin.

Fernando Brito:

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