Oito anos, obrigado a todos

 

 

Parece mentira e não fico aborrecido se você achar que é, porque seria algo que me ajudaria a dar-me razões para achar que não sou um sujeito obsessivo.

Não é mentira, porém, e este blog está chegando a seu oitavo ano sob minha exclusiva responsabilidade com nada menos que 16.470 textos, sem contar os que perdi, em mudanças de design da página e por deficiência técnica, mesmo.

Há mais algumas dezenas, de amigos que gentilmente colaboram, mas o blog é, quase sempre e infelizmente, um exército de um homem só.

Não o digo como troféu, porque decorei, entre os inúmeros ditados do D. Quixote, que “louvor em boca própria é vitupério” e porque aprendi com meu herói literário, Graciliano Ramos, que, revisado, o que escrevemos é sempre uma porcaria enxundiosa, da qual um terço deveria ser cortado.

(Dele, também, recolhi o horror de falar na primeira pessoa, como faço agora, sob grande constrangimento. Mas invocar um “coletivo” em algo tão pessoal, seria falso e cínico)

Alguma coisa, porém, valeram estes anos, ainda que tenha sido anos de dolorida derrota, vendo meu país e meu povo andarem para trás, empobrecerem e trocarem sonhos por ódios.

Faço o que desejo, mais do que aquilo que sei: escrever, lutar, amar – talvez a mais difícil arte humana – meus semelhantes e dessemelhantes e o imenso país no qual tive a sorte de nascer e viver.

Nem sempre o faço, como apreciaria, com a delicadeza pontiaguda do florete, a mão pesa, por vezes, como sabre, tamanhas são as ganas de lutar.

Mas nada me orgulha tanto quanto viver da relação com meus teimosos leitores.

Literalmente, porque são eles – vocês – que me sustentam. Na teimosia, na rotina de iniciar o dia ainda de madrugada, lendo e pensando sobre tudo o que ocorre, quanto no sustento material que me arrepia, quando alguém que nem sei quem é, da mais distante porção do meu país, dar uma imensa contribuição, ainda que de alguns reais.

Estes, e todos os dão-me seus olhos sua atenção, seus pensamentos: são os meus amigos, os meus companheiros e companheiras, não os homens importantes e poderosos com quem mais de 40 anos de vida política cruzaram meu caminho.

Com eles – com vocês – irei até onde resista.

Quem sabe, daqui a alguns anos, esteja escrevendo algo semelhante e falando em 30 mil textos publicados?

Não sei, ninguém sabe o que a cada um de nós verá quando o sol se levantar e ele se levantará por milhões de anos, ainda que poucos deles para nossos olhos sedentos de luz.

Quero apenas dizer obrigado, muito obrigado, a cada um dos leitores e dizer que este obrigado é um dever a que me imponho sem sofrimentos – mesmo nestas horas difíceis – de dizer o que penso.

E mais gratidão ainda, porque são vocês que me permitem levantar-me sem medo, na hora em que a vida de nosso povo e a dignidade de nosso país estão em grave perigo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fernando Brito:
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