Até agora, a referência ao passado, às experiências vividas, ao que foram os governos Lula e Bolsonaro, vem sendo – e é mesmo a realidade e a memória que norteiam a formação da decisão de voto de 90% da população.
Não apenas para Lula, mas também contra ele. Os anos de Lava Jato, são, afinal, o único “argumento” de Jair Bolsonaro contra a força avassaladora do progresso social havido no período do governo do ex-presidente.
Nesta reta final da campanha, porém, o diferencial – pequeno, mas decisivo – pode ser outro: a ideia que se forma na população sobre o que ocorrerá no país a partir da segunda-feira, 31 de outubro.
Como se comportarão os preços, os salários, os auxílios fartamente distribuídos, os cortes orçamentários nos serviços públicos de natureza social, como educação, saúde, habitação popular?
Mesmo entre boa parte dos que votam em Jair Bolsonaro, a impressão – diria quase um senso comum – é a de que, claro, passadas as eleições, não apenas a “bondade” oficial vai diminuir como haverá uma retomada – e forte – da escalada inflacionária. Aliás, alimentos e combustíveis já começaram, mesmo antes do voto, a dar sinais de embicarem para cima.
Ontem, a notícia da desindexação do salário mínimo (também da aposentadoria e benefícios, como o BPC e o seguro desemprego) à inflação foi, como era de esperar, desmentidos por Paulo Guedes.
Desmentidos, pero no mucho, porque disseram que seriam corrigidos pela inflação, mas de forma não-obrigatória. A inclusão do auxílio de R$ 600 no orçamento público para 2023.
Estamos diante de um ponto em que os argumentos morais ou ideológicos – necessários, porque trata-se de um monstro sob os dois aspectos – estao perto dos seus limites, tamanha a histeria e o fanatismo que se injetou na sociedade – tem de ser acompanhados do que todos percebem, mas não associam ao voto: a eleição de Bolsonaro desencadeará um processo de explosão dos preços e de redução da renda.