O ministro Miguel Rossetto, da secretaria-geral da presidência da república, mostrou, finalmente, a que veio.
A sua declaração sobre o seguro-desemprego reflete a verdadeira posição do governo, porque muito mais orgânica em relação ao PT e muito mais coerente em relação ao eleitor ideológico de Dilma, do que as gracinhas de Levy para a imprensa estrangeira.
Rossetto declarou: ninguém toca no seguro-desemprego. E qualquer mudança terá de ser discutida com as centrais sindicais.
As frases de Rossetto não bastam para dar tranquilidade total à classe trabalhadora, que gostaria de ouvir coisa parecida da boca da própria presidenta da república.
Até o momento, Dilma só participou de uma tertúlia com jornalistas da grande mídia, na qual tentou dizer coisas agradáveis aos ouvidos do baronato.
Mas revela que, após semanas de irritante silêncio, a ala esquerda do governo começou a se mexer.
A ala esquerda do governo é formada por Rossetto, Berzoini, Jacques Wagner, Aldo Rebelo, mais uns dois ou três e a própria Dilma.
Até o momento, tem se mantido de cabeça baixa, supostamente por entender que se trata de um governo de coalizão, com todas as dificuldades inerentes ao sistema democrático que vivemos.
A democracia é um sistema difícil, doloroso, lento, que permite a contradição interna.
Mas que permite um grau de liberdade e direitos humanos infinitamente superior a qualquer ditadura.
Na China, por exemplo, não tem papo. Se houvesse uma operação Lava Jato por lá, eles fuzilariam meia dúzia de executivos, e acabou.
Resolveriam tudo em duas semanas. As obras não sofreriam um dia de atraso.
Uma conspirata entre promotores e mídia, contra o governo, faria os chineses darem risada: dariam solução em 48 horas, prendendo os conspiradores, fuzilando-os e mandando a conta da bala para suas famílias.
A democracia tem seu preço, alto. É um sistema instável por natureza. A distribuição do poder para promotores, juízes, delegados, imprensa, produz núcleos conspiratórios que só não derrubam a democracia porque ela tem anticorpos. Os anticorpos são os contrapesos.
É o jogo de “checks and balances”, conforme definido por um dos teóricos fundadores da democracia moderna, Alexander Hamilton, ou freios e contrapesos.
O poder do judiciário compensaria o poder do executivo, e o poder do legislativo compensa o poder judiciário.
O problema, no Brasil, é a entrada da mídia, como um quarto poder, e a consolidação do Ministério Público, como um quinto poder.
Por causa disso podem ocorrer desequilíbrios, que são explorados por agentes econômicos poderosos, donos da mídia, para manipular a opinião pública.
No longo prazo, as coisas se resolvem.
No curto e médio prazo, no entanto, é preciso muita luta para compensar a desproporção extraordinária, no Brasil, entre o poder de comunicação de um reduzido setor da elite financeira, e o da maioria da classe trabalhadora.
Uma desproporção criada na ditadura, que o governo ainda não teve a competência e a coragem de procurar reduzir, o que se configura, cada vez mais, um erro trágico.
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Fernando, já mexeu. Levy já alterou as regras. Já mexeu. Dá para ter auto-crítica? Votei na Dilma, mas sou Brizolista - e você parece estar esquecido dos tempos em que também foi.
Foi o Miguel que escreveu o texto.
O Partido dos Trabalhadores-PT tera muito futuro pela frente enquanto a ala esquerda não morrer.
Parabens Miguel Rosseto. parabens Berzoini. paraberns patrus Ananis.
Basta de covardes!
Precisamos de pessoas de coragem com José Dirceu e o saudoso Gushikem.
Não fosse sua frase final, Brizola estaria se remexendo no túmulo. Desculpe, Fernando, mas discordo do seu texto. Não vamos tirar de Dilma a culpa que carrega por ser tão covarde e sem habilidade política. A história política recente do país está aí para ensiná-la como se comportar, mas prefere trilhar o caminho inócuo da contemporização.
FFBB, a esquerda venceu na Grécia e 'leva', parece que por aqui, ainda, tem-se que fazer o jogo dúbio, para inglês ver... http://refazenda2010.blogspot.com
É necessário construir uma alternativa real de esquerda para o Brasil, infelizmente o PT não possui mais envergadura para a tarefa, cada dia se parece mais e mais com o PSOE da Espanha, preso a estruturas de dominação que se mostra incapaz de enfrentar.
Acabou, não vai ser uma alazinha de esquerda dentro do partido que salvará a gestão, não há esperança no PT, temos que varrer da história o PSDB, PMDB e demais , mas para o PT caberá apenas uma página na história e não a tarefa de reescreve-la.
quero acreditar q ainda há esperança...
:-)
Votei no PT por JAMAIS votar nos PSDB.
Mas hoje eu digo abertamente, não acredito mais no PT e nos seus membros.
2018 vou de PSOL.
sou um dos que dizem, direta e francamente que o seguro desemprego nao poderá continuar com as mesmas regras que estava.
E que a mudança nao pode ser para alarga-las e sim rigidifica-las.
Esta faltando alguem de cima que diga em portugues claro o que de jeitinhos fraudulentos vem ocorrendo com esse dinheiro publico.
Acho que se o seguro-desemprego tem distorções ou necessita ajustes para melhorar o sistema, deve ser mexido sim. Assim como no caso das pensões. Tudo é passível de melhoria. Agora, se for para mexer apenas como parte de um pacote de ajustes, sem melhorar o sistema ou corrigir distorções, então deixa como está.
Dilma tem que aparecer para o povo. Não sei o que está acontecendo, por que deste silêncio e deste retiro. Isto enfraquece o governo. O que será que ela está esperando ? a lista do Janot ???
Por que não se fala em mexer no Bolsa Aluguel de deputados e juizes????
Sugiro como pauta para o PIG. Faça levantamento do Bolso aluguel de deputados e juizes.
Certeza que o judiciário é um sumidouro de dinheiro, assim como o legislativo e seus "assessores" em todas as esferas de governo. É bem por aí que o Brasil é sangrado. E é possível que os escândalos das propinas da Petrobrás seja café pequeno perto de toda a roubalheira legalizada que é o judiciário e o legislativo.
Vargas, basta analisar e pesquisar o que é reservado no Orçamento da União para pagamento de precatórios, aí sim, é um rio de dinheiro sem controle, onde o judiciário(juiz) paga a quem lhe convier.
Não existe um controle, o judiciário(Federal e Estadual) não tem quem os vigie(precatórios), esse é um dos ralos.
UMA AGENDA DE ESQUERDA
O Governo deu uma guinada à direita na economia. Esses ajustes certamente eram necessários, mas não conquistam 1% de apoio dentre aqueles que votaram contra o PT nas eleições passadas. As medidas, porém, tem o dom de fazer ruir boa parte do apoio que veio das esquerdas e do eleitorado de centro, a “insondável” Classe C. Como elo fraco da corrente, essa massa eleitoral, mais concentrada no Centro-Sul do país, precisa de quem a defenda, ajudando o governo a reconquistá-la. Os textos acessíveis a partir do link abaixo propõe uma agenda de esquerda, com propostas para informação, saúde, educação e reformas urgentes que o Brasil precisa. Recomendamos a leitura.
http://reino-de-clio.com.br/Pensando%20BR.html
Se Dilma ainda fosse de esquerda a "leviandade levytica" não existiria no seu governo.
Ela nunca foi de esquerda de verdade.
Dilma é de centro direita.
FALAR ISSO É UM CRIME. POR ISSO TUDO, ESTOU JOGANDO OS BLOGS NA MESMA LIXEIRA DOS PORCOS, DIGO PIGS
1) Miguel e Fernando respeitam o contraditório honesto.
2) Parece que a presidenta está, desde o seu primeiro governo, enfrentando as forças de direita capitaneadas pelo vice-presidente. E ela sabe disto. Avaliem os movimentos feitos no tabuleiro político. E é preciso fazer isto com as portas abertas para que o povo veja quem quer destruir a democracia.
Abrir guerra só vai resultar em perder o governo e o vice-presidente está aí mesmo para assumir o governo junto com o PIG e vender tudo o que é nosso, acabar tudo o que foi feito para ter um Brasil para todos.
É preciso estudar e conhecer os inimigos da democracia para que haja mudanças reais e duradouras.
Paciência e perseverança são necessárias na luta política. Fora isto, só existe o caos. Eu não quero o caos e o povo brasileiro penso que também não. Nossa história política mostra isto.