A babaquice do metrô e a babaquice da mídia

Não tenho conhecimento – corrijam se houver alguma – de qualquer obra de construção de metrô especialmente feita para acesso de torcedores aos estádios nos jogos da Copa.

Onde já há metrô podem ter sido feitas algumas passarelas ou vias de ligação, mas se existem algum caso de conexão metrô-estádio da Copa é o de São Paulo, onde o local escolhido para construir o estádio é próximo de duas estações (Corinthians-Itaquera e Artur Alvim) e não o contrário.

Logo, a declaração de Lula foi absolutamente metafórica, sem nenhuma relação com alguma exigência deste tipo sobre estádios.

Qualquer repórter ou pessoa presente, como eu estava, no encontro de blogueiros hoje, em São Paulo, entendeu o que Lula queria dizer:  que se fica atrás de um perfeccionismo que não é, absolutamente, o desejo de um espectador de um jogo de futebol, ainda mais de jogos que serão, todos, televisionados.

O torcedor de uma Copa do Mundo quer, sim, conforto e segurança, mas quer essencialmente futebol e festa, os dois ingredientes de um torneio mundial.

E quer hospitalidade no país que estão visitando, conhecer seus hábitos e cultura.

Mas a “coxice” da imprensa brasileira pegou a frase e a isolou, para que parecesse um desprezo de Lula pelo transporte público, numa fala em que ele, diversas vezes, destacou os investimentos em mobilidade urbana.

Curioso é não ler nestes jornais o absurdo que é, por imposição da  Globo, termos jogos no meio de semana se iniciando às 22 horas, para terminarem por volta de meia-noite, proscrevendo dos estádios o torcedor humilde, que mora na periferia e trabalha cedo no dia seguinte. Ou o “assado” que se faz obrigando times de futebol e torcedores a derreterem, no verão, em jogos marcados ainda com o sol a pino, para atender ao horário que convém à Rede Globo.

Aí não é babaquice, é sacanagem, mesmo e não são muitas as vozes que se levantam contra esse absurdo.

Se algum erro cometeu Lula foi o de não praticar a hipocrisia tão comum neste país.

E de não se cuidar de uma imprensa que não é capaz de ouvir um discurso senão à espera de algo que possa ser explorado de forma sensacionalista, fora do contexto e do sentido em que foi dito.

PS. Gravei quase todo o discurso de Lula e pretendia colocá-lo em partes aqui no blog. Mas um cabo defeituoso do Ipad (este que aparece na foto do Ricardo Stuckert ) onde foram capturadas as imagens me impediu de faze-lo. Tento de novo amanhã, ok?

Fernando Brito:

View Comments (34)

  • Fernando
    Pra quem não esteve no evento como eu ficou no ar.
    Qual foi a frase dita pelo Lula?
    Qual foi o texto que a mídia mais uma vez falsificou?
    Abç

  • O melhor vídeo comparativo entre governos é este de Marcelo Adnet, feito em 2010

    Inteligente, mordaz, divertidíssimo, Marcelo Adnet dá um show e mostra este Brazil com vergonha do Brasil.
    Gravado em 2010, quando Marcelo ainda estava na MTV, o vídeo ainda dá pistas do que acontece agora, quando, ao final, ele avisa que tem que ir para uma reunião onde estão planejando um golpe para 2014...

    Por jornalista Antonio Mello

    FONTE: http://blogdomello.blogspot.com.br/2014/05/o-melhor-video-comparativo-entre.html

      • Valeu, Messias. Assisti e postei no Face. É realmente sensacional e diz tudo. Parece que estamos vendo o Ali K. discutindo a pauta do JN com seus asseclas. Mas este "Brasil Privado" eles não terão mais, no que depender do povo Brasileiro!

        • O Golpe no Brasil está se tornando um evento como Copa do Mundo e Olimpíadas, de 4 em 4 anos e a Globo é como a FIFA e o COI, que organiza o golpe.

  • ... E eu vou é a pé! Viva o Lula! Eu moro pertinho da Arena Fonte Nova, Salvador-Ba! É só descer a Ladeira da ‘Fonte das Pedras’, e pimba: cheguo na Arena! E vou vestido com a camisa do meu Bahia! Viva a Dilma, A MAGNÍFICA!... De bermuda e camiseta, êta Copa do Mundo porreta!..

  • Errata desprezível: ... chego... em vez de ...‘cheguo’...

    • hahaha, boa Messias, cada vez sou mais fã dos seus comentários, com cheguo ou chego. Eu, já irei pra casa de amigos fazer um baita churrasco aqui no interior de sampa e assistir pela tv os jogos do meu Brasil, Brasil da Dilma e do Lula, minha Presidenta e meu sempre Presidente!

      • Prezado e generoso Pedro,

        a cada gol do Brasil, espantaremos as assombrações do passado nefasto!

        Felicidades!

        BRASIL (QUASE-)NAÇÃO [depende de nós enquanto ações e reações!]
        Bahia, Feira de Santana
        Messias Franca de Macedo

    • Messias Franca de Macedo, e o Povo Bahiano que conheci e guardo no coracao. Fala Messias nosso Rei.

      • Prezado e generoso Jeremias,

        sou um mero proletário da Bahia!

        E a luta continua! Mesmo porque o embate contra o fascismo é interminável! Continuemos, pois, pintados para a guerra!

        Abraço fraternal!

        BRASIL (QUASE-)NAÇÃO [depende de nós enquanto ações e reações!]
        Bahia, Feira de Santana
        Messias Franca de Macedo

        • Prezado Messias,

          Seus comentários são impagáveis; verve criativa à toda prova! Gostaria de segui-lo no Twitter, se me permite.

          Abraço de um conterrâneo,

          Zenith

          Vitória da Conquista - BA

          P.S.: #VaiTerCopaSim

  • LULA, o meu querido Presidente pode falar o que quiser, desde que irrite, traga brotoejas, urticaria ou coisa parecida para direita.
    No mais, são coisas para o final de semana da mídia solitária..

  • nosso presidente lula botando as coisas nos devidos lugares, com essa midia facista tem que ser tratada dessa forma e mais esses contratos com a globo tem que serem revistos pois trazem transtornos as familias e prejuizos ao pais no que tange a horarios de funcionamento de metros e segurança publica, nao devemos ter receios de colocarmos em discussao com a sociedade mesmo indo ao encontro de grupos de interesses privados.

  • Dilma & Gianca

    Me pedem a opinião sobre a visita de Giancarlo Civita, o Gianca, a Dilma.
    Minha resposta cabe numa frase curta: perda de tempo.
    Dilma, para a Veja, será sempre o “neurônio solitário”, como a chama Augusto Nunes, o gênio cosmopolita de Taquaritinga ganhador de Nobeis e Pulitzers.
    Tive a fugaz esperança de que a Veja se modernizasse mentalmente depois da morte de Roberto Civita, com Gianca e seu irmão Titi, até pela idade.
    Mas aconteceu o contrário. A revista conseguiu piorar.
    Um exército de seguidores de Olavo de Carvalho tomou a revista: Rodrigo Constantino – quando darão o Nobel de Economia a ele? –, Felipe Moura Brasil e Lobão. Fora eles, a revista tem há tempo um filho espiritual de Olavo, Reinaldo Azevedo.
    Olavo de Carvalho comanda hoje a Veja.
    Seria mais útil, caso Dilma quisesse discutir questões de conteúdo – defender que tem mais de um neurônio, por exemplo –, chamar diretamente Olavo de Carvalho para uma conversa.
    Com Gianca, se eu fosse Dilma, levaria a conversa para outra direção. Trataria de uma coisa chamada gratidão. Gratidão não com Dilma, não com o PT, mas com o Brasil.
    O avô de Gianca, Victor Civita, era um ítalo-americano absolutamente inexpressivo quando, com mais de 40 anos, na década de 1950, veio tentar a sorte no Brasil.
    Victor Civita veio para fazer gibis da Disney. Encontrou um país acolhedor para imigrantes como ele e fascinante para um candidato a empreendedor.
    Fez gibis e depois revistas.
    Jamais ele teria chance nos Estados Unidos, que abandonou para vir para o Brasil. Revistas nos Estados Unidos eram coisa para homens brilhantes como Henry Luce, que inventou a Time.
    Mas o Brasil estava em construção, e Victor Civita pôde erguer – sem ser um editor como Luce, sem ter escrito um único artigo na vida – um império de mídia.
    O Estado ajudou. A Abril obteve, como todas as empresas de mídia, múltiplos financiamentos do BNDES a taxas de juros maternais.
    O dinheiro do contribuinte foi também transferido para a Abril, ao longo de muitos anos, por publicidade oficial que pagava tabela cheia quando todos os demais anunciantes já conseguiam expressivos descontos.
    Para você entender: uma página dupla da Veja custava, para qualquer anunciante privado, x reais, ou cruzados, ou cruzeiros novos, ou o que fosse. Para o governo, custava duas ou três vezes mais.
    Testemunhei isso em meus anos de executivo na mídia.
    Com uma mistura de senso de oportunidade e mamatas, Victor Civita fez uma empresa tão grande que ele pode dividir em duas e dar uma fatia a cada filho – Roberto e Richard — no começo dos anos 1980.
    O Brasil continuaria a mimar os Civitas. Quando a globalização se instalou no mundo e no Brasil, um dos raríssimos setores que continuaram a gozar de reserva de mercado foi a mídia.
    Já escrevi algumas vezes que, numa defesa da Globo à reserva, foi dito que uma televisão chinesa poderia nos transformar em maoístas subversivos, caso o mercado fosse aberto e os chineses investissem em tevê.
    Gianca e Titi nunca chegaram a trabalhar duro, e em certos momentos simplesmente não trabalharam. Mesmo assim, estão – como mostra a revista Forbes – entre os brasileiros mais ricos, com a morte de seu pai.
    São cerca de 60 anos de Civitas no Brasil. Não sei exatamente o que deram em troca para o país, assim como não sei o que a Globo ou a Folha deram. (Tenho para mim que teriam lutado contra a desigualdade se tivessem uma missão que fosse além dos interesses privados.)
    Mas todos sabemos o que o Brasil fez por eles.
    E como o Brasil é tratado?
    Se fizer uma arqueologia, leia o que escrevia sobre o país Diogo Mainardi. Se quiser ser atual, consulte Reinaldo Azevedo. O Brasil é a “Banânia”.
    Sabemos todos quanto é deletério convencer uma pessoa de que ela é um horror. O mesmo vale para um país. Você não precisa inventar elogios para uma pessoa ou para um país. Mas também não precisa inventar insultos.
    Penso que a única maneira de dar alguma utilidade a uma conversa com Gianca seria essa. Dilma poderia resumir seu encontro com Gianca numa única questão: “Caramba, Gianca, você conhece uma palavra chamada gratidão?”

    Postado em 15 mai 2014por : Paulo Nogueira

    O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

    FONTE - http://www.diariodocentrodomundo.com.br/dilma-gianca/

  • As estações de metro próximas dos estádios fecharão nos horários e data dos jogos por motivos de segurança. Ninguém sabe disto?

  • É Lula, não fez o prometido, o minimamente aceitável no século 21, então agora ridiculariza e menospreza.

  • Tirar palavras e frases do contexto e fazer uma "reporCagem" com tal manipulação é o arroz e feijão da mídia nativa. Até aí, nenhuma novidade.

    A novidade é o recrudescimento dos ataques a Lula e aos blogs pela velha mídia. Ela está com medo dos blogs e da tão necessária democratização da mídia. Parece que o PT finalmente percebeu que a mídia não quer diálogo, mas sim, guerra. Então, vamos à guerra contra a mídia!

    Propriedade cruzada dos meios de comunicação é algo tão anacrônico como uma máquina de escrever. É um "volume morto" da ditadura que já deveria ter sido enterrado!

    Espero que não seja tarde!

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