A batalha de Bolsonaro está perdida, ainda que “vença”

Com bom “mau militar”, Jair Bolsonaro desconhece regras básicas de combate também na política, porque militares definem muito bem qual é o objetivo de cada missão, comprometem seus homens com esta conquista cuidam de rotas para refluir se as coisas não correrem como se imagina.

Ao armar um ataque com todas as suas forças no Sete de Setembro, caiu na armadilha do “vencer ou vencer” uma batalha impossível de ser ganha.

O que ele espera, que Alexandre de Moraes e Luiz Roberto Barroso saiam, de mãos erguidas, do prédio do Supremo e prometam fazer tudo o que seu Mito mandar? Que Rodrigo Pacheco surja à rampa do Congresso e anuncie que os vai “impixar”? Que os donos dos postos dee gasolina baixem o preço do litro para 3 reais e os supermercados anunciem feijão a este preço?

Ou que desça uma coluna de tanques – com ou sem fumaça – apontando seus canos contra os prédios do Legislativo e do Judiciário?

Nem os chifres daquele maluco que invadiu o Capitólio poderiam alcançar tais nuvens de delírio.

Mas é assim: 5 mil, 100 mil ou duzentas mil pessoas, na Esplanada ou na Paulista não mudarão a realidade, a menos que isso desborde em violência e, neste caso, para pior.

Mesmo dois bocós como Luiz Fux e Rodrigo Pacheco terão de reagir a vidraças quebradas se isso é resultado de um ato patrocinado, como é, pelo Presidente da República. Às Forças Armadas, basta a imobilidade para frustrar uma aventura, com um eloquente silêncio.

Exceto os mais obturados, a maioria dos oficiais generais sabe que dar ou sustentar golpes de Estado dependem de conjunturas, de apoio da opinião pública, da imprensa, de forças políticas civis organizadas, de apoio parlamentar, de sustentação no Judiciário e de simpatias estrangeiras, e que tudo isso falta, hoje, a Jair Bolsonaro.

O resto é coisa de maluco, feito aquele tenente-coronel Antonio Tejero, que invadiu o parlamento espanhol em 1981 com 200 guardas-civis e saiu dali para a cadeia no dia seguinte.

Jair Bolsonaro, ao convocar um ato com cara de “ultimato” ao Judiciário, teria de atingir seu objetivo de alcançar poderes absolutos e isso não ocorrerá.

Daí o dilema em que está: longe demais para recuar, está sem saída.

A não ser que apele, como está na moda, para um atestado médico. E de médico não psiquiatra.

 

 

 

 

 

Fernando Brito:
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