Como a gente sempre adverte aqui, as previsões dos agentes financeiros contidas no Boletim Focus são uma espécie de ajuste “slow motion” do que está acontecendo na economia.
Semana passada, previa-se 9,33% na média e 9,46% nas estimativas colhidas ao longo da semana anterior. Agora, são 9,77% (a 32ª semana m alta) e 10,1% nas estimativas recebidas nos últimos 5 dias úteis.
Será algo em torno disso, portanto, o valor estimado para a inflação nos 12 meses de 2021 e, provavelmente, algo bem perto de 5% para 2022, E, como sempre, naquela categoria do “por enquanto” típicas de um país que ingressa numa crise.
Pois é a mesma tendência que assinala o fato do IBC-BR, a famosa “prévia do PIB” estimada pelo Banco Central indica: a queda de o,14% no terceiro trimestre (e menos 0,27% em setembro), após uma retração de 0,35% no segundo trimestre. Embora ainda acumule uma alta de 5,88% nos nove primeiros meses do ano, este número deverá cair para pouco mais que 4%, com um último trimestre morno este ano, em lugar do “esquentamento” verificado no final do ano passado.
Ainda é mais exato descrever como estagflação – crescimento nulo, inflação alta – do que como uma recessão, mas não restam muitas dúvidas que é para ela que caminhamos, e rápido. As previsões de crescimento do PIB para o ano que vem despencaram à metade (de 2% para 0,93%) em três meses e é esperado que, em um mês e meio, até o final do ano, reduzam-se novamente à metade (0,5%).
Até o presidente do Banco Central, posição da qual se exige otimismo, acha que “a inflação acelerou e teve piora tanto quantitativa quanto qualitativa” e que crescimento baixo e inflação e juros altos fazem com que se deixe “de ter uma coisa sustentável pra ter uma coisa explosiva”na economia.
E eleição presidencial, num quadro assim, é nitroglicerina pura.