O velho Brizola sempre dizia que o meio, muitas vezes, determinava o fim, ao contrário do notório “o fim justifica os meios”.
A carta da Ministra Marta Suplicy – que só sai no dia em que, justamente, pede-se a todos os ministros o gesto cortês de pedirem sua exoneração, para que Dilma Rousseff monte sem constrangimentos o ministério de seu segundo governo – é uma destas coisas cujo único sentido político é apequenar a sua autora.
O exercício de um cargo político, de confiança, obriga a quem o ocupa.
Quem não quiser ter o comedimento e o respeito que merecem aqueles que nos colocaram nesta condição, que não o aceite.
Aliás, se Marta quisesse, já senadora outra vez, subir à tribuna para desejar que Dilma esteja ” iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo” não seria nada demais, apenas a manifestação de uma parlamentar sobre os rumos do governo.
Mas uma ministra de Governo pedir que se “resgate a credibilidade” do Governo que integra é, além de contraditório, estúpido e grosseiro.
Foi, se me permitem a metáfora, o “colar de tomates” de triste memória da apresentadora Ana Maria Braga.
Um exibir grosseiro de crítica que não tem coragem de assumir honestamente.
Mas o gesto é tolo, sobretudo, porque foi ela, Marta, quem desferiu com ele o pior golpe em sua própria credibilidade.
Nem entro no mérito de seus eventuais desentendimentos com Dilma.
Pode ou não ter razão, embora seu nome esteja longe de ser uma unanimidade na área cultural, depois destes anos de ministério, ao ponto de, durante a campanha, em reuniões com o setor, a presidenta ouvir coros de “Volta, Juca”, referindo-se ao ex-ministro da Pasta, Juca Ferreira.
Marta, porém, sai se oferecendo para o conservadorismo, sugerindo caminhos não para a Cultura, mas para a “equipe econômica”.
Quem acha que isso corresponde à posição que Lula possa ter na escolha do futuro ministro da Fazenda, está redondamente enganado.
É apenas ânsia da senadora a, de volta ao Parlamento, ocupar o lugar que Eduardo Suplicy deixou vago como petista sempre pronto a concordar com a oposição.
Há um pequeno detalhe a separar esta postura de Marta daquela que tem Lula, muito mais do que qualquer nome que venha a ser indicado.
Chama-se ética.
Lula é um simples “da Silva”, não é um Smith de Vasconcellos Suplicy e não estudou no chique Colégio Des Oiseaux nem no Sion, onde, ao que parece, não se ensina a velha expressão noblesse oblige.
Mas tem modos democráticos que faltam à ilustre senadora por São Paulo.
Aliás, que, ultimamente, parecem faltar a toda a elite paulistana.
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Só ta querendo causar...
tá querendo virar notícia e ser ovacionada pela mídia porca...
deixa ela...
não vai fazer falta não...
Pode não ter sido igual, mas foi outra Marina!! Ela está se vendendo pra quem, hein?
Por isso digo: ao invés de ficar com mimimi porque Dilma não compareceu à festa do Mino, vamos é nos preparar pra combater o inimigo. Ele está aí e está com sede. Agora é a hora de apoiarmos nossa presidenta. Ou não?
Apoiadíssimo!!!!
Abaixo os mimimis. Vamos, juntos, construir uma nação!
Marta Relaxa e Gozá Suplicy é apenas recalque e mágoas. Um zero à direita e esquerda. Como disse Ciro Gomes, o PT precisa de boas companhias. ..
Meu Deus o que virou o PT? Quantos neste partido denegriram sua história e caráter por causa de mesquinharia e sede de poder? Marina Silva, foi outro exemplo. Sou PT mas é nessas horas que agradeço que a linha de Dilma seja mais PDT do que PT.
Olá Marcio,
Peço licença para dois comentários:
1) Não acho justo dizer que a Dilma é mais PDT só porque ela já foi deste partido. Ela está no PT a muitos anos, muito nos honrando. Que eu saiba, quem é mais PDT é Lupi, Miro Teixeira, por aí. Sem comparação.
2) Porque "denegriram" e não "branquearam"? Parece preconceito associar "negros" a coisa negativa.
Concordo totalmente, sem essa de PDT , Dilma é 100% PT para o bem e para o mal.
Outra questão é esse fenômeno do "branqueamento", digamos que seja associado ao alinhamento com o pensamento eugenista do PIG, onde para eles só há um caminho.
"Branquearam", Osmarina, Zé Cardoso,Eduardo Suplicy ( diversas vezes), Bernardo Plim Plim e agora Marta ( entre tantos traíras ).
O PT pode ser o único partido do mundo a implodir por ter chegado ao poder, sem dúvida, o partido precisa escolher melhor suas companhias.
Está aí o caso de uma ausência que preencherá uma lacuna, como dizia o saudoso Stanislaw Ponte Preta (ou foi Millor Fernandes?).
Não vai fazer falta alguma. Vai voltar para o senado para rivalizar com o Serra, com quem ela tem uma relação de amor e ódio.
Em 2016 tentará ser candidata a prefeitura de São Paulo. Vai insistir nas prévias. Haddad ganhará. Ainda bem. A avaliação de Fernando Haddad em São Paulo ainda é baixa, mas está em processo de recuperação. E, alem do mais, aonde já se viu, o prefeito da maior cidade do país não ter direito de disputar a reeleição para satisfazer os caprichos dessa senhora?
E Marta? É um legítimo cavalo paraguaio. Não ganha eleição mais em São Paulo nem pra síndica de condomínio. Começa na frente porque é mais conhecida que todo mundo, mas despenca assim que bota a cara na TV. Não tem carisma e tem fama de arrogante. Ponto. Parágrafo.
Então Daniel, é um Celso Russomano de calças. É o tipo politíco que cospe no prato que comeu, toda carreira feita através do PT, agora o partido não serve mais,simplesmente porque não apoia suas ambições pessoais.Tá agindo igual a fada da floresta.
Esculachou com classe. Merecido, aliás.
Taca-lhe o pau, Fernando!
O principal culpado nesta estória, e o próprio governo e o PT. Por colocarem uma tucana no partido do PT e no governo. Bom, quem mantém como ministro da justiça o Sr. Eduardo Cardoso, não precisa dizer mais nada, não é mesmo?
Fernando, perfeita sua colocação, Brizola soube escolher.
Bobagem, Brizola também escolhia mal pacas. Ele escolheu César Maia, ele escolheu Garotinho...
A Dilma e o PT vão passar por sérias turbulências com a o "caso Petrobrás". Estão preparando um golpe duríssimo para a Dilma. Os vazamentos das delações não param. Só se noticia, desde a reeleição, a possibilidade do impeachment dela todos os dias, claro, para tornar o assunto palatável e ir fazendo o povo a se acostumar com termo e entender melhor como funciona e a motivação do processo.
Estão fazendo um verdadeiro trabalho de "catequese" para, depois, partir para o golpe final. Vao envolve-la diretamente nos mal feitos e sobrará para o LUla também, pois não querem mais a influencia dele sobre o povo. Querem acabar com o PT pela raiz. Se o trabalho for bem feito Dilma não cairá jamais, mas muitos parlamentares que estão aí hoje é que vão perder os seus cargos. O PMDB e PSDB são maioria nessa lambança toda,aliás, estão articulados contra a Dilma. Estão acuados pela expressão "nao ficará pedra sobre pedra".
O judiciário rasgou a toga faz tempo, desde AP470. Provas? Que provas? A teoria do domínio do fato é a tábua de salvação "deles". Foi criado o "mensalao" para derrubar o Lula - nao conseguiram, mas ficou a teroria maldita para pegar Dilma.
O casal Suplicy é e sempre foi oportunista. Eles sabem que o que vem pela frente, que, além de um golpe sujo, irá sacudir o país como nunca. Eduardo traiu primeiro,agora Marta "gratuitamente" anuncia a sua demissão, que, inclusive, aconteceria naturalmente mais adiante. Estão sinalizando que estão a disposição de quem quiser.
Dilma não é Collor. Esse nosso judiciário não é sério e os conservadores não suportaram não retornar ao poder.
O povo está cansado de tanto bombardeio, tantas armações..
De crise em crise a oposição vai deixando o povo doente dos nervos e de saco cheio de tanta especulação, ameças e denúncias de desvios de dinheiro. Só se fala nisso. O povo já nem sabe ao certo da onde vem o tiro.
A oposição vai vencer pelo cansaço, é isso?
Esta faltando pouco para o "contraponto" contra o impeachment ter que ser nas ruas. E ái? Quem vai apoiar e enfrentar a polícia contra uma barbaridade dessas?
Isso se o Paulo Roberto Costa e o doleiro, qualquer dos dois, não sofrer uma "morte morrida", porque aí, sim, Dilma cai em queda livre e ninguém segura. Até provar que "focinho de porco não é tomada", já a terão derrubado.
A oposição que está aí unida com os interesses por detrás não tem escrúpulos e está no desespero de perder tudo - "cargos, poder e dinheiro". E a PF do zé? Bem, o zé e muitos da PF quer que a Dilma e o PT se explodam, junto com o povo, claro.. O que ele quer mesmo é ser ministro do STF para somar ao gilmar mendes, afinal, eles tem a mesma natureza. O joaquim Barbosa é dessa laia.
Direita já trama golpe "paraguaio"
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Duas semanas após Dilma Rousseff ter sido reeleita pela vontade de mais de 50 milhões de brasileiros, colunistas da mídia tucana já falam em “impeachment” como se estivessem falando do clima, ou seja, com a maior naturalidade.
O pior de tudo é que nem de longe há causa para sequer cogitarem uma coisa dessas. O que chega mais perto de um motivo é matéria com a qual a revista Veja tentou interferir no segundo turno da eleição presidencial e que, de tão fraca, jogou sobre a revista o peso da lei eleitoral, com multa e direito de resposta contra a publicação.
O motivo, porém, não importa. A direita midiática conseguiu ampliar sua força no Congresso e, através do maior número de congressistas, espera que a sedição no PMDB, capitaneada por Eduardo Cunha, seja suficiente para que os derrotados na recente campanha eleitoral consigam no tapetão o que o povo lhes negou nas urnas.
Para que o leitor possa mensurar a sem-cerimônia com que a mídia tucana já fala sobre o golpe, reproduzo, abaixo, trecho de matéria do recém demitido colunista da Folha de São Paulo Fernando Rodrigues, que continua escrevendo para a família Frias no UOL.
Note, leitor, que, nos primeiros sete parágrafos da matéria, o autor cita duas vezes a palavra “impeachment”. E no resto da mídia tucana se dá o mesmo, nos artigos de opinião e até em reportagens.
O termo “Impeachment” virou uma bomba semiótica. Quanto mais falarem no assunto com essa ligeireza, mais ele se tornará “palatável” e “corriqueiro”.
Além disso, a possível eleição de Eduardo Cunha como presidente da Câmara seria a garantia de que a oposição, vitaminada pela dissidência do PMDB, impediria a presidente da República já no primeiro semestre de 2015.
Por conta disso, a mídia vem transformando um aumento de 3% na gasolina e de 0,25% na taxa Selic em “estelionato eleitoral”. E, em breve, recomeçarão acusações e capas de revista semanal e de jornais na mesma linha do que foi feito pela Veja 48 horas antes da eleição presidencial em segundo turno.
As imagens de “estelionato eleitoral” e de “envolvimento de Dilma na corrupção da Petrobrás” tentarão produzir um clima propício ao “golpe Paraguaio” – alusão ao golpe de estado que o congresso paraguaio deu ao impedir o ex-presidente Fernando Lugo em um processo que durou 48 horas.
É muito difícil dizer, neste momento, o que ocorrerá no Congresso. Na Câmara há uma rebelião da base aliada, apavorada com os desdobramentos da Operação Lava-Jato, que, segundo dizem fontes não-oficiais, tem potencial para implicar uma centena de deputados tanto do governo quanto da oposição.
Muito do que está sendo cogitado sobre “impeachment” tem intenção de intimidar Dilma para que ela faça o que não tem como fazer: brecar as investigações.
Dilma, aliás, não pode fazê-lo porque não tem esse nível de controle sobre a Polícia Federal, sobre o Ministério Público e sobre o judiciário. E não mandaria abafar as investigações nem se pudesse.
A possibilidade de negociações no Congresso para contornar a rebelião da base aliada não é das melhores, portanto.
Por outro lado, não se tem, ainda, o novo Congresso em atuação. Só após a posse dos novos congressistas será possível tomar o pulso da Casa.
Claro que derrubar um presidente filiado ao maior partido do Congresso não seria fácil. Até mesmo o capital sabe que um processo como esse, que se arrastaria por meses – felizmente, aqui não é o Paraguai e um processo de impeachment demoraria meses para tramitar – iria afundar a economia brasileira. Os negócios seriam paralisados à espera do desfecho e por conta da imensa incerteza que se implantaria.
Contudo, a sabotagem da economia que a mídia vem praticando desde o ano passado, promovendo um bombardeio de saturação de pessimismo que fez os investimentos secarem, mostra que a direita midiática prefere afundar o país a ficar mais quatro anos na oposição.
Se eu fosse Dilma, Lula e o PT, portanto, neste momento estaria tratando de mobilizar os movimentos sociais e sindicais, bem como partidos de esquerda que, ao fim do processo eleitoral, perceberam que a direita mais fascista que infesta o Brasil está disposta a estuprar a vontade popular e jogar no lixo os votos da maioria.
Pelo andar da carruagem, só uma intensa mobilização das forças democráticas da Nação pode fazer frente ao movimento golpista que já se articula à luz do dia.
Como já foi dito anteriormente neste Blog, a Procuradoria Geral da República e o Supremo Tribunal Federal até podem barrar uma aventura golpista como a que está sendo desenhada, mas tudo vai depender do clima que conseguirem criar no país.
Desse modo, se não houver, já, um movimento legalista que repudie com veemência o golpismo tucano-midiático-parlamentar, a infecção vai continuar crescendo.
A você, leitor e companheiro de jornada, rogo que não se acomode. O Brasil está vivendo um clima cada dia mais parecido com o de 1964, com a diferença de que, desta vez, cogitam usar uma nova modalidade de golpe, dado em países como Honduras ou Paraguai.
A sobrevivência da democracia que este povo reedificou a duras penas ao longo de mais de duas décadas de luta depende de não nos desmobilizarmos. E de Dilma, Lula e o PT agirem antes que o monstrengo golpista cresça demais.
De minha parte, estou disposto a lutar até onde for necessário. E você?
Baboseiras do PIG devem ser tratadas como baboseiras do PIG, nada mais.