Não é só a crise de preços no Brasil, é a crise brasileira num momento de apreensão mais do que aguda de uma crise mundial.
Uma crise de energia na China, levando a interrupções na energia elétrica nas cidades e grandes parque fabris que, como todos sabem, são a origem de produtos e partes industriais de todo o mundo; uma crise brutal de gás para aquecimento às portas do inverno europeu, que se prevê severíssimo, impasse com as contas públicas norte-americanas, ao ponto de Jamie Dimon, presidente do JP Morgan, maior banco dos EUA dizer à CNN que está “se preparando para um possível default” do país, ainda espere que o Congresso evite esse evento “potencialmente catastrófico” elevando o teto da dívida.
Esse quadro, somado à incerteza fiscal e política do país, está mantendo um desequilíbrio cambial que pressiona os preços muito além do previsível problema dos combustíveis.
Hoje, dia de fechamento da taxa média de câmbio do mês e depois de uma semana praticamente toda em alta forte, esperava-se um alívio no dólar que, até esta hora, não aconteceu, com a moeda norte-americana acima de R$ 5,45. Pode até ser que baixe um pouco – há muita especulação – mas ele seguirá alto, enlouquecendo a estrutura de preços internos, já perdida em meio aos aumentos generalizados.
Um levantamento de preços realizado pela Confederação Nacional do Comércio com 15 produtos de consumo básico na semana passada encontrou o mesmo produto, dependendo do ponto de venda, com variações de preço gigantescas, algumas acima de 400%, como você vê na tabela de preços publicada pelo site Poder360.
A inflação anual de dois dígitos provoca sintomas assim: aumenta-se preços mesmo que não haja igual elevação de custo, porque supõe-se que essa, inevitavelmente, acontecerá. Serviços e facilidades são cortados: frete cobrado à parte, redução de quantidades em embalagens, cobrança do que era gratuito (moer a carne, por exemplo) e muitos outros ‘jeitinhos’ para embutir aumentos.
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