Os analistas de economia jogam na crise política do governo Bolsonaro a culpa do desastre econômico que vive o Brasil.
Hoje, Miriam Leitão escreve que a nova queda forte na previsão do PIB é resultado da crise política.
Não penso assim, embora, claro, reconheça o óbvio: que os desacertos – vá lá a expressão suave – deste governo agravam o quadro econômico.
Mas não são o seu determinante.
Antes, o contrário: é a estagnação da economia, o avanço no desemprego, a perda de arrecadação e a falta de rumos da política econômica que deixam o governo na situação de “sustentar no gogó” o apoio público de que precisa. E como o “gogó” em tela é autoritário, grosseiro e ideologicamente viciado, aí é que a politica vai para o brejo.
Com o reaquecimento da economia, depois de anos de recessão e estagnação, Bolsonaro estaria nadando de braçada, sob a lenda de que a “moralização” militar do governo tinha sido a causa da retomada econômica.
Convenhamos, o “Mito” tinha todas as condições de impor um programa econômico forte, pelo seu descolamento pessoal com as forças estruturais do “mercado”, algo que jamais teriam, por exemplo, os tucanos ou o DEM de Rodrigo Maia.
Mas nada disso aconteceu e, afora o ataque à Previdência, o “Posto Ipiranga” nada apresentou em matéria de propostas ou ações para o reaquecimento da economia. Ao contrário: paralisou ou cancelou investimentos, saiu a catar o pouco crédito disponível em instituições financeiras públicas – BNDES, Caixa e BB – para reduzir o déficit das contas públicas, cortou verbas de custeio por toda a parte, inclusive no explosivo campo da Educação e focou todo o projeto econômico do governo da reforma da Previdência que, mesmo se aprovada nos termos ferozes em que se a propôs, não traz alívio de curto prazo, apenas a perspectiva de que o paciente sobreviverá mais tempo à drenagem das sanguessugas.
Criou-se uma falsa expectativa de reversão das tendências econômicas que já se delineavam no ano passado pelo avanço da reforma previdenciária e, portanto, não se culpe a tramitação da proposta – complicada em qualquer conjuntura política que se imagine – pelas decepções visíveis.
E o buraco foi ficando – e vai ficar – cada vez mais fundo. E, como é inevitável, crises econômicas sempre levam à radicalização política. Governos só escapam delas se sinalizarem claramente que a estão enfrentando.
Os “malucos” do bolsonarismo, não fosse a crise que vai se agudizando, estariam mansos em seus delírios. Sua radicalização provém da percepção, da qual não são desprovidos, do crescimento da insatisfação com a situação do país.
Até para os estúpidos é a economia a chave da equação política.
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A globo é a raiz de tudo isso com o seu ódio ao povo.
Miriam é a musa da desgraça. Devia estar contente.
Ironias do destino... Em 2015 criaram artificialmente uma crise econômica para gerar a crise política que viria a depor Dilma. Agora vem a Leitão com essa conversa de que "a crise política resulta na econômica"... E quatro anos atrás o motivo não era o mesmo?
Precisamos de líderes nacional-desenvolvimentistas. FHC tinha liderança, mas não era nacionalista, muito pelo contrário. Lulão possui ambos os predicados. À Dilma faltou a liderança. Já a este traste atual falta tudo, não é uma coisa nem outra. Talvez exerça sim alguma liderança, aquela tóxica, que desagrega, destroi. É o falso líder. Atrai seguidores, porém implode o grupo. Por egoísmo e imaturidade, começa a cultivar inveja, soberba e rancor. A autodestruição é inevitável.
A revolta das elites e a contrarevolução arrivista contra o PT está na raiz da crise econômica e política de que somos vítimas. A vitória de Dilma Roussef contra o último candidato tucano foi apenas o detonante que fez aquelas "elites" colocarem em movimento os elementos da trama e da farsa que conduziria a aventura golpista, uma estratégia desesperada e temerária, de tudo ou nada. Era preciso demonstrar primeiro que o sucesso econômico dos governos petistas era uma fraude, uma enganação ou na melhor hipótese uma sorte enorme. E a melhor forma de fazer isso era conduzir a economia uma enorme depressão econômica através de uma política de terra devastada a uma campanha de difamação de tudo e de todos. E isso começou a toda carga primeiro nas Olimpiadas e muito mais forte ainda na Copa do Mundo. E essa campanha não poderia ser feita sem a inestimável colaboração dos primeiros promotores do Golpe de Estado: Mercado e Mídia. Antes disso a Midia já era o principal partido de oposição aos Governos Petistas e provia diariamente doses cavalares de ódio político e intolerância política envenenando definitivamente o clima da opinião pública. Quase simultaneamente o Mercado lançava os primeiros petardos na política do Governo de redução das taxas de juros e dos spreadas bancários. Mas tarde contra a mal fadada nova matriz econômica, com os investimentos do PAC e nas campeãs nacionais (como fizeram TODOS os países desenvolvidos em algum momento de sua história econômica) e depois em torno da economia do petróleo e do gás do Pré Sal. Mas ao invés do sonho roseveltiano (como chamou André Singer) o que encontramos foi o pesadelo dos canalhinhas e do Golpe de Estado. A idéia do Golpe era simples, sacar Dilma do Governo e acabar com o PT (como fizeram com Collor) colocar um presidente tampão (como fizeram com Itamar) e depois promover uma equipe e uma política econômica virtuosa (como a corte renascentista do Principado Tucano e seu Plano Real) que recuparia a confiança, os investimentos na economia que seria o cavalo branco no qual o candidato do Golpe entraria galopando as eleições de 2018. Quase nada saiu como planejado: impediram Dilma de governar e a depuseram num processo de impeachment farsa, mas Temer não era Itamar, o dream team de Meireles (obviamente muito festejado pelo Mercado e a Grande Imprensa) foi um fracasso total, Meireles não foi FHC, a Ponte para o Futuro não chegou de pé e muito menos pavimentou o candidato do governo tampão ilegítimo, ao contrário, nenhum candidato seu teve a mínima chance nessa eleição. O PT não acabou e seu candidato, Lula tinha clara vantagem sobre todos os demais candidatos, o que não deixou outra alternativa aos golpista do que prender Lula e impugnar sua candidatura com a ajuda inestimável dos parças da "operação" Lava Jato que presteram também inestimável trabalho a causa da destruição do país. Ainda assim seu candidato, que tinha sofrido uma grande derrota em seu reduto eleitoral como prefeito, disputava apesar de tudo em condição de ser um dos candidatos ao segundo turno, como foi. É ai que aparece como mais um lançe de tudo ou nada, de desespero, a (falta) de opção eleitoral dos Golpistas a figura repugnante e abjeta de Bolsonaro. E o que faz as cortes renascentistas e seus cardeais? Fingem indiferença em relação aos dois candidatos mas comemoram como fiéis torcedores do golpe a derrota do candidato de Lula (sim tiveram idiotas no sentido exato da palavra que fizeram biquinho para o candidato de Lula). O resto é tudo o que estamos vendo e ainda vamos assistir.
O problema é de conflito interno da zelite econômica. Enquanto alguns de seus membros estão de cabelo em pé vendo a hora de se mudarem para o brejo, outros estão lucrando como nunca lucraram na vida. Estes últimos não querem largar o osso por nada deste mundo, e apelam para qualquer coisa, até mesmo para o sobrenatural da mãe África. Sem mais espaço para conversar nos salões, estão chamando para a briga em plena rua. São mesmo muito ferozes.