A economia legitima o autoritarismo? Não, o autoritarismo arruina a economia

Com alguma vergonha, os “especialistas” – para usar a palavra da moda, já que “economista” anda meio por baixo – procuraram , na sexta-feira, “explicar” que o estigma colocado em Jair Bolsonaro pelo seu dileto Secretário de Cultura, Roberto Alvim, em nada influenciava o esperado “agora vai” da economia.

É claro que isso é apenas uma tolice autoindulgente do pessoal do mercado, tanto nos que não têm coragem de assumir sua identidade com o autoritarismo reinante quanto dos que, apesar de reconhecê-lo, toleram-no em nome do “bom desempenho” do mercado.

Tolice porque, em primeiro lugar, sabe que não há bom desempenho econômico, embora possa haver bolhas especulativas no mercado de renda variável – em especial a Bovespa – graças à virtual demolição das aplicações em renda fixa, agora reduzidas ao mínimo necessário para suprir necessidades de fluxo de caixa, por conta da redução dos juros.

E é assim porque as condições estruturais para um bom desempenho econômico – trabalho, renda, consumo e investimento – seguem deprimidas e sem sinal de alguma melhoria que não seja eventual.

O autoritarismo, ao contrário, joga contra estes fatores – facilitam-se demissões, não se geram novos postos de trabalho, reduz-se a segurança para tomar créditos, não se iniciam grandes obras públicas (mal e mal concluem-se, com atraso, a já iniciadas) de infraestrutura e de habitação.

Os colaboracionistas do fascismo tupiniquim, se não prezam seu povo e seu país, ao menos poupem-se de mentir: apoiam Bolsonaro por simples e prosaicas razões: engolirem ou deixarem engolir o patrimônio nacional e destruir os direitos sociais construídos ao longo do século 20.

Não é pela economia que o sustentam, é pelos negócios. Parece o mesmo, mas são coisas muito diferentes.

Fernando Brito:

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  • Como disse o presidente do Itaú, o discurso do Bolsonaro não prejudica os negócios

  • Um bando de FDP: Bolsonaro, o presidente do Itaú et caterva.

  • O autoritarismo pode até ser bom para a economia; por exemplo, a China em 40 anos deixou de ser uma das nações mais pobres (per-capita) do planeta para se tornar o único país no mundo com capacidade para peitar os EUA (e que, se não tiver algum grande percalço, deve ultrapassar os EUA em poder econômico e influência nas próximas décadas).

    Isso, no entanto, só ocorre quando quem tomou o poder se cerca de pessoas muito bem capacitadas e coloca o sucesso econômico da nação acima de questões de ordem pessoal ou mesmo ideológica. A mesma China fornece talvez o melhor exemplo de como a gestão da economia por um bando de ineptos pode prejudicar o país; o primeiro presidente da China comunista, Mao Tsé-Tung, achava a ciência uma baboseira e, ao implementar políticas boladas por ele e seus puxa-sacos sem o auxílio de (reais) especialistas, quase arruinou a China, tanto na agricultura (o plano de manejo de pragas dele acabou com o predador natural do gafanhoto e causou uma década de fome no país) quanto na economia (ele aprovou um conceito de produção descentralizada de ferro que provocou imensos prejuízos para a economia nacional e fez com que a China não tivesse dinheiro para compensar a década de colheitas horríveis com importação de comida).

  • Recuperação econômica é o grande mito desse governo.
    O "agora vai" só pode ser para o brejo e só não foi ainda porque os economistas do governo e os jornalistas da grande mídia estão fazendo malabarismos para que as bolas não caiam. Êta circo sem graça.

  • Sem consumidores as lojas não vendem. Sem vendas os produtores não produzem. Sem produtores e consumidores não há capitalismo. Henry Ford, que não era petralha, sabia isso.

  • Um tal de Instituto Plínio Correia de Oliveira está postando vídeos no Youtube nos quais "ilustres cientistas" brasileiros provam que coisas tais como a Teoria da Evolução das Espécies e a afirmação de que a Terra é redonda são mitos farsescos espalhados pela esquerda. Com tudo o que é de extrema-direita, agora vemos ressurgir também a TFP. Neste momento em que o país vomita todas as suas excrescências malévolas cevadas no radicalismo de direita, não poderia faltar a ressurreição da terrível associação, com a adoração de sua santa trindade composta pela mãe de Plínio, dona Lucília, pelo próprio Plínio e pelo Monsenhor Joâo Clá, que são endeusados por devotos que agora se estendem pelo mundo afora, e que querem que em breve Monsenhor Clá seja eleito Papa porque é o único que poderá salvar a Humanidade possuída por demônios comunistas. Aguenta, Brasil!

  • O "mercado" é somente a bovespa?
    E quando aquela bolha explodir, onde vão pedir socorro?

  • os nossos empresarios e banqueiros conseguem ser piores q os politicos pois sao os q os bancam. e a populacao uberizada nao sai da letargia de bela adormecida eterna

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