Ontem, comentando uma análise do Luís Nassif sobre as perspectivas eleitorais de 2014, fiz um comentário sobre os problemas do dólar sobrevalorizado sobre a economia brasileira.
Hoje, com muito mais competência, o professor Paulo Nogueira Batista Jr, representante do Brasil na direção do FMI – não o julguem mal por isso, ele anda na contramão do que pensamos sobre o Fundo – faz um apanhado da história dos efeitos do “dólar barato” nas economias emergentes, para onde os capitais internacionais migraram com a crise de 2008 e a queda a zero, ou menos que zero, em termos reais, descontada a inflação.
Como sempre, em linguagem clara, facilmente compreensível e não no economês com que tentam manter as pessoas afastadas daquilo que é vital para nossa sociedade.
O dólar assassino
`Paulo Nogueira Batista Jr.
Há uns 20 anos, esteve em cartaz um filme de terror de sucesso: “A bolha assassina”. A referida bolha fazia um estrago medonho. A expressão ganhou vida própria. Quando estourou a bolha financeira nos EUA em 2007, alguns falaram em “bolha financeira assassina”.
Com igual razão poderíamos falar em “câmbio assassino”. Em muitos países, o desalinhamento e a latilidade da taxa de câmbio causam imensos transtornos. O Brasil é um exemplo notável. Estamos há muitos anos convivendo com uma moeda supervalorizada. Nos anos recentes, o movimento de apreciação foi impulsionado pelo boom das commodities e a superabundância de capitais internacionais.
As estimativas de câmbio efetivo real (em relação a uma cesta de moedas) mostram com clareza a força da moeda brasileira. Tomando-se, por exemplo, dezembro de 2003 como mês de referência, a valorização do real é superior a 30% (estimativa da Funcex, usando IPCs como deflatores). No período 2009-2012, o auge da apreciação cambial, a valorização em relação a fins de 2003 era de 40% ou mais.
Uma enormidade. Nenhuma economia escapa impune a uma valorização persistente dessa ordem de magnitude. O governo brasileiro até que tentou conter a valorização da moeda. Adotou controles sobre a entrada de capitais. E entrou no mercado comprando parte da oferta abundante de moeda estrangeira, acumulando reservas internacionais.
Essas medidas ajudaram a moderar a apreciação cambial e, além disso, fortaleceram muito a nossa segurança externa. Mas não foram suficientes para conter o movimento. Reservas mais altas têm um efeito paradoxal: fortalecem a posição do país, tornando-o mais seguro como destino. Só que isso reforça a entrada de capitais, revigorando a pressão pela valorização.
A variação do câmbio sempre demora algum tempo para produzir todos os seus efeitos. Só agora estamos vendo o tamanho da conta que acumulamos. A moeda forte abalou de maneira duradoura a competitividade internacional da economia, em particular do setor industrial. As exportações tornaram-se mais caras. Ficou mais difícil competir com importações dentro do mercado brasileiro.
A perda de competitividade internacional solapou a capacidade de crescimento da economia brasileira. Essa é uma das razões, nem sempre lembrada, do crescimento medíocre dos últimos anos. Ao mesmo tempo, as contas externas vêm piorando continuamente. Este ano, estamos com um déficit na balança comercial. O déficit em conta corrente acumulado no ano já equivale a 3,6% do PIB.
Há atenuantes, notadamente os níveis elevados de reservas e de investimentos diretos. Não estamos à beira de nenhuma crise de pagamentos. Só não me venha algum economista dizer que o déficit em conta corrente é a contribuição da “poupança externa” ao desenvolvimento brasileiro. Aí já é demais.
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Aquele tal "índice Big Mac" da The Economist mostra claramente que o Real está sobrevalorizado.
O dólar deveria estar valendo 2,65 para termos um câmbio equilibrado.
O problema é que o governo não quer permitir que uma desvalorização mais acentuada aconteça neste momento pré-eleitoral, porque pode ter consequências inflacionárias.
Se a Dilma for reeleita, em 2015 ela deveria deixar o dólar bater em 2,65 para equilibrar o câmbio. Teria um efeito inflacionário no curto prazo, mas em compensação teríamos mais competitividade externa, e fomentaríamos a substituição de importações.
Por falar em simplificação, você podia explicitar o que afirmou não eh, João Maurício Pimentel?
Enquanto isto produzimos coxinhas feitas de jovens sem cultura deslumbrados com viagens turísticas cheias de ilusão e consumo. Tudo graças a esta taxa de câmbio.
Com todo o respeito, o artigo concentra muita besteira escrita em poucas linhas.
Não existe câmbio super ou sub valorizado. A moeda é tão somente um referencial de valor.
Quando foi criado o Real valia um dólar, portanto, o real sofreu mais de 100% de desvalorização e estaria, em verdade, subvalorizado.
Pequenas alterações no valor do câmbio ao longo dos anos não causa qualquer prejuízo, pois possibilita que todos os demais preços do mercado sejam reajustados e realinhados com o poder de compra da moeda no mercado internacional.
Agora, mudanças brusca no câmbio provoca prejuízos para importadores e exportadores, pois inviabiliza a capacidade de previsão e estabilidade dos contratos.
Toda a pressão e a conversa no sentido da desvalorização do real esconde que sua desvalorização é também a desvalorização dos salários e do poder de compra dos brasileiros, que passam a precisar de um percentual maior de seu salário ou aposentadoria para adquirir uma viagem internacional, um novo produto eletrônico ou remédio.
Por consequência, a desvalorização da moeda interessa a quem paga salários e aposentadorias, bem como, àqueles que se apropriam das sobras ou atacam o Tesouro Nacional.
É mentira que a indústria seja prejudicada pelo valor do câmbio, pois os preços podem ser aumentados e reduzidos em dólar caso o valor do Real se altere. Na verdade, os defensores da desvalorização visam a redução dos custos de produção pela redução de salários.
Nos períodos em que o Real se aproximou do valor do dólar, muitas empresas brasileiras começaram a comprar sua rivais estrangeiras na Europa e nos EUA. Com a desvalorização do Real grupos alienígenas passam a comprar nossas empresas e desnacionalizar a compra de insumos e peças.
O ideal seria elegermos um governo igual ao Alemão, que tem como meta a valorização constante de sua moeda, e faz isso sendo um dos maiores exportadores mundiais, sempre acumulando saldos positivos em sua balança comercial.
Só pra deixar claro que no Brasil, o unico jeito de ser rico é por meio do crime. E o que é pior, AQUI O CRIME COMPENSA.