A escolha de outubro depende dos limites do 7 de setembro

A reportagem da Folha sobre a máquina de propaganda bolsonarista se desdobrando nas convocações mais alucinadas para o 7 de Setembro mostra a prova concreta de que é conversa fiada a história de que comandantes do Exército e assessores de campanha estariam convencendo Jair Bolsonaro de que é arriscado e perigoso misturar manifestações radicalizadas de seus apoiadores com a presença de tropas militares que, em lugar de um desfile, fariam uma exibição constrangedoramente triunfal às hordas presidenciais.

É exatamente com isso com que Jair Bolsonaro conta. E é por isso que só se deve esperar que, daqui até lá, só saiam chamados à radicalização.

Se vai ou não haver atos violentos e avanços sobre o Supremo Tribunal Federal é algo que depende da avaliação que fizerem de quantos e quão aguerridos estejam suas “tropas”, porque as convocações deixam bem claro o espírito bélico dos atos, numa conspurcação inédita da festa da Independência.

Os brasileiros pacíficos e democratas estão virtualmente impedidos de participar de um ato cívico, que deveria pertencer a todos e está sendo apropriado por uma facção.

Aliás, tudo foi apropriado por ele, que realiza cultos evangélicos em lugar de comícios, para se proclamar “enviado de Deus”.

Do lado de Bolsonaro, é mais um blefe, como no Sete de Setembro passado, quando entrou como um leão e saiu de choramingas na barra do terno de Michel Temer, mandando cartinhas para o pouco antes “canalha” Alexandre de Moraes?

Talvez, mas depende de quantas estrelas tenha posto ao bolso, junto com o soturno general Walter Braga Netto, que acumula o lugar de vice em sua chapa e a pretensão de ser o comandante, de fato, das Forças Armadas.

Cada vez mais fica evidente que não estamos diante de uma escolha entre Lula e Bolsonaro. E nem mesmo Ciro, Tebet e outros candidatos que, a rigor, estão à margem da disputa.

Estamos, sim, entre uma escolha entre retomar uma situação democrática, onde não se tenha de temer golpes de estado e cancelamentos de eleição, sob o pretexto de torná-las “transparentes”.

As eleições de outubro dependem do que vai se passar no início de setembro.

Fernando Brito:
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