Trump, arrogante, só faltou chamar Irã para o próximo ataque

A fala de Donald Trump, agora há pouco, caiu no gosto do mercado, mas certamente desagradou os principais governos do mundo.

Trump disse que era hora da França, Alemanha, Reino Unido e China abandonarem o acordo nuclear com o Irã, do qual os EUA saíram em 2018.

Os quatro, exceto o Reino Unido, vinham trabalhando para restabelecer o diálogo com Teerã.

Trump ignorou os conselhos e moderação, provocou os iranianos – “acho que eles estão abatidos depois do [fracasso do] ataque de ontem” – e anunciou, sem especificá-las, novas sanções ao país, já em cerco econômico faz tempo.

A turma do dinheiro gostou e a bolsas começaram a subir e o petróleo a cair, quase 4%, após a fala presidencial.

Até, é claro, a próxima ação do Irã, direta ou através dos grupos que lhe são simpáticos em muitos países árabes.

PS. Não vi a “live” de Bolsonaro assistindo, como cachorro diante de assadeira de frango em padaria, a fala de Trump na Globonews. Espero que tenha se poupado ( e a nós) de bater continência ao final.

 

Fernando Brito:

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  • Ainda que os dois lados tentem recuar um pouco em suas ameaças de ofensivas militares e políticas, a verdade é que o assassinato do general iraniano em solo iraquiano já abriu as portas do inferno para outros tipos de reação. O ódio despertado por Trump justificará uma série de atos "paralelos" de todos os tipos por muito tempo. Até porque ninguém acredita nas boas intenções de ninguém nessa briga.

  • Haja ingenuidade para achar que pronto, acabou. O Irã não fará mais nada e aceitará o fato de que seu herói foi assassinado numa emboscada. E mais, aceitará as sanções econômicas impostas pelo império. Acredito que boa parte do mundo árabe se unirá para expulsar os EUA de seu território. Essa união incluirá Irã, Iraque, Síria, Líbano e Yêmen, e terá apoio efetivo da Rússia e da China.

  • Como trump narraria a luta entre Mike Tyson e Tony Tucker: "Então Tucker arremessou o queixo violentamente contra o punho de Tyson e se atirou ao chão esperando pelo fim da luta." trump conseguiu o que queria. Começou a tirar os eua do Oriente Médio e deixou o abacaxi nas mãos da Europa e Israel. Ele já havia dito que é um desperdício de dinheiro fazer tanto esforço pra tirar petróleo do Oriente Médio sendo que o petróleo da Venezuela (e do brazil, é bom lembrar) está bem mais perto. Então agora os eua vem com tudo para tomar da América Latina tudo que quiserem e sem disparar um único tiro, apenas contando com uma "ajudinha desinteressada" das "elites" locais que controlam os judiciários, os parlamentos e o resto do estado. E a Europa, vai continuar submissa às ordens dos eua ou vai começar a perceber que faz parte de um mesmo bloco continental onde estão Rússia e China? Acentuou-se o declínio global do império ianque, mas eles não vão abrir mão de continuar explorando seu quintal que fica logo aqui, abaixo do Rio Grande.

  • Como sempre, o Reino Unido fica ao lado do Tio Sam. Para a UE é até bom que eles saiam logo do bloco econômico. E aqui, nosso cachorro parado na frente de assadeira de frango bate palmas.

  • Maior jogo de cartas marcadas:
    Aiatolá: Matou meu general, vou mandar umas bombas na tua base.
    Trump: Vou mandar o pessoal se esconder nuns buracos lá (o lá aprendi com o Bozo), mas depois fica calmo ok?
    Aiatolá: Calmo um cacete, temos que continuar brigando senão os otários não entendem.
    Trump: tá certo, OK.

  • Esse menino topetudo quer ser o dono da bola, do apito, dos adversários. Vao fazer com ele como se fazia nas peladas de rua: expulsar com educacao - pede para c...e sai. E leve o trouxa daqui junto.

  • Quer dizer que gastou energia com misseis de baixa potência. Espero que seja questão de tática e estratégia porque não quero torcer em vão.

  • Trump acted like Trump, as usual.
    Fez todo o discurso de como o Iran é uma ameaça à paz, chamou de estado terrorista - en passant pôs culpa nos ombros de Obama - rosnou e latiu. Puxou a brasa prá própria sardinha apropriando-se da derrota do ISIS o que, literalmente, foi roubar de morto, Disse que US é a maior potência mundial militar e econômica (breakink news!), que isso serve apenas como dissuasão e que não irá enfiar o pé na jaca levando o mundo à guerra. Pediu ajuda aos amiguinhos da Otan para aumentarem seu papel no Oriente Médio e para saírem do acordo nuclear. Estes já de algum tempo fazem-lhe ouvidos moucos e agora mais do que nunca. Em suma, vai apertar o cerco econômico ao Iran o que, nessa altura, não deve ter maiores efeitos. Criou um puta problema e agora está sozinho para resolver. Se visou a popularidade para fugir do impeachment e melhorar a intenção de votos para a próxima eleição pode ter dado um tiro no pé.

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