A ‘ficha’ ainda não caiu no mercado financeiro

Os dois dias de movimento positivo (queda do dólar e alta da Bolsa) no mercado financeiro são, ao que parece, mais especulativos do que tendências sólidas, alimentadas por uma avaliação de que as eleições norte-americanas terminarão com uma vitória frágil de Joe Biden, sem maioria no Senado (o que já é um fato) e que empurraria o novo governo para uma política de mais estímulo econômico e menos ações que pudessem travar as atividades econômicas por conta do recrudescimento da pandemia nos EUA.

É, de fato, o que a contagem sugere até o momento, mas está longe não só de estar assegurado como também de ser um futuro “simples” para o dinheiro, em especial aqui no Brasil. E isso tanto pelos fatores externos quanto pelos internos.

Não se sabe o quão profundamente a semiparalisação da Europa vai repercutir sobre a economia mundial e ela só começou a acontecer. E periga alcançar também os próprios EUA, às voltas com sucessivos recordes de infecção e a volta das mortes à casa de mil ou mais por dia.

Aqui, temos o baita impasse no Orçamento, que virou um cobertor para lá de curto para cobrir as necessidades de financiamento, mesmo se vier a terminar, sem nada que o substitua, o auxílio-emergencial.

Hoje, O Globo, com base em estimativas do BTG (sim, do banco ex-Guedes) projeta um rombo de R$ 20 bilhões no caixa do governo por conta do fato de que a inflação, medida pelo INPC, vai ficar na casa dos 4% em 2020, contra uma previsão de 2,9% de alta na proposta apresentada ao Congresso. Como indexador de aposentadoria, pensões e de benefícios assistenciais, ele trará esta despesa extra, quase do tamanho do valor pretendido para turbinar o Bolsa Família rebatizado de “Renda Cidadã”.

Além do mais, as perspectivas do governo brasileiro, sem o “guarda-chuva” de Trump (genial, Aroeira, genial) mesmo com um Joe Biden limitado pela vitória miúda, levará o Brasil a um quadro de isolamento internacional ainda maior do que temos.

Portanto, não é absurdo pensar que o que temos no mundo do dinheiro agora é mais um efeito-manada, destes que, em geral, dispara pelo caminho errado.

 

 

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