A Folha, tentando “remendar” a matéria de ontem em que dizia que o Operador Nacional do Sistema (elétrico) previa apagões seletivos durante as madrugadas no verão que começa daqui a pouco, vai, cada vez mais, enfiando o pé na jaca do mau jornalismo.
E tudo porque, em nome de um sensacionalismo político, transforma o que é precaução em “notícia”, como se colocar um fusível na rede elétrica de uma casa fosse o mesmo que já ter um curto-circuito.
O que faz a Folha?
Pega os planos de contingência que são elaborados para o caso de piora na situação hídrica e transforma em “agenda” do setor elétrico.
Vai ouvir distribuidores de energia privados, além do onipresente “urubu energético” Adriano Pires, que têm todo interesse em qualquer notícia que possa favorecer alta de preços e reajustes. E, no caso de alguns, crise política.
Não trabalha com dados primários e, por isso, não consegue transmitir, como é dever do jornalista, a realidade à população.
Ninguém sério – este blog procura sempre sê-lo – nega a gravidade da seca que se abateu no Sudeste do país.
Coloco lá em cima um mapa comparativo das chuvas acumuladas entre 1° de janeiro e 1° de novembro de 2001 (o ano do apagão) e entre as mesmas datas, este ano.
Não precisa ser geógrafo ou meteorologista para ver que os padrões de chuva do semi-árido nordestino “desceram” até o Norte de São Paulo, atingindo em cheio as bacias das represas do Sudeste. Com mais força, até, na região do Rio São Francisco do que na no Cantareira, que vive o drama que todos sabemos.
E que o sistema elétrico, que depende das mesmas chuvas, só não está na mesma penúria que a da água em São Paulo porque o Brasil, desde 2002, duplicou a capacidade de geração térmica e instalou geradoras eólicas que, mesmo modestamente, produzem perto de 2% do consumo nacional.
Portanto, ninguém negou, hora alguma, que estivéssemos diante de uma seca saariana. O que se criticou, no caso da Sabesp, foi a falta, justamente, de um planejamento que fosse posto em prática à medida em que a gravidade da situação aumentasse. E, no caso de Alckmin, a insinceridade no trato do problema.
Mas nem por isso se nega – ao contrário, comemorou-se – o fato de ter começado o período chuvoso, o que se pode conferir confrontando o acumulado de 10 meses com o de apenas uma semana, de 30/10 até ontem, como se vê no mapa ao lado.
Se quiser fazer sensacionalismo barato, posso ficar explorando cada 0,1% de queda no Cantareira e o saldo menor das represas.
Mas seria desonesto, porque a informação essencial é que a afluência do sistema já quase dobrou em relação de outubro, embora os 7,2 m³/s de hoje ainda precisem quadruplicar para atingir a média histórica de 31 m³/segundo.
O problema não é somente o nível do reservatório, é se este nível tem diante de si um período de chuvas ou de seca.
Como é desonesto dizer que tudo está bem, como se fez durante meses em São Paulo, também é desonesto prever catástrofes iminentes, no curto prazo, porque é no médio prazo, por conta do início do período chuvoso, que os problemas se tornarão agudos.
Aqui não se escreve que “se não chover” ou “se chover” porque isso não é loteria. É a vida das pessoas, a tranquilidade social e a economia do país que estão em jogo.
Por isso, menos leviandade e mais apuração jornalística.
Um pouquinho de trabalho não faz mal a ninguém.
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eu sei que é chover no molhado, mas é sempre bom repassar os "causos" contados por quem conhece por dentro a podridão da imprenÇa brasileira
http://farofafa.cartacapital.com.br/2014/10/20/a-folha-publica-opinioes-divergentes/
A globo repetiu hoje de manhã a ladainha da folha....
Já é consenso o entendimento de que a mídia que temos impede a democracia no país. Agora, para assegurar a criação da lei de meios é preciso desfazer a ideia plantada pelo PIG de que a regulação econômica e o direito de resposta é censurar os meios de comunicação.
Bem...nunca é demais dar idéias em tempos de seca.
Se vai chover ou não, como bem disse o Fernando, ninguém sabe ao certo porque isso não é loteria, então deixo aqui algumas dicas que funcionam comigo aqui na capital paulista.
1) - Captação de água para limpeza em geral, lavar roupas etc..
Se você tem piscina de alvenaria ou daquelas do tipo "intex" ou qualquer outra de lona vinílica, você pode captar a água da chuva que sai pela calha do telhado direcionando, através de canos, para desaguar dentro da sua piscina. Aqui em casa este ano a piscina será utilizada somente como reservatório de água, então a higienização dessa água será só a de "tratamento de choque"[o fabricante indica verso do rótulo do produto], mas, caso você vá utiliza-la para banho a rotina de limpeza e desinfecçao é a normal. Eu utilizo o produto da marca "hidrosan Penta" por ser mais completo.
Se você não tem piscina ou cisterna na sua casa, voce pode recolher a água da chuva acoplando na saída das colhas "tambores industriais de plástico", chamados de bambonas. Bambonas sao tambores industriais "usados" e vendidos já limpinhos
que tem capacidade para 50,100 ou 200 litros. Aqui em casa utilizo há anos esses tambores[bambonas] para captar água da chuva - serve regar plantas, pomar, lavar roupa e limpeza em geral[trato a água com "hidrosan penta"]. Ajuda pacas na seca e é "grátis". Pesquise no google o local na sua cidade que vende esse tipo de tambor ou "bambona". Em SP, ates do racionamento, a bambona de 200 litros custava 65,00, mas agora aumentaram para 120,00[ a ocasião faz o ladrão]. No interior ainda custa 65,00[em tatuí, Cesario Lange, Cerquilho e Boituva, por exemplo, é esse o preço].
Essa água do volume morto não é lá essas coisas para beber,e ainda vai piorar, mas se você não tiver grana para comprar mineral, vai ser ela mesmo, não é assim? O conselho é ferver bem essa água, deixar esfriar e colocar em filtro que tenha a famosa "vela"[prefira filtro de barro].
Lavar as "velas" com bicarbonato de sódio de 15 em 15 dias. Se não tiver bicarbonato[em alguns lugares já está em falta], o jeito é usar[esfregar] sal de cozinha mesmo[quebra o galho].
A água da lavagem e enxague das roupas serve para lavar o quintal, limpeza de WC, chão de cozinha etc..
Nao despreze a água da chuva, ela será super importante nessa época, e ainda é "grátis". Se você tem um "tambor" mesmo sendo de metal a até com um pouco de ferrugem, dá para usar - coloque um desses sacos de lixo resistente e sem furo[esse saco tem ser um poco maior do que tambor] e capte a água para servir para a limpeza.Sempre tampe o tambor para evitar proliferaçao de mosquitos e pernilongos.
Vamos torcer para chover bastante..
Uma coisa é verdade, se não chover, o bicho vai pegar.
Eu gostaria de ver o mapa das chuvas nos ultimos 80 anos.
E como a previsão está de verdade.
A previsão do jornal é absurda, até porque, se não chover, a água de milhões e milhões de paulistas acaba antes da crise de energia propalada todo ano! O curioso é que apesar de fazer um vaticínio anual relativo à falta de energia, não conseguiram prever a crise de água nem mesmo quando ela estava instalada.
Não previram e não verificaram!
Na verdade, o medo é pelas companhias de eletricidade que estão sob controle tucano. os reservatórios do Tietê, Pardo e Grande estão baixos e a geração já está pequena. Além disso, a concessão das hidrelétricas está terminando e se não conseguirem lucrar agora não terão como renova-las. Se conseguirem, será por valor de KW muito inferior ao atualmente praticado.
Ou seja a crise é das empresas tucanas! E é uma crise de gestão!
Sr.Britto,o que esta gente faz,desde sempre,com relação aos fatos,é PITAQUISMO DE MÁ FÉ!Não é nem preguiça,é má fé mesmo.
O fato é que SP está em crise de abastecimento, não tão noticiado, mas quantas pessoas estão sem água nas torneiras? Pior é a solução encontrada de reaproveitamento do esgoto, qual será o custo deste processo , quanto vai impactar na conta do usuário? Terá transparência no controle de qualidade desta água? água reprovada no CQ será descartada? Não existem mais locais para a construção de reservatórios? O governo estadual vai subsidiar medidas de economia e reaproveitamento pelas unidades consumidoras com diminuição de ICMS?
Creio que uma maneira interessante de desmoralizar o "PIG" nacional , com seu formato "jabuticaba" de se fazer jornalismo ( para além da regulamentação , direito de resposta , punições , etc...), seria sua inclusão em um roteiro mundial , a ser elaborado pelas escolas de jornalismo do mundo todo , para que os que pretendem o exercício da bela profissão aprendam "como nunca deve ser feito" . Um curso intensivo de uma semana no país daria enorme contribuição aos povos lá fora. E a nossa jaboticaba midiática ficaria carimbada com a credibilidade zero.
O JN da Globo acabou de "dar" uma mãozinha p/ o pensamento catastrófico da Folha. Foram buscar informações (?) em várias usinas p/ mostrar que está havendo um racionamento na produção de energia. O que eles não contaram ( e nem vão contar) é que existe ligações entre as varias geradoras de energias (coisa que não havia no passado) e, portanto, se uma região do país passar por falta grave de energia outras regiões podem socorrer pois agora existe a integração entre elas. Isto a "reporcagem" não mostrou. Outra coisa que a "reporcagem" mostrou é como se transforma esgoto em água limpa ou seja, começou a campanha p/ fazer a população aceitar a tomar água do Rio Tietê como se fosse água retirada nas fontes da Minalba em Campos de Jordão. É com esta mídia que nós vamos sobrevivendo.