A foto aí de cima, da brasileira Bruna Prado, está nos principais jornais do mundo porque, como faz o bom fotojornalismo, resume numa imagem o significado dos fatos.
Mas só de “tabela” foi parar nos jornais brasileiros, e só na coluna do competente Nelson de Sá, na Folha, que traz a repercussão internacional dos acontecimentos no Brasil.
Neles, Jefferson é tratado apenas como “bolsonarista”, “aliado” de Bolsonaro, “próximo” ou “íntimo” de Bolsonaro. Porque é só este o significado que tem.
E a foto de Bruna tem esta importância por revelar o que se passa: o bolsonarismo está com Roberto Jefferson e que a insânia que ele provoca é capaz de arrastar dezenas de pessoas para escancaradamente apoiarem um ato tão terrorista de dar tiros de fuzil e lançar granadas contra agentes que foram cumprir uma ordem de prisão.
É isso o que está em questão e é fato, muito mais que as mutantes negativas presidenciais de que Jefferson estava na posição de oferecer-se como “mártir” no confronto que Bolsonaro trava com o Supremo Tribunal Federal.
Não basta dizer que Bolsonaro mentiu ao dizer que nem fotos tinha com Jefferson.
Não se pode deixar de lado o fato – sim, também um fato – que a parceria que o presidente firmou com o Padre Kelmon, instrumento político de Jefferson, era por mando e ordem direta do “dono” do PTB, sem o qual o suposto sacerdote seria completamente irrelevante, como sempre foi.
Mas agora, ele é por extensão de Jefferson, íntimo do presidente, com direito até a gravação de vídeo, na véspera do tiroteiro, de Michelle Bolsonaro e Damares Alves cantando um animadíssimo “Parabéns pra Você” para quem chamam “o padre mais amado do Brasil”.
E a nossa imprensa, docilmente, papa moscas ao não ver que Kelmon, ali, não era o enviado de Deus, ao contrário. Era o enviado de Bolsonaro para conter o estrago que a situação causava a ele.