A “guerra da água” não existe, mas a mídia ajuda Alckmin a desviar a atenção

Há um “pequeno” detalhe que os jornais teimam em ignorar nesta ridícula “disputa” que se está encenando em torno da água que abastece o Rio Paraíba do Sul e a represa do Jaguari-Igaratá da Cesp, empresa do governo paulista.

É que nem uma gota desta água pode ser levada à sedenta São Paulo, a menos que a engarrafem ou a coloquem em caminhões-pipa, o que é ridículo quando se pensa em abastecer a maior cidade da América do Sul.

E , mesmo com a transposição de suas águas para o Cantareira, através de um complexo sistema de canos, túneis e bombas, para vencer os 20 km de distância e os 160 metros de desnível que os separam, nenhuma gota iria nos próximos, pelo menso, dois anos.

Então porque Geraldo Alckmin criou este factóide, se ele nada tem a ver com o enfrentamento da crise hídrica de São Paulo, que é agora e já?

Porque, com a farta colaboração da mídia, isso desvia a atenção para uma suposta disputa entre cariocas e paulistas pela água, o que jamais teve algo a ver com os problemas de abastecimento paulistanos.

E ainda coloca o Governo Federal, que nunca foi ouvido nas suas advertências para que se controlasse a água no início do ano, como o “algoz” dos paulistas. Ou, pelo menos, tenta fazer isso, porque a história é tão ridícula que não se sustenta sem a cumplicidade da mídia.

Inútil, porque não é com demagogia que se combate um problema que é muito grave.

E que entra numa nova fase, com o esgotamento das reservas do maior reservatório – o Jaguari-Jacareí – que está reduzido a um lodaçal, e o início imediato do bombeamento das águas do Atibainha, hoje ou amanhã, no máximo.

Desde o início do bombeamento, em 17 de maio, o Cantareira perdeu a metade dos 255 bilhões de litros que, até aquela data, armazenava.

Esta é a relidade, cujas imagens e números são “racionados” na mídia, enquanto a “Batalha de Itararé” de Alckmin ganha as manchetes.

E a Batalha de Itararé, como todos sabem, foi aquela que não existiu

 

 

Fernando Brito:

View Comments (13)

  • Viram o Bom Dia Brasil hoje? Viram o que a Miriam Leitão falou? Passou dos limites, isso é crime! Além de não explicarem a situação, jogando toda a culpa para o RJ, ainda adotaram o discurso de um candidato! A Miriam disse que o problema da água e da energia (que ninguém consegue ver) é culpa do governo não ter "tomado medidas impopulares".
    Sério, já passou da hora de colocar esse pessoal em cana não acham? Só fazem isso porque deixam.

  • Alckmin quer desviar o foco e por a culpa da falta de água nos cariocas e no governo federal.
    Pior que o paulista é tão burro eleitoralmente que acredita nisso, no super heroi tucano Alckmin.

  • Aos covardes, resta o consolo da camaradagem. O governo tucano de SP finge que não há crise da água e a mídia paulista tenta criar uma crise federal em relação ao assunto. É esta a oposição que quer governar o Brasil!! E é esta a imprensa que lhe dá apoio!! E aí, o que vamos fazer nós, paulistas?

    • Fazer camisetas com: "cadê nossa água, governador?" ou "até quando a mentira sobre a água vai ser dita, enganando o povo paulista?" ou então: um abaixo assinado exigindo que o aiquimico tome uma atitude e a sabesp e cesp obedeçam ao que o ONS exige.
      Existem vária alternativas e o que me espanta é a passividade de vcs, paulistas e paulistanos .
      Em tempo: sou paulista mas moro em Brasilia onde, graças a um excelente governo, esses problemas não existem !

  • Revista Veja culpou Cabral pela falta de investimento na prevenção às enchentes, mas não culpa Alckmin por ter deixado de investir no Cantareira e outros mananciais mesmo tendo sido alertado em 2004.
    http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/governo-de-jsergio-cabral-foi-alertado-em-2008-sobre-risco-de-desastre-em-regiao-onde-547-ja-morreram/
    O jornal O Globo também bateu em Cabral dizendo que o gasto com prevenção é menor do que aquele após o desastre, mas com Alckmin o jornal resolveu mudar o discurso
    http://m.oglobo.globo.com/rio/a-industria-que-se-alimenta-das-chuvas-no-rio-3671378
    Na reportagem do O Globo se lê “Sem projetos que ajudem a mudar ou reduzir os danos das chuvas, restam as obras emergenciais, que são anunciadas com pompa por autoridades”… lembra muito a inauguração do volume morto de Alckmin.

  • Além da mídia, o padrão de ensino geográfico que forneceu aos seus coxinhas auxilia bastante o Alckmin nesta sua jogada de manipulação com o nome do rio. Se é no jaguari (do cantareira) que está faltando água, briguemos pela água do jaguari (do paraíba do sul). É muita cara de pau!!

  • Vamos ver se o Governo Dilma não se acovarda, mais uma vez, e enfrenta a Globo com lei de meios na próxima gestão.

  • O feitiço se virou contra o feiticeiro. Explico, aqueles que fizeram a dança da chuva e conjuraram a tempestade perfeita que iria varrer a Dilma e o PT do governo federal agora estão no olho do furação, pois a tempestade perfeita se transformou em um ciclone que promete varrer o tanto tucanos como o que sobra da credibilidade do PIG. Quando o Alckmin for obrigado a decretar o racionamento ou a metrópole de SP ficar completamente sem água e se estabelecer o caos, comparável a uma situação de calamidade pública de proporções inimagináveis (uma metrópole de quase 12 milhões de habitantes sem água) tanto a capacidade de gestão administrativa do PSDB se esfarelará (não irá escorrer para o ralo, pois não haverá água), bem como a credibilidade da mídia tradicional que tudo fez para esconder da população o desastre que se avizinhava.

  • Alckmin está fazendo o que ele e todo gestor incompetente faz quando a lama ameaça afogá-lo: Botar a culpa nos outros! E por razões que desconheço isso parece SEMPRE funcionar no caso da população paulistana.

  • Aguardem o horário eleitoral gratuito. O povo de São Paulo saberá a verdade que é negada pelo PIG e, finalmente, despertará de sua letargia eleitoral. Queira Deus!

Related Post