A ‘hipótese’ Alckmin apavora a direita

As notícias – cada vez mais frequentes e jamais desmentidas – de que Geraldo Alckmin poderia ingressar no PSB e ser companheiro de chapa do ex-presidente Lula está caudando rebuliço e perplexidade na direita, seja a bolsonarista, seja a ex-bolsonarista, que se agrega – mas não só – nos promotores da alternativa Moro.

Há notícias de pesquisas que indicariam um crescimento de 4 ou 5% no desempenho de Lula em São Paulo. Pouco? Não, mais de 1% em escala nacional e, com efeitos reflexos no resto do país, talvez 2%, para uma candidatura que está a pouca ou nenhuma distância de afirmar-se já no primeiro turno.

O encontro de forças políticas historicamente adversárias parece se dar com mais facilidade do que o de grupos que, não faz muito tempo, estavam juntos: bolsonaristas, moristas e doristas. E, entre os três, qualquer par gerando o ódio do terceiro.

Até o PSD, que se punha de moça desejada do baile, de repente, viu o par lulista, que achava apaixonado e dependente, sair a rodopiar pelo salão e a candidatura Pacheco, que parecia um biscoito que todos queriam, ficou tão insosso quanto o candidato sem sal e sem molho que o candidato é. E que azedou com a trama do orçamento secreto no Congresso.

Tudo o que se cantou em prosa e verso que a tal “Terceira Via” sobre superar divergências e criar alianças em nome de um objetivo comum e urgente, que ficou na teoria dos “nem Bolsonaro, nem Lula”, caminha para ser posto em prática por Lula.

Não se alegue incoerência, quando se tem um candidato à reeleição que vociferava contra a velha política e agora “se sente em casa” no Centrão e num moralista que se serviu a um governo imoral até que perdeu nele seus espaços e ambições?

Pode ser até que não aconteça a aliança, mas ela seria, é preciso admitir, um retorno do tucanato à seara de seu pai fundador, Mário Covas – a quem, aliás, Geraldo Alckmin deve seu crescimento na política, ao ser escolhido por ele como vice-governador, em 1994.

Mas, superando a incredulidade de muitos – inclusive a minha – é algo que caminha para acontecer.

Se como boato, já vira fato, como fato se torna uma avalanche, ao menos em São Paulo, centro e maior fatia do eleitorado brasileiro.

 

Fernando Brito:
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