Imagine se o Brasil acordasse sob o impacto da notícia que Lula, seus filhos e seus irmãos e até a Dona Lindu tivessem, em 30 anos, comprado 107 imóveis.
Agora acrescente o fato de que menos de um terço deles tivesse sido adquirida através de pagamentos documentados por cheques ou transferências bancárias e todo o resto com dinheiro vivo ou não especificado em transações financeiras.
Haveria uma renca de delegados, promotores, juízes, youtubers, jornalistas e tuiteiros gritando “corrupção, corrupção, corrupção!!!”
Mas, como é Jair Bolsonaro o diretor desta verdadeira “imobiliária”, todos eles se acham no direito de dizer que “isso não tem nada de mais”, enquanto acham escandaloso Lula ter visitado um apartamento que nunca comprou.
Vai dar em alguma coisa? Fora algum “enrolation”, absolutamente nada. Capaz ainda de aparecer um malafaia da vida a dizer que isso é prova de que isso é prova de que ele “defende a família”.
Claro que Jair e sua família não podem ser acusados genericamente e muito menos condenados sem provas mas, quatro anos depois de ter vindo à tona o esquema das rachadinhas familiares, todas as investigações estão travadas e os investigadores policiais que não foram afastados estão devidamente emparedados.
Mas a Folha prefere dar manchete para o fato de que o PT editou a frase de William Bonner, quando a reproduziu tal e qual foi dita no Jornal Nacional: “O Supremo Tribunal Federal lhe deu razão, considerou o então juiz Sérgio Moro parcial, anulou a condenação do caso do triplex e anulou também outras ações por ter considerado a Vara de Curitiba incompetente. Portanto, o senhor não deve nada à Justiça”.
Lula foi condenado por “ter sido disponibilizado” um apartamento no Guarujá, sem que nada houvesse como prova senão uma visita ao imóvel e o boato de que o imóvel seria dele. Mas o clã Bolsonaro, com escrituras lavradas que não permitem saber de onde veio o dinheiro para a compra de dezenas de imóveis e outros, como a mansão de Flávio Bolsonaro, com financiamentos para lá de suspeitos, segue impune.
Por 100 anos, se depender da mídia brasileira.