A investigação do culpado pronto

A deflagração, agora cedo, a 20ª fase (vigésima!!) da Operação Lava Jato, com mandados de busca e de detenção de pessoas no Rio e na Bahia, não pode deixar de fazer algumas considerações sobre os métodos da força-tarefa de procuradores e do juiz Sérgio Moro.

Velhos jornalistas, que acompanham noticiário policial há décadas, sabem que não é normal que operações policiais resultantes de investigações ocorram desta forma. Em geral, espera-se reunir uma massa considerável de informações e indício de crimes e, só então, dá-se o “bote”, porque a surpresa é elemento essencial destas ações, permitindo que buscas e apreensões “rendam” provas concretas da culpa ou participação de pessoas e empresas em negócios escusos.

Está claro, porém, que a Operação Lava Jato segue métodos diferentes.

Define-se o “alvo”, aqueles a quem se quer “pegar”. E, então, vai-se juntando o que sustente a persecução penal dos “alvos”. Degrau por degrau – parece que o “da vez” é o ex-presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli – em direção a um objetivo pronto, que todos sabem quem é: Lula.

Algo como definir o “culpado” e aí então procurar as culpas. Se se não acharem, castiga-se com meses, anos de suspeitas espalhadas nos jornais.

É isso o que denuncia uma ação autoritária, não uma ação de autoridade republicana, que parte dos fatos para apurar sua materialidade e seus autores.

É próprio dos que têm a distorção mental do perseguidor, daquele que usa o poder para fazer o que deseja, não o que, com sua responsabilidade pública, tem o dever de fazer e nada mais.

Conduz-se-a como um enredo de novela, onde há um “vilão” que o público vai identificando e “torcendo” para que, ao final, seja “castigado”.

E os métodos são os de todo autoritário: a pressão, a chantagem moral, o “acuse ou ficará preso o resto da vida”.

Hoje, a Veja dá a seguinte nota cínica:

Investigadores que atuam na Lava-Jato preveem uma condenação a 100 anos de prisão para o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, caso ele não feche um acordo de delação premiada. Mesmo que a pena seja essa, o máximo que uma pessoa pode cumprir em regime fechado são 30 anos. Para Marcelo Odebrecht, a previsão está na casa dos 20 anos.

Mas, se disse tudo o que querem, sai barato, como saiu para Alberto Youssef, que já ficou livre depois da roubalheira do Banestado e Paulo Roberto Costa, que já está em casa, e até sendo aplaudido, segundo ele próprio, que vai sendo entronizado como “São Ladrão”.

E assim seguem os investigadores dos culpados prévios, conseguindo acusações, transformando conversa em crime, bandido em oráculo e se servindo de qualquer meio para que se encontre qualquer transação que possa ser apresentada como “prova” de que todos são corruptos na política. Ou de um dos lados da política.

Porque do outro, não vem ao caso.

 

Fernando Brito:

View Comments (16)

  • Cunha foi beneficiado em uma transação para a exploração de um campo de petróleo no Benin, na África, em 2011. Pelo negócio a Petrobras pagou US$ 34,5 milhões, dos quais um empresário, Idalécio de Oliveira, embolsou US$ 31 milhões e repassou, sempre segundo a investigação, US$ 10 milhões a um lobista. Este, identificado como João Augusto Rezende Henriques, preso desde setembro em Curitiba, enviou o equivalente a R$ 5,1 milhões para uma conta atribuída a Eduardo Cunha, que redistribuiu o dinheiro para outras contas, inclusive para a mulher, que investiu os recursos em academias de tênis na Flórida e em instituições de ensino na Inglaterra e na Espanha.
    O Cunha tem foro privilegiado, mas porque familiares do Cunha não são alvos nessa operação como foi a Cunhada do Vaccari que por suspeição infundada foi presa e aviltada?
    O Moro e seus procuradores estão enfraquecidos com a investigação s/ Cunha pois é nítida que a sua atuação como Juiz está totalmente comprometida pela parcialidade flagrante como age e pela ilegalidade de seus atos.

    • Os familiares deles estão no mesmo processo, mas para que eles sejam investigados o processo tem que ser desmembrado e enviado para primeira instância pelo relator do caso no STF "Teori Zavascki".

  • Se eles usam a lógica da laranja podre que uma contamina todas no saco da política, podemos extrapolar também para o saco do judiciário o mesmo princípio?

  • Bom dia,

    aercio neves além de agir de má fé em minas e destruir o estado com sua amiga mineradora e de não dar nem as caras aqui como os demais senadores do PSDB para ao menos dizer tá precisando de algo Mariana e demais localidades, vira as costas a MG. Mas nosso garoto prodígio, da barra, menino do Rio que não é doce pode pedi arrego no RJ, aqui nunca mais. Tudo isso o Robin(Moro) não investiga, os desmandos das mineradoras com pagamento de caixa 2 a políticos do tucanato do EI.

  • Petralhas porque não batem à porta da Anistia Internacional?
    Vocês não estão sozinho.. tem os comparsas do PMDB e do PP.
    Parem de megalomania em tudo.
    Essa mega roubalheira na Petro tem as garras de Eduardo Cunha e Renan Calheiros, aliados caciques do PMDB.
    Ora!
    É muito chororo, muito mimimi... sejam homens! Na hora de roubar foram valentões.... agora hora de prestar contas vem com chorumelas que o 'juiz é muito duro', que 'outros também fizeram'... e por aí vai a viadagem.

  • Ora Sr.Fernando.Esse elemento que preside tal operação,não passa de uma agente da CIA,cujo propósito e tentar GOLPE DE ESTADO.O mais curioso,é o SUPREMO,calar diante de tais arbitrariedade.Serão todos,CÚMPLICES? Acho que quase todos,o são!

  • Esse juiz Moro o astro Global da Vara de Guatânamo no Paraná, e os seus procuradores amestrados, juntamente com a PF, criaram o velho-novo conceito de Direito da Idade Média. Que vergonha Brasil!!! Um juizeco fascitas, haja vista as suas vestes iguais as de Mussolini, mancomunando com o poderoso manopólio da Globo, travando a economia, gerando desemprego...

  • E o cuidado que devemos ter com este MPF.
    Estão colhendo assinaturas para uma PEC Popular com 10 propostas contra a corrupção, que irão nos levar a um estado de exceção oficial.
    E o pior, tem muitas pessoas, mal informadas, os achando verdadeiros heróis. E não estou e referindo aos "klaus, cloves e allisons da vida". Esses não tem jeito.

  • A operação 45 da Lava a Jato, deverá ocorrerá em outubro de 2018.

  • Não adianta, Klaus e Bronco, os vermelhos odeiam a Operação Lava Jato pois ela combate de fato a corrupção.

    • E como o PT está atolado em corrupção, os blogueiros estatizados combatem tudo que possa revelar essa faceta do PT.

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