Outro dia, conversando com um amigo sobre os horizontes e perspectivas de nossas elites dirigentes, falávamos sobre a fugacidade da ideia de desenvolvimento que o império absolutista das finanças trouxe, em substituição à ideia de riqueza que dominou os tempos em que a indústria era o metro com que se avaliava o crescimento econômico.
O horizonte empresarial era, então, virtualmente infinito e a duração do ser humano que possuía, dirigia ou pertencia a estas organizações era, virtualmente, a da própria vida.
O famoso “relógio de ouro” da aposentadoria dos seus dirigentes e funcionários mais bem situados simbolizou, muitas vezes, esta ideia.
De alguma forma, isso também ocorria nos governos nacionais.
Seu lugar na história era definido pelas obras “perenes” – perene, de fato, nada é – que deixavam ao país.
Os governos que nos ficaram como referência, o de Getúlio e o de JK, ficaram porque a ideia de desenvolvimento nacional reificou-se em siderúrgicas, usinas, estradas, numa petroleira e, até, numa cidade.
De alguma forma – ou de todas as formas – isso criou uma referência visível, muito mais que ideológica ao progresso social que marcou estes períodos.
E isso também se expressou, na superestrutura, em camadas de intelectuais e artistas, vindo da classe média, capaz de produzir a expressão – na literatura, na música, na arquitetura – uma visão de brasilidade que era capaz de servir como “cola” para a formação de uma identidade nacional.
A elite brasileira, cada vez mais achatada numa uniformidade gerencial que administra sem transformar, não consegue olhar o país senão como às folhas de um livro-caixa.
Todo o seu foco está nos indicadores fugazes da economia: os juros, os décimos ou centésimos das taxas de inflação, o “depois da vírgula” do mês que passou ou do mês que virá.
Sua visão temporal é tão longa que seus gabinetes dispensam janelas.
E sua expressão na política é semelhante: embora o varejo seja a massa formadora do bolo político, sempre, emergiram as figuras que, mais ou menos, catalizavam as reações coletivas, para o bem e para o mal.
E, sem eles, os movimentos da sociedade viram um espuma, vistosa mas que se esfuma como as quimeras de Ary Barroso.
O debate nacional está interditado.
Só se pode trava-lo com uma visão de desenvolvimento e desenvolvimento com redução do desequilíbrio social.
Se adotarmos, para o Estado brasileiro, a lógica emburrecida dos guarda-livros sem horizonte, continuaremos sem oferecer referências futuras ao povo brasileiro. Ficarão para guiá-los apenas as do presente, e o presente de um barco pode oscilar, se ele tiver direção à proa.
Este é o desafio que 2014 nos reserva.
Escolher se vamos nos habilitar pela lógica dos balancetes ou se temos um destino que, embora sempre mais à frente – como é próprio da história social – nos anima a caminhar.
Para que a inclusão de nosso povo neste país não seja um “rolezinho” apenas.
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Na decada de 80, todos os Economistas serios, alertavam pros perigos do neoliberalismo. Um eufemismo pro que deveria ser chamado de Imperio da Ladroagem.
JAN
20
PAPEL CONFIRMA SUBORNO DE ALSTOM A TUCANOS
Documento apreendido na sede da Alstom aponta que integrantes da Secretaria de Energia, na gestão de Mario Covas (PSDB), em 1998, e três diretorias da EPTE (Empresa Paulista de Transmissão de Energia) receberam propina por contrato de US$ 45,7 milhões; pasta era comandada por Andrea Matarazzo; Suíça já apontava pagamentos para Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado; denúncias ligam esquema com reeleição de FHC
20 DE JANEIRO DE 2014
247 – Foi encontrada na França uma nova prova de que Alstom pagou propina a agentes públicos na gestão de Mario Covas (PSDB), em 1998. Segundo a Folha de S. Paulo, um documento apreendido na sede da empresa indica que integrantes da Secretaria de Energia e três diretorias da EPTE (Empresa Paulista de Transmissão de Energia) foram subornados para que a companhia obtivesse um contrato de US$ 45,7 milhões (R$ 52 milhões, em valores da época).
No momento da assinatura do contrato, o secretário de Energia era Andrea Matarazzo. Ele nega ter recebido propina. No entanto, o documento reforça tese da Polícia Federal, baseada em informações do Ministério Público da Suíça, que já citava como evidência para indiciar Matarazzo uma troca de mensagens de 1997 em que executivos da Alstom discutiriam o pagamento de vantagens para o PSDB, a Secretaria de Energia e o Tribunal de Contas. Segundo o procurador Rodrigo de Grandis, a mensagem que incriminaria Matarazzo se refere a um contrato de R$ 72 milhões para fornecimento de equipamentos para a EPTE, empresa que era controlada pelo Estado e que mais tarde foi privatizada.
Segundo o novo documento, a Secretaria de Energia recebeu 3% do contrato (R$ 1,56 milhão). Já as diretorias financeira, administrativa e técnica da EPTE aparecem como destinatárias de 1,5% (R$ 780 mil), 1% (R$ 520 mil) e 0,13% (R$ 67,6 mil), respectivamente.
O Ministério Público de São Paulo pedirá a dissolução da multinacional francesa Alstom no Brasil em razão do propinoduto nos trens.
Os promotores dizem ter provas suficientes para demonstrar o pagamento de propina aos políticos, como a quebra de sigilo bancário de contas secretas que a Alstom mantinha na Suíça, que mostra que a empresa abasteceu outras contas das quais saíram pagamentos para Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. A Alstom também fez transferências para uma empresa do consultor Romeu Pinto Jr., que já confessou à polícia que não prestou serviço algum à multinacional francesa e na verdade recebeu valores para pagar propinas.
De acordo com denúncias publicadas pela revista Veja e a Folha de S. Paulo, parte desse dinheiro foi usado na contabilidade paralela do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na disputa presidencial de 1998. A planilha com o caixa dois foi montada pelo ex-tesoureiro de campanha Luiz Carlos Bresser Pereira, que confirmou o papel de Matarazzo na arrecadação extraoficial (leia mais).
http://www.brasil247.com/pt/247/sp247/127485/Papel-confirma-suborno-de-Alstom-a-tucanos.htm
Cadê o espírito animal dos empresários filiados na FIESP? Onde estão os grandes empresários inovadores com tecnologias de última geração?
Costumo citar que no passado nós tínhamos dois grandes empresários que simplesmente desapareceram do cenário nacional.
José Mindlin que foi dono da poderosa Metal Leve (autopeças) e que hoje pertence a Mahle, multinacional alemã, entre as dez melhores do segmento de auto peças do mundo.
O outro empresário é o judeu brasileiro Abraham Kasinky ex dono da Cofap, a mais importante indústria de autopeças da América Latina, famosa pelos amortecedores Cofap, hoje pertence a uma subsidiária da Fiat.
Não me perguntem porque isso aconteceu.
Uma estoria que merece ser contada no seu blog, e a do Gurgel, primeiro carro totalmente brasileiro, e detonado pelos neolibberais.