A morte do “conji” e o primarismo de Sérgio Moro. Veja


Recebo, via Facebook, um trecho do depoimento de Sérgio Moro à Comissão de Constituição de Justiça do Senado.

É inacreditável o primarismo verbal, intelectual e jurídico de do ex-juiz.

Diz ele que não há “possibilidade de uma mulher, uma conge (sic) seja morta pelo seu conge (sic) baseado (sic) na violenta emoção e seja aplicado este dispositivo”, referindo-se ao que prevê o seu projeto que permite que o juiz deixe aplicar pena “se o excesso decorrer de escusável medo, surpresa ou violenta emoção” por não ter havido, aí, legítima defesa. Mas diz que não há impedimento, use-se o mesmo dispositivo no caso de um homem que agrida a mulher “sobre” (sic) violenta emoção e seja por ela morto.

Não consigo descobrir, na lei, onde há essa diferenciação de sexo.

Já existe, há décadas, a figura da “violenta emoção” como atenuante de prática de crimes. Mais especificamente, nos casos de homicídio e de lesão corporal, a lei permite que o juiz ” poderá reduzir a pena em até um terço se  o crime é cometido “sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima”.

O que Moro pretende é outra coisa, acrescentar a expressão “o juiz poderá reduzir a pena até a metade ou deixar de aplicá-la se o excesso decorrer [no ato que seria de legítima defesa] de escusável medo, surpresa ou violenta emoção” no art. 23 do Código.

O que define a legítima defesa  é o emprego dos meios necessários, e de nada além disso. Alguém tomar um tapa e, em revide, disparar seis tiros no agressor, quando este já tiver cessado a agressão não é legítima defesa, mesmo com violenta emoção. O caminho é a delegacia policial e a denúncia, se for o caso seguida da prisão em flagrante.

Do contrário, para matar o “conge” (suponho que seja “cônjuge” o que Moro quis dizer) bastaria provocar uma briga até a agressão e, com a arma que Bolsonaro autorizou a ter ou com outra, matá-lo sem receber punição.

Não é preciso dizer que isso é uma irresponsabilidade tremenda, destas capazes de produzir “crimes perfeitos”.

Porque uma enorme parte dos homicídios acontece por frustração de relações afetivas, vingança, rivalidade, discussões ou cobranças de dívida. Neste caso, é só provocar bastante o outro lado, conduzi-lo a ameaçar ou agredir e, pronto, você está autorizado a matar.

E sem distinção do sexo do “conge”, Dr. Moro.

 

Fernando Brito:

View Comments (66)

  • Que "jesus da goiabeira"nos dê um salve.
    Dentro da lógica dele, vamos CONGEturar que está certo... rs

  • Que "jesus da goiabeira"nos dê um salve.
    Dentro da lógica dele, vamos CONGEturar que está certo... rs

  • Já que nosso ordenamento jurídico agora vai prever interpretações diferentes quando o crime é cometido por um homem contra uma mulher, ou vice versa, Moro precisa criar mecanismos para a justiça poder mensurar a força e a habilidade de cada "conge", porque muitas vezes a mulher tem mais força ou é melhor lutadora do que o marido. E como ficará nos casos dos LGBTs?

    • Pior de tudo é sabermos que a intenção da lei não é essa, mas sim dar interpretações mais "favoráveis" quando o autor for um policial.
      Traduzindo: extermínio de pobres e negros.

    • rindo até! Cara Emília, é um raciocínio tão brilhante que a gente não consegue acompanhar rsrs

  • Navegando agora pelo Youtube, aparece no canto direito da tela a sugestão de vídeos (o que é habitual).

    Um, porém, me chamou a atenção: o título diz que Sejumoro perde a paciência e desanca o senador (acho que) Humberto Costa como "defensor de bandidos".

    Pois bem, o vídeo aparecia como "novo" e já tinha um milhão e meio de visualizações. Nem um canal de Youtube como o "Porta dos Fundos", com mais de 15 milhões de seguidores, consegue um feito desses.

    Então me pergunto se não existem "robôs" que ficam inflando visualizações no Youtube.

    Lembremo-nos, vimemos a guerra híbrida e isso não é coisa de amadores.

  • ESTE IMBECIL CRIMINOSO era juiz ,hoje é ministro .Como é possível um país ter caido tão baixo???

    • Violenta emoção foi ter ouvido o primor de português do juizeco ...

  • já não é o caso de se perguntar onde ele se formou em direito, mas onde fez o primário. E que raios de raciocínio é esse? E uma dúvida: "conje" se escreve com J ou com G. Um chiste pra não arrancar os cabelos (ou çeria xisti?)

    • tbm fiquei na dúvida de como se escreve esse novo termo forjado pro esse gênio do discurso, vendo essas coisas a gente entende o motivo e razão do ódio que ele tem de Lula....

  • Um completo idiota.
    Sem a ajuda do DoJ também fica difícil.
    Que sujeitinho pequeno... e bandido

  • Admitamos, o bozo que convocou as sumidades da damares, araujo, velez e generais do cabide de emprego que apanham todo dia do olavo, não poderia deixar de fora o moro.
    Que ministério mais... sinistro.
    o moro é um completo idiota. Da turma do mal.

  • A "conje" atacada poderia "vim"...
    Bozo errou, ele deveria ser ministro da educação dele.
    que tal o velez na justiça. Talvez a damares...
    Que conjunto de sumidades... Faltam ministérios. Já tem os generais do cabide de emprego que apanham do olavo.
    E o araujo...
    Que que é isso!!!
    Globo, globo...

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