A historiadora Céli Pinto, em artigo no Sul 21, escreve uma afirmação terrível.
Quando pesquisas apontam que o eleitor preferencial de Bolsonaro é homem com mais de 40 anos e nível superior, estamos frente a ex-eleitores de FHC, Serra, Alckmin e Aécio. Bolsonaro é o presente do PSDB para o Brasil.
Infelizmente, é a verdade.
O partido que se originou de uma ideia de “social-democracia”, porém, sempre se mostrou pouco disposto a ser isso, desde o nascedouro.
O primeiro documento que produziu foi o “Choque de Capitalismo”, plataforma da campanha de Mário Covas à Presidência, em 1989.
Uma visão “modernizadora” da economia que sempre foi, afinal, a da capitulação colonial de um país que, apesar de todos os infortúnios que sofreu no pós-64, jamais teve a capacidade de livrar-se da ideia de afirmação nacional pela inclusão de seu povo trazida da “Era Vargas”.
Até a sua vertente trabalhista, o PT, iludiu-se com isso e validou a “abertura dos portos” ao capital.
Não à toa Fernando Henrique Cardoso, ao tomar posse, no primeiro dia de 1995, prometeu destruir esta “Era” maldita.
A “social-democracia” trocou o primeiro nome por “mercado”.
Trocou também de vitrines: de Covas virou FHC, o bajulador. Daí a Serra, o sabujo. Daí a Aécio, o aventureiro. Por fim, o burocrático Alckmin.
Agora, quer trocar o sobrenome para autoritarismo, em lugar de democracia.
E encontra a sua cara em Bolsonaro e sua argumentação no “tá OK?” que é seu bordão.
Pior do que ela,entretanto, é a geração que produziu.
Aqueles que a historiadora identifica.
Uma geração que caminhou, ao contrário da classe média dos anos 50 e 60, para o desconhecimento e inimizade com seu povo.
Que não produziu Chicos, Caetanos, Gilbertos Gil, como a da geração anterior havia produzido Villas-Lobos, Portinaris, Caymmis, Gracilianos.
A elite brasileira tornou-se infértil, medíocre ou pior: rastaquera.
Não é capaz de oferecer ao país nenhum projeto que não seja o autoritarismo: o tiro, a bala, a cadeia para os dissidentes, senão a morte por linchamento.
Seu projeto agora é um energúmeno, primário, grosseiro, uma crise anunciada, um retrocesso à barbárie que, embora anti-histórico, anda na moda.
Não dará certo, porque ainda estamos vivos. E o que eles são, no olhar dos tempos, mortos.
Ainda que zumbis.
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Obrigado mestre Brito!
Datafolha: Haddad/Lula podem vencer no 1º turno - Blog da Cidadania
https://www.youtube.com/watch?v=4A6pNSxQmOI
Brito, parabéns pela lucidez
Sou otimista, sempre haverá esperança. Neste momento espero que sejam expostas as fraturas do psdb, globo e que esse bando de pastores voltem a ser apenas evangélicos sem fundamentalismo político.
AO VIVO
Debate Presidencial TV Aparecida #HaddadPresidente #LulaLivreJá
https://www.youtube.com/watch?v=KwGD0Xb_Lvc
Grande Fernando Brito.
Brilhante como sempre.
Texto irretocável.
Parabéns !
Essa gente deve ter lá suas frustrações. Como tem algum dinheiro, sente falta de poder, que não pode ter com seu vizinho, seus parentes e seus próximos. Então dão vazão ao ódio acumulado por sentirem-se impotentes de exercer poder sobre as pessoas. Noves fora, escolhem um ídolo tipo o "coiso" que ofende todo mundo à sua volta e dizem, orgulhosos (de que?): ESSE ME REPRESENTA! Talvez a psiquiatria possa definir meu pensamento com mais teor científico, mas o caminho das pedras é por aí. Em suma: são doentes mentais.
Talvez pior, talvez doentes espirituais.
Eu não acho que essa classe média sente falta do poder, muito pelo contrário, nem colhões para serem uns Aécios, Serras e Alckmins da vida eles têm.
O que essa classe média quer é, ser um Moro e Bretas da vida, eles querem é furar o teto, querem ter o apartamentinho do Bretas, querem dar carteirada na guarda de trânsito, querem viajar de classe executiva, receberem auxílio moradia.
Então eles não querem o poder, querem os privilégios!
Sobre serem doentes mentais, aí eu concordo.
Acho que essa turma esteve congelada em nitrogênio líquido na adolescência e juventude.
Não consigo conceber que pessoas de uma geração tão próxima à minha não tenha memória daqueles tempos e seja tão obtusa.
... O debate na TV Aparecida ainda não terminou, e eu já constatei o que sabia:
Só há três candidatos: Haddad, Ciro e Boulos. O resto é a escória da política e da humanidade!
Maravilhoso seu texto Brito, mais uma vez parabéns.
#Lula Livre.
Fernando Brito, meus parabéns pela lucidez, espero ansioso o seu artigo sobre a carta do fhgagac.
Canalhice,mais uma do velho safado.