A democracia brasileira está sob ataque do dinheiro.
Não apenas por dentro, porque o sistema de financiamento privado das eleições brasileiras transformou a política e as candidaturas em servas de uma arrecadação obscura. Mas sobretudo porque o mundo financeiro quer impor à população uma escolha, a ferro e fogo.
Com o auxílio da mídia, ameaça o país a cada instante em que a população, mesmo em pesquisas muito pouco confiáveis, mostra resistir à artilharia de mídia que despejam sobre ela a cada dia.
E está resistindo.
A elite econômica brasileira atirou-se numa empreitada suicida, qualquer que seja o resultado que ela tenha nas eleições.
Se vencer, e isto está difícil, mesmo com o seu imenso arsenal, vai lançar o país numa aventura messiânica, com um governo sem forças próprias e dependente apenas dos seus tutores, que são claramente identificados não apenas no mundo das finanças, mas também nos compromissos a que está presa, por mais que tente não parecer, a candidata Marina Silva.
Mesmo que esta lhe sirva como governante fraca e incapaz, será um empecilho ( e um retrocesso) para os processos de infra-estrutura que o país exige, independentemente do caminho que irá tomar e um objeto sem densidade a girar no turbilhão que virá das expectativas frustradas que desperta.
Se perder, estará obrigando a uma radicalização do processo político das forças hoje no Governo, que reaprenderam que a elas se tentará massacrar, pulverizar, destruir numa guerra sem quartel.
O tom da campanha está subindo de forma irreversível, antecipando-se o segundo turno ao primeiro.
Os processos de composição política, chave de todos o sucesso econômico do Brasil desde que Vargas equilibrou-se entre o PTB e o PSD, há mais de meio século, ameaça romper-se, porque não há espaço para a moderação quando a histeria udenista toma conta de todos os espaços à direita.
A direita brasileira extraiu de seu caldeirão um feitiço que, embora eu creia que vá se desfazer em parte diante da realidade, é maior do que ela mesma pode conjurar.
Dois anos de massacre às expectativas brasileiras de desenvolvimento vão cobrar seu preço, vença Dilma ou Marina.
Dilma, embora não tenha a simpatia natural de Lula, fez das tripas coração para proteger as estruturas produtivas deste país. O Estado brasileiro apoiou, estimulou, sacrificou-se para preservá-las.
O único que não fez foi submeter os trabalhadores ao arrocho salarial e ao desemprego, no resto foi concessiva.
A direita, e não a esquerda, empurra o Brasil ao caminho da radicalização.
E talvez, com isso, desperte os confrontos que os governos do PT se esforçaram por mitigar.
A História é caprichosa e, entretanto, inexorável.
Acontece, mais além do que a simples racionalidade poderia prever.
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É bom lembrar qual o ministro, que mesmo derrotado, `assentou` sobre o processo e está permitindo tal descalabro - financiamento empresarial. Alguma coisa terminada com Dantas!
Acabei de receber, da direita um video antigo sobre o MST, usado para atacar o REQUIÃO aqui no PARANÁ.. Chamando-o de Bolivariano e Chavista.
Coisa antiga,(acho que não tem dinheiro para produzir videos novos).
É de se perguntar se a direita sabe quem foi Símon Bolívar. Acho que o Requião dará o troco como deve ser dado.
Espero que o PT imite o Requião nos próximos anos (mesmo que perca a presidência existe o Congresso) e enfrente a mídia.
Pois eu acho que o único partido com comportamento do que se pode identificar como ESQUERDA,se ela existe além da imaginação fértil dos analistas de plantão,é o PCdoB.Não que eu concorde com o conceito ESQUERDA,já que poderia ser CANHOTA,ou outra coisa sinônima.É o único partido,que tem noção de tática e estratégia.O resto é um amontoado de grupos,onde uns puxam para um lado e outros para o outro.Me refiro aos outros todos partidos,considerados pelos SÁBIOS,como de esquerda.Outrossim,afirmo não ser filiado ao PCdoB.
Neste aspecto eu concordo com o Marco.
Voto no PCdB para os proporcionais.
Você tem toda razão, Marco. Sempre voto no PCdoB quando há candidato. É um partido autêntico de esquerda e espero que aconteça um movimento para que este partido substitua o PT ao longo do próximo mandato da Dilma, se houver.
Com certeza, Marcos o posicionamento mais coerente e com um bom senso de organização de país como um todo é sem dúvida do PCdoB.
Kkkkkkkkkkkkk! Que medo!!!!
Parabéns pelo post que põe o dedo na ferida: a direita quer a radicalização porque não aceita a democracia. Passaram 4 anos desconstruindo Dilma, o PT e as instituições democráticas. Não se deram ao trabalho de construir proposta própria minimamente viável eleitoralmente.
Se o PT responder com radicalização estará entrando em jogo que só interessa a quem não tem voto, aos golpistas de sempre.
Para aprofundar as transformações que estão apenas começando, temos que defender a legalidade e reforma política dentro dos marcos da legalidade atual.
Texto forte, caro jornalista! Forte! Real!
Com Campos a crítica ao governo Dilma era por suposta incompetência para avançar mais. Era, apenas, como dizer: “sou mais competente" ou, "minha esquerda é melhor que a sua”. Com Marina tudo ficou simples, suas posições comparadas às de Dilma explicita um antagonismo evidente. Nunca ficou tão claro para o eleitor saber o que pode esperar de uma ou de outra candidatura. A direita nunca se mostrou tanto. Poderia dar certo se estivéssemos vivendo o caos que a mídia tentou construir ao longo dos últimos dez anos, mas o eleitor não é tão bronco como o tratam. Espero.
Não entendi a frase "Dilma, embora não tenha a simpatia natural de Lula". Dilma foi uma candidata que Lula criou e lançou com todos os riscos que aquele lançamento em 2010 criaria. E não é perceptível, pelo menos para mim, que Lula esteja se empenhando menos agora do que em 2010 pela reeleição de Dilma. Considero esta frase infeliz uma intriga gratuita.
Também entendi como você, a princípio. Mas creio que a leitura correta é que Dilma não é tão simpática como Lula, que é um fenômeno nesse quesito.
Também doeu no meu ouvido...e meus botões saltaram das cáseas. Lula tinha vários nomes pesados da política que poderia escolher. E escolheu exatamente uma mulher que não tinha o perfil "politiqueiro" e acertou na mosca. Uns ajustes no coque aqui, um batom ali e muita determinação e coragem pra bater de frente com os maiores Bandidos do Brasil, e aí está...Dilma pronta para ser REELEITA pelo GRATO POVO BRASILEIRO!
É justamente isso que o Fernando disse.
Dilma não tem um rosto tão simpático quanto o do Lula.
Por outro lado penso que ela tem o rosto daquela diretora de escola que é brava ... mas depois que crescemos e começamos a entender como o mundo funciona, descobrimos que aquela diretora brava nos mostrava o melhor caminho.
É essa a imagem que tenho de Dilma e admiro: firme, forte, não se dobra.
É justamente este o perfil que espero de um bom presidente.
A frase foi mal construida,pelo que entendi. Deveria ser: Dilma não tem, , como o Lula, uma simpatia natural.Quer dizer inspira menos simpatia, ou émenos carismática, ou coisa que o valha.
Trocando em miúdos: guerra civil.
A direita tanto forçou uma espiral de radicalização, aposta tão alto em uma vitória de "tudo ou nada" que o país corre o risco de assistir ao nascimento de um conflito interno.
Brito, não vivi a época mas tenho para mim que a fervura já passou o nível de 1964. O regime democrático brasileiro aguenta mais que antes simplesmente porque o contexto internacional é outro.
E o PSOL hem? Quem ouve a fala da Luciana Gerno sem saber o partido pode achar que é mais uma demagoga de um Solidariedade da vida.. triste a falta de visão e estratégia dessa extremaesquerda, que se enraivece tanto que parece mais é uma extrema direita.