Depois de duas semanas tratando como “conversinha”, finalmente as autoridades públicas começam a admitir que o país está vivendo um forte e preocupante aumento no número de casos – e logo veremos as mortes que deles advirão.
Ninguém, é claro, queria falar na necessidade de interromper atividades durante o processo eleitoral, mesmo que isso nos vá fazer perder, logo, logo, centenas ou milhares de vidas de pessoas que se contaminaram nas escandalosas aglomerações ou pelo vírus levado por quem estava lá.
A manipulação política – e cruel – de que “só morrem os idosos” escondeu o fato de que a contaminaçãose espalha, sobretudo, através dos mais jovens, exatamento porque circulam mais e se protegem menos. O Escritório Nacional de Estatísticas do governo do Reino Unido mostra que a taxa de infecção entre crianças e jovens em idade escolar (7 a 24 anos) é o dobro da encontrada entre idosos (50 a 69 anos e os de 70 e mais).
São Paulo já cogita em fechar parte do comércio e serviços; o Rio tem quase uma centena de pessoas na fila de espera para um leito.
O “pergunte ao vírus” presidencial está sendo respondido e a relutância em tomar medidas duras no período de festas de final do ano vai cobrar um alto preço e por mais tempo, pois as confusões envolvendo a vacina Astrazêneca-Oxford (justo aquela que temos contratada em maior quantidade e em vias de ser produzida na planta industrial da Fiocruz) parece indicar que ela, pela imprecisão dos testes clínicos, demorará mais tempo antes de ser homologada.
Estamos numa situação potencialmente (por enquanto) pior do que na primeira onda, pois jamais se voltará a conseguir o grau de isolamento social (ainda que precário) alcançado no primeiro semestre do ano.
E os abutres, os cultores da morte, os monstros que nos governo se servirão do cansaço e da revolta paraatirar nossa gente no meio de um novo desastre sanitário.