Embora O Globo e a Folha estejam à frente do “departamento de agitação e propaganda”, não se espere, a princípio, que estes sejam sequer a sombra das manifestações do ano passado.
Porque o que se tem hoje é muito mais a mobilização dos movimentos organizados de sindicatos, sem-teto e outros grupos de interesse do que o movimento de setores da classe-média – coxinhas à frente – que marcou aqueles momentos.
A página de eventos promovida pelos “black blocs” do Rio, convocando para a manifestação da Central do Brasil – onde vão tentar pegar “carona” no movimento dos rodoviários, tem magras 300 confirmações de presença, contra as dezenas de milhares dos “áureos tempos”.
Os governos estaduais parecem menos propensos à reações brutais e descabidas que tiveram no ano passado. Seja porque, em São Paulo, Geraldo Alckmin esteja com seca pelo pescoço, seja porque, no Rio, Luis Fernando Pezão não seja homem dado aos “chiliques” que caracterizam Sérgio Cabral.
Quanto aos movimentos grevistas, não devem ser encarados jamais com hostilidade, mesmo que aqui e ali possa haver certo oportunismo irresponsável.
Como é que categorias profissionais não vão aproveitar o destaque e a simpatia da mídia por suas greves e manifestações, sempre abafadas e combatidas pela grande imprensa?
O Brasil não deve, jamais, confundir a exibição de nossos progressos com a ocultação de nossas misérias.
Afinal, durante 512 anos de nossa história não teve Copa, mas também não houve moradia, nem salário justo, nem escolas e saúde “padrão Fifa”.
Outro dia, num acesso de ódio político, o cantor Ney Matogrosso disse que saúde e educação no Brasil eram “exemplares” nos anos 50.
Como assim, Ney, se morriam 128 em cada mil crianças nascidas vivas, dez vezes mais do que hoje e só um quarto das crianças e jovens iam à escola?
Mas já que querem “padrão Fifa”, agora, seria bom que o Governo aprofundasse mais os programas sociais.
Afinal, esta é “a voz das ruas”.
Não há nada que deva ser combatido em ir às ruas pedir um Brasil melhor.
Desde que se abra o olho para isso não ajudar a volta do Brasil pior.
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Desculpe colocar essa citação meio que fora de contexto mas no programa abaixo do Democracy Now sobre a espionagem do NSA por volta dos 24 minutos a Petrobras e a Dilma são citados. Pronunciamento dela na ONU é citado como um exemplo de liderança. É claro que isso sairá na nossa midia PIG.
http://www.democracynow.org/shows/2014/5/13
Perfeito !
Mas, assim como black blocs devem ser rejeitados, sindicalistas que mobilizam na base da intimidação e da força também devem ser discriminados. Porque não discrimina-los é apoia-los. As manifestações populares não tem que ser ilegais, nem tem que prejudicar ninguém. O Brasil de hoje é um país apenas menos injusto que no passado. Os coxinhas tiveram o mérito de desnudar isso. O povo quer mais e quer agora.
Só quem somha supera limites. Vamos sonhar, então. Sem medo, de preferência.
O Diário da Região de SJRP:Corredoria vê dano em Pasta ligada a Paulinho Pelego da Força Sindical.
Ratificando:Corregedoria.
Vi hoje de manhã a cobertura disso e dizendo que era pelos "gastos excessivos da Copa". Faz mais de um ano que estou esperando detalharam quais gastos são esses e de onde eles vem.
Mesmo que não tivesse a Copa e a Olimpíada não quer dizer que qualquer centavo entraria nos outros orçamentos.
mudamais.com/sites/default/files/img_interna_conteudo/images/saude(1).png
mudamais.com/sites/default/files/img_interna_conteudo/images/EUCACAO.png
Em todas as manifestaçoes programadas pelo PIG vamos participar levando nossos CARTAZES E FAIXAS contra a GLOBO e o PIG.
O Ney Matogrosso faz parte de uma classe tão privilegiada, que até a opção sexual ele pode escolher sem o preconceito imposto ao povo pobre do Brasil.
Comentário perfeito, Júlio.
Numa linha apenas você desvelou definitivamente a hipocrisia abjeta do infeliz e daqueles que porventura apoiaram sua opinião desvairada.
O Ney Matogrosso é saudosista de um Estado que só atendia a uma classe média urbana sulista.
Na verdade havia mesmo algumas instituições de saúde e educação no Brasil que eram mesmo exemplares (sem aspas) nos anos 50, mas que só atendiam a uma classe média, que hoje recorre ao setor privado.
Nas periferias, nas favelas, nos cortiços, no interior, e no sertão, o abandono era total.
O Ney e seus familiares não viviam nesse universo social, na qual morriam 128 em cada mil crianças nascidas vivas, ou dez vezes mais do que hoje e só um quarto das crianças e jovens iam à escola
Essa classe média vê o restante do povo como o personagem Jeca Tatu de Monteiro Lobato, pessoas inferiores que atrasam o progresso do Brasil, mas sem querer fazer nada por eles, apenas reclamar de sua existência.
Hoje temos o desafio de levar Saúde (saneamento básico, inclusive) e Educação para todos, a universalização destes serviços.
Aqui em Bh está prevista manifestação com mais de 12 mil pessoas. Vamos aguardar...
São robôs aecistas ou servidores do estado convocados?
o amigão da UNIMEP, o sr. sabia que seu ídolo ficou oito anos governando o país e não construiu sequer uma universidade e zero escolas técnicas. É esta educação padrão fifa que vocês querem trazer de volta.