A regra Bolsonaro: ter trabalho e não ter direitos

Anaïs Fernandes e Laísa Dall’Agnol, na Folha, publicam hoje uma reportagem que ilustra muito bem aquela fala de Jair Bolsonaro de que os trabalhadores teriam de escolher entre não ter direitos ou não ter trabalho.

Contam como moradores de rua, que vão se refugiar nos abrigos públicos de São Paulo, foram levados em vans por agenciadores de miseráveis para trabalhar na montagem de palco, equipamentos e estruturas do festival Loolapaloza, uma franquia internacional que rende centenas de milhões de dólares.

Foram montar um show onde o ingresso custa R$ 800. Para não ser injusto, há uma “meia” para estudantes de baixa renda que sai por “apenas” R$ 400 por noite”.

Por 12 horas de trabalho, das oito da manhã às oito da noite, ganharam R$ 50 por dia.

O dia inteiro, sob sol e chuva, carregando peso, parando apenas para devorar um marmitex.

Será que o nosso presidente chamaria quem recusasse isso de va-ga-bun-do?

O festival orgulha-se de sua “sustentabilidade” e de como reaproveita o lixo. Claro está que o lixo humano que usa para ser montado não conta.

Já tinha sido denunciado ano passado, mas o caso foi para a gaveta da insensibilidade de senhores procuradores que ganham os mesmos 50 reais a cada dois minutos de trabalho.

Os críticos dizem que os coitados gastam a miséria que recebem em álcool e drogas. Deveriam gastar em champagne e cruzeiros em alto mar?

A classe dominante brasileira não consegue entender que, quando destrói os valores pagos pelo trabalho humano, destrói o valor do trabalho para o ser humano.

Destrói o próprio ser humano, assim. E um dia destruirá a si mesma.

Fernando Brito:

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  • Abundância de escravos... Este deve ser o "paraíso" prometido pelo Tchutchuca... É só ir à rua e estender a mão com 50 reais, que você tem pizzaiolos, jardineiros, motoristas e até engenheiros para trabalharem o dia inteiro sem direito nem a vale refeição e nem a vale transporte.

  • Nestes dias, esteve aqui em minha propriedade rural no sertão baiano um cidadão que veio comprar alguns animais (crio caprinos). O seu veículo é um imenso caminhão. Conversando com ele sobre quanto pagava ao motorista por més ele respondeu-me que agora preferia pagar diária (R$ 50,00). A acrescentou orgulhoso: "mas é por minha conta", ou seja, um almoço de R$ 10,00 na beira da estrada. Estamos falando de um profissional experiente com responsabilidade sobre um veículo muito caro, sua carga e as pessoas.

  • Matéria prima do capitalismo é a mão de obra barata! Quanto menos se pagar e mais horas a pessoa trabalhar, maior será o lucro! São esses exploradores que deram o golpe e bateram panelas, cambada de FDP!

  • Eu pago 40,00 pra cortar duas carreiras de grama no meu pátio, 30 minutos de serviço...

  • A isso dá-se o nome de capitalismo. Foi pra isso que prenderam o Lula, para poder montar essa estrutura de mão de obra barata e eliminação de direitos.

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