A resposta do Tijolaço à Globo

 

Enviei o seguinte e-mail à Globo, da mesma forma que recebi sua notificação.

Senhor João Roberto Marinho.

Recebi com atraso, por ter sido feita por e-mail “fale conosco” e se desviado para a caixa de “spam”, a comunicação de Vossa Senhoria. Com o noticiário sobre a notificação a outros blogs, pedi para verificar e a mesma, encontrada, foi imediatamente publicada, a guisa de direito de resposta que este blog não se recusou, não se recusa e não se recusará a conceder, de plano, a qualquer pessoa.

Assim, creio ter sido atendido o “pedido de retificação” feito por V. Sa. e, a seguir, como solicitado, em cada matéria, será colocado um link para a publicação integral da missiva enviada.

Bem assim, fica desde já o blog à disposição para qualquer esclarecimento que deseje o senhor oferecer à opinião pública, embora com microscópico alcance perto do império de comunicação que V.Sa. dirige.

Quanto à relação entre a mansão citada e a Família Marinho, certamente não há de desconhecer V. Sa. que foi noticiada pela prestigiosa Bloomberg, em 7 de março de 2012, sob o título “Brazil’s Rich Show No Shame Building Homes in Nature Preservese nos seguintes termos:

Heirs to Roberto Marinho, who created Organizacoes Globo, South America’s biggest media group, built a 1,300-square-meter (14,000-square-foot) home, helipad and swimming pool in part of the Atlantic coastal forest that by law is supposed to be untouched because of its ecology.

E, a seguir, na mesma reportagem:

Modernist Home

That’s the case with the Marinho media family. The Marinhos broke environmental laws by building a 1,300-square-meter mansion just off Santa Rita beach, near Paraty, says Graziela Moraes Barros, an inspector at ICMBio.

Without permits, the family in 2008 built a modernist home between two wide, independent concrete blocks sheathed in glass, Barros says. The Marinho home has won several architectural honors, including the 2010 Wallpaper Design Award.

The Marinhos added a swimming pool on the public beach and cleared protected jungle to make room for a helipad, says Barros, who participated in a raid of the property as part of the federal prosecutors office’s lawsuit against construction on the land.

“This one house provides examples of some of the most serious environmental crimes we see in the region,” Barros says. “A lot of people say the Marinhos rule Brazil. The beach house shows the family certainly thinks they are above the law.”

Ao que se tenha notícia, o referido texto, em publicação internacional de renome e alcance não mereceu a preocupação que, como é de seu direito, foi manifestada sobre este blog, de representar ” ofensa ao notificante e aos demais integrantes da família Marinho”.

Assim como nas inúmeras republicações que tal texto recebeu, total ou parcialmente, no UOL/Folha (Revista acusa família Marinho e Camargo Correa de construir mansões em áreas de preservação, em 18 de março do mesmo ano) ou a CartaCapital, de 15 de março, (RJ: Milionários destroem mata nativa com mansões).

As demais conexões partiram, claro, da razoável compreensão, ante a inação descrita (mormente de uma imensa empresa de comunicação, que monitora continuamente sua imagem pública)  de que a ligação entre a proprietária formal da casa – a Agropecuária Veine e de sua controladora Vaincre LCC – seria, de fato, uma ligação com quem lhe foi apontado como proprietário real e, mesmo dispondo de todos os meios para fazê-lo, não esclareceu que, como afirma em seu texto, que “a casa em questão e as empresas citadas na matéria não pertencem, direta ou indiretamente, ao notificante ou a qualquer um dos demais integrantes da família Marinho”.

Aliás, se me permite tratá-lo como colega jornalista  – e foi em O Globo que dei meus primeiros passos na profissão, em 1978 – tomo a liberdade – quem sabe a ousadia – de sugerir que as emissoras de TV, rádio, sites e jornais de suas Organizações, então, produzam, com os meios abundantes e o profissionalismo que reconheço em seus colaboradores, uma apuração sobre quem, afinal, é o proprietário ou usufrutuário daquela joia arquitetônica que, desafortunadamente, invadiu área de preservação ambiental e privatizou uma praia antes pública, em  que pese ser remota.

Sei que o tema ambiental é caro às suas Organizações e cito como exemplo a reportagem Construções irregulares avançam em 25 ilhas de Paraty, em O Globo, quando a referida construção já havia sido repetidamente multada e tinha ordem até de demolição mas que, certamente num lapso, não foi uma das irregularidades abordadas.

É uma imperdível oportunidade de sanear aquela omissão, naturalmente involuntária.

Creio que se estará, assim,  prestando um serviço público de alta relevância ao revelar quem, afinal, se oculta sob uma agropecuária para empreender uma edificação de altíssimo luxo. Este blog se comprazerá de aplaudir a ação cidadã das Organizações Globo em mostrar ao povo brasileiro quem, de fato, se aproveita daquele templo no paraíso.

Sempre à disposição para qualquer pedido de esclarecimento, fica um e-mail onde se poderá fazer de imediato qualquer contato que, com prazer e interesse público, será aqui imediatamente atendido. 

Permita-me, à guisa de conclusão, citar um ditado gaúcho – convivi muito com um deles e absorvi seus traços de honra e dignidade: “a luta não nos quita a fidalguia”.

Atenciosamente,

Fernando Brito, editor do Tijolaço.

Fernando Brito:

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  • Daqui a alguns anos os Blogs sujos serão lembrados como na época da ditadura, os que com coragem a confrontaram, certamente Fernando, você será um dos NOBRES que atualmente enfrentam o DRAGÃO DA MALDADE..
    Você Fernando é uma estrela, BRILHE!!!

  • o direito de resposta que a justiça deu a Brizola no JN, escrito por você, com certeza ainda não foi digerido por esses distintos senhores.

  • Se a mansão ilegal não é deles e eles a frequentam, como já intensamente divulgado, o MP e a PF (ha, ha, ha, ...) não poderiam investigar a quem pertence e intimá-los a dar depoimentos para esclarecer o que sabem? Se o caso tem características de lavagem de dinheiro, eles tem muitas explicações a dar como frequentadores do local. Mas ainda acho que esse e-mail é falso. Essa turma não age dessa forma. Parte logo para o jogo bruto, escorada na Polícia, no MP e no Judiciários que lhes dão proteção. Seus prepostos da afiliada aqui no Pará agem dessa forma quando querem calar jornalistas que lhes são empecilho. Estou com o blog e não abro.

  • Não ligo minha tv na globo a não ser no futebol(pois o locutor da band grita muito, não dá), mas por esses dias vou tentar assistir noticiários a espera de reportagem de sua sugestão Fernando. Parabéns.

  • Penso que a concessão da Globo devia ser cassada imediatamente pelo governo, em vista do interesse público. A jovem Democracia brasileira não precisa de uma concessão midiática "pública" que historicamente insiste em sabotar a própria democracia. O governo devia se dar o respeito, e não se tornar refém desta aberração! E depois deixa que esperneiem!

    • Adorei a ideia, será que não pode gerar uma enquete, a pessoa deixa o nome e email e amos ver no que dá. Adoraria saber quantos pensam como eu e a enquete seria espalhada por todos os "blogs marrons". Achei legal. Será que alguém entende de mídia eletrônica para fazer uma enquete dessas? Eu assino.

  • Taí uma boa idéia: criar um abaixo assinado digital pedindo para a Globo fazer uma matéria investigativa sobre quem é o verdadeiro dono da Paraty House!

  • Que tijolada, a cabeça do marinho vai doer um mês inteiro! Esse é o espírito.

  • Que bom!. A Globo está ligada aqui, lendo tudo. Por certo vai ler também o que eu escrevi. Então vou aproveitar a ocasião para desejar que a falência os alcance e que morram à míngua atacados pelo Zika Virus.

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