Jair Bolsonaro disse, na tarde desta quarta-feira (29/9), que, “se Deus quiser”, o preço do gás de cozinha vai cair pela metade.
E como é o “se deus quiser” de Bolsonaro?
Simples, liberar a “venda direta” de gás a particulares direto nas refinarias que o produzem (o gás de botijão é produzido durante o refino de petróleo).
Ou seja, o envasamento, o transporte, a distribuição e tudo que existe entre a produção e o consumo poderia ser feito por qualquer um.
Como não se espera que a Dona Fulana, lá da comunidade de Vila Esperança, vá pegar o seu carrinho de mão e ir fazer fila na porta da Refinaria de Paulínia ou na de Duque de Caxias, supõe-se que alguém vá se fazer de intermediário, o que hoje é feito pelas distribuidoras e entrepostos de venda.
Quem seriam estas almas caridosas, que disporiam de meios para comprar, abastecer, transportar e revender centenas, milhares, centenas de milhares de botijões? Porque, certamente, não seria de um em um, na mala do carro, não é?
Todas elas teriam equipamento para fazer isso com segurança ou estaríamos sujeitos a um acidente que fizesse explodir cinco, dez, 50 botijões no meio de uma rua cheia de passantes?
Sabe que é que vai fazer isso? As milícias, que já estão no ramo, cobrando taxa dos entrepostos de venda nos subúrbios e nas comunidades, sem o que o vendedor não consegue operar?
Tomara que a “solução” Bolsonaro não se estenda à gasolina, que também está pela hora da morte, para as pessoas não terem de fazer fila ao lado das torres de refinarias para abastecer o fusquinha.
O sujeito que nos preside, além de ignorante, é um covarde, porque não assume os problemas de sua gestão e, pior, quer iludir a população atirando a “culpa” nas distribuidoras e revendedores, que sempre existiram e que, simplesmente, vai ser substituído – e certamente com bom lucro – por grupos particulares, sabe-se lá de que natureza.
Ou melhor, sabe-se bem quem serão.