O desembarque das primeiras 120 mil doses da vacina chinesa, que no próximo ano será fabricada aqui pelo Instituto Butantan, é a melhor notícia do dia.
Ótima, desde que interpretada com moderação.
Temos 210 milhões de pessoas a vacinar, espalhadas em 8,5 milhões de km².
Só isso torna tudo muito diferente de países menores em área e população.
420 milhões de doses – pois são duas para cada pessoa – são uma quantidade inimaginável de vacinas e, pior, de logística.
Mesmo com toda a tradição brasileira de organizar campanhas de vacinação, jamais tivemos uma operação deste volume e, ao menos no caso da vacina da Pfeizer, se ela for adquirida, com tamanhas exigências de transporte e armazenamento, pela necessidade de permanecer abaixo de – 70° C.
Não há nenhuma possibilidade de usar um só tipo de vacina, pela questão da quantidade de doses de que se poderá dispor e transportar. Cas três que despontam para uso: a de Oxford, a da Pfeizer e a da Sinovac, só a última suporta ser liofilizada, isto é, desidratada e depois reconstituída para aplicação.
Não haverá, portanto, prevalência da cobertura vacinal até o final de 2021 e talvez a cobertura em volume que assegure a redução a níveis muito pequenos da Covid só se alcance no final de 2022 ou início de 2023.
Por uma razão bem simples: não haverá quantidade que baste.
Portanto, é bom evitar que, no momento em que estamos sob ameaça de uma segunda onda (ou um recrudescimento da primeira, como queiram) a perspectiva de vacina já sirva como fator de relaxamento das precauções contra o contágio, já de resto quase abandonadas.