Abaixo a selvageria!

Tive de sair para resolver uns problemas de banco e até lá sou atropelado pela selvageria crescente em nosso Brasil.

Explico.

Por acaso, descobri que o veterano funcionário do  Banco do Brasil  que fazia o primeiro atendimento  estudou na mesma adorável escola que eu, há mais de 40 anos: ele até 73 e eu, a partir daí.

Uma incrível coincidência, os dois alunos do curso de “Máquinas e Motores” da Escola Técnica Federal Celso Suckow da Fonseca, no Rio, antes Escola Técnica Nacional, criada em 42, no Governo Vargas – e esta história é outra, também fascinante).

Duas frases, um minuto, um aperto de mão.

Foi o bastante para a senhora que acabara de chegar, à qual dei lugar, explicando que era um reencontro de quatro décadas, fuzilasse: “não me interessa, estou com pressa”.

Assim, aos coices.

Mas o mundo tem tantas coisas boas que, ao voltar para o computador, encontro uma mensagem de outro velho amigo, o editor Luís Augusto Erthal, com a foto aí de cima.

É uma invenção do artista argentino Raul Lemesoff: um “tanque de guerra” carregado de livros, ao qual chamou de “Arma de Educação em Massa” e que circula pelas ruas de Buenos Aires dando e recebendo livros, com a única condição de que os leiam, como publicou, há poucos dias, o site Semana.

E olha que Buenos Aires sozinha tem mais livrarias que o Brasil!

Lemesoff fez o “tanque”, ironicamente, sobre um  velho Ford Falcon, que ficou tristemente famoso naquele país por ser o carro usado pelas forças de segurança, durante a ditadura, para sequestrar e fazer desaparecer os adversários do regime.

Ontem, quando escrevi sobre a experîência de minha turma de faculdade, alguns acharam inocente ou ingênuo, como se um blog de política tivesse sempre de tratar da política dos políticos e não da política das relações humanas.

Não é não, meus amigos: teimem pela delicadeza, insistam.

Está em jogo “apenas” a civilização humana.

Fernando Brito:

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  • Também estudei ali, Fernando, já sob o nome de CEFET CSF de 86 a 89.
    Estudando ali votei para presidente pela primeira vez.

  • Duas observaòoes:
    1- tentei mas nao passei no exame pra CS,em 70, fiquei muito chateado, provas no "velho" Maraca, .....
    2- seus textos sao maravilhosos, erre à vontade, mas va em frente, a vida è quem pede,GRANDE parceiro!

  • Também fico impressionado coma agressividade e a falta de educação das pessoas. Não existe mais o bom dia, por favor, muito obrigado, de nada.

  • O engraçado é que as frases que vc mais escuta dos brasileiros em Miami e Orlando é "excuse me" e "I'm sorry". Lá os brasileiros pedem licença pra tudo (embora ainda sejam considerados os turistas mais mal educados que lá frequentam). Por que será que brasileiro só tenta ser educado quando visita o Tio Sam? Finge ser outra coisa ou é puro respeito e submissão mesmo? Aqui ninguém te pede licença pra nada, entram no elevador antes de vc sair, não te falam bom dia quando vc entra numa loja... etc. etc. São os mesmos coxinhas mal educados e corruptos que pedem respeito dos políticos.

  • São Paulo mostrou a cara, e ela está cheia de ódio.

    • Esse foi o dia que a madame saiu pra rua junto com o skinhead white power e os dois fizeram joinha um pro outro e quase se abraçaram.

  • Onde está o seu texto sobre a sua experiência de sua turma de faculdade? Faço questão de ler, você é o meu jornalista preferido.

  • Parabéns pela luta, sem perder a educação e a delicadeza e o respeito à alteridade

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