Acorde para se abrigar dos tiros. A rotina de uma guerra perdida

Seis e meia da manhã: trabalhadores saindo para ganhar a vida, mães e avós levando crianças à escola, como é típico no bairros pobres.

Foi justo este horário que a Polícia Militar do Rio de Janeiro escolheu para invadir, hoje, o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, com “caveirões” e um helicóptero blindado.

Há uma chuva de balas, evidente, com gente bastante nas ruas para que virem “perdidas”. Um policial está ferido.

Seis escolas e cinco creches fecharam às pressas, distribuindo avisos pelo “zap” aos pais.

É o 301° tiroteio este ano no Alemão, contra 127 em 2018.

Antes de argumentar, pense nisso acontecendo em sua rua, a esta hora, nesta quantidade de vezes em que se repete.

Pense também se haverá menos tráfico por lá, amanhã.

Mas, com certeza, haverá mais tiros.

 

 

Fernando Brito:

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  • “Exótico” deve ser a palavra mais canalha das línguas indo-européias. Parece inocente, mas seu uso esconde o seguinte raciocínio: ‘você é tão diferente de mim que só posso te enxergar como se fosses uma peça de museu, algo totalmente dissociado de minha realidade’. Pois bem, os cidadãos brasileiros que não se encaixam no estereótipo das propagandas - Branco, classe média alta, bem-sucedido, feliz e limpinho - é tratado por nossa oligarMidia como um ser exótico. Partilhamos o mesmo território por acidente. Quando um repórter se arrisca nesse território exótico, é como correspondente em um país africano, estranho, hostil. É tudo formatado para mostrar que, veja, esses selvagens não conseguem viver na Civilização. Exóticos. Só o Brito consegue mostrar que são verdadeiros brasileiros, com mais dores e temores, mais tristezas e dificuldades, mas mais esperançosos e determinados. Espero que os ‘exóticos’ vençam, eu odiaria ver os bandidos triunfando.

    • Desculpa semelhante foi usada pelo nazismo para massacrar poloneses e russos. Algo como "aquilo não é gente"

      • Exato. O povo que vejo mais usar essa palavra é o americano. Percebo que se trata de um método para destruir e evitar empatia com alguma potencial ‘vitima’ do Estado americano. Árabes, muçulmanos, “latinos” (outro guarda-chuva desumanizante), LGBTs, tudo é exótico... observe, até admire, mas não interaja... não existe significado positivo em nenhuma interpretação que você faça da palavra ‘exótico’.

    • Exótico ou nativo, infelizmente, esse povo que hoje é alvo de bala perdida e de bala bem direcionada pelos assassinos do Witzel, foi fundamental para colocar esse psicopata nazista no governo do estado. A classe cheirosa da zona sul não teria todo esse poder, pois lhe faltam mais cheirosos para fechar a contagem dos votos. A cambada evangélica, sobretudo, moradora desses lugares pobres é responsável pelo terror hoje vivido, mas tem também os pobres de direita e os escravos mentais da globo. Só se esqueceram de quem lhes assegurou, por algum tempo, ares de cidadania. Então, não foram só os perfumados que fizeram essa merda. Culpa do Lula, do PT..., do PT, principalmente, que se acostumou aos gabinetes caros e ao ar refrigerado e se esqueceu de como é sujar a sola do sapato caro e ir falar com quem, mais do que fornecedor de votos, era o nosso objetivo, o motivo de toda a luta. Afinal, ninguém é perfeito mesmo... e, pelas convicções dos ora senhores da nação, são só números. Aguardemos o tiroteio de amanhã. Pode ser que, em certo momento, no meio do barulho, eles acordem e se levantem.

  • Esse horário foi escolhido justamente para potencializar o efeito dessa operação.
    Quanto mais mortos, melhor. Se são inocentes ou culpados, pouco importa, são pobres.
    E, agora às portas fechadas (para os chatos dos jornalistas progressistas não estragarem sua festa), witzel vai comemorar.

    • Fiéis de igrejas evangélicas em peso, especialmente da Igreja Universal, orientados por pastores. Já iam com a "colinha" pronta para a seção eleitoral. Eu presenciei e uma amiga minha que foi chefe de seção também testemunhou isso. Witzel era um ilustre desconhecido dos fluminenses até essa eleição. Witzel é ligado às milícias e igrejas evangélicas. Foi voto de cabresto muito bem articulado.

  • Quem se arrependeu? Está na hora de ir para rua tirar os inconvenientes.

  • Isso não é guerra a crime, é para aterrorizar e submeter a população.

  • Tudo consequência do narcotráfico patrocinado pela banca. Aécio e Perrela se regozijam.

  • No Complexo, na Maré e nas centenas de Comunidades do Rio o Vitizél ganhou, é não?
    Então o "cabaré" vai queimar, queimar.

  • A incompetência no combate à violência urbana faz parte da visão de COMO se combate própria violência. Todos sabem que os traficantes e milicianos estão mesclados nas áreas habitadas por pessoas humildes e trabalhadoras. Esse mecanismo garante um escudo aos criminosos. Entrar atirando nas comunidades pobres é uma atitude nojenta e irracional. Será que não há inteligência nas autoridades constituídas? O que se combateu de criminalidade com a intervenção do exército no Rio? A operação serviu para cobrir o rabo de Temer e gastou tubos de dinheiro. Funcionou?

  • Os idiotas úteis que são a favor disso mal sabem (ou fingem não saber) que isso é uma disputa por ponto de tráfico pra substituir os traficantes da favela pelos da milícia (ou PARAMILITARES, proibidos pela - pausa para risadas. - constituição).

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