A Samarco acaba de firmar um acordo de R$ 1 bilhão – cerca de US$ 250 milhões) como compensação aos danos causados pelo rompimento de sua barragem em Mariana, Minas Gerais.
Nada contra, embora pareça pouco para reparar – quando é reparável – o estrago feito a terra, matas e vidas, inclusive as humanas, perdidas ou precarizadas.
E pouco perto do que faturaram – menos de um mês de seu faturamento, de US$ 3,3 bilhões no ano de 2013 – e pouco perto do que lucram – 13% de seus lucros (“ebtida”, antes de de juros, impostos e depreciação).
A turma de Mariana e rio abaixo perdeu bem mais que isso, proporcionalmente.
Mas o que chama a atenção é a exclusão completa de quem deveria ser o grande controlador deste processo, o poder público.
Os planos de recuperação serão feitos por ONGs, escolhidas sabe-se lá por quem.
Nas ações, é a Samarco que escolhe como e com quem gastará o dinheiro e o MP (federal e estadual) contrata uma auditoria para ver se tudo está sendo bem aplicado.
Tomara que contrate melhor do que contratou a auditoria que, em julho, atestou a segurança da barragem.
De qualquer forma, topar um acordo de R$ 1 bilhão é sinal de que há culpa, muita culpa, no cartório da Samarco.
Espera-se que a pronta liberalidade da empresa e a rápida concordância do MP não signifiquem que vão se perder as responsabilidades administrativas, cíveis e criminais de quem proporcionou tamanho desastre.
Até agora não apareceu um que tivesse – como há sinais de que tenha ocorrido – ordenado a operação imprudente do despejo de rejeitos, já que todos, até o MP, concordam que “não foi uma fatalidade”
PS. Hoje, um dia depois do acordo, o Estadão dá que há estimativas de danos entre R$ 10 e 14 bilhões, ou de10 a 14 vezes maior que o valor estimado pelo MP. Ainda é cedo para dizer quanto será necessário para reduzir os danos, mas não é cedo para dizer que é pouco, muito pouco o que o MP, apressadamente, acordou com a mineradora.
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Ficou barato demais. O crime (mesmo não intencional) compensa.
Ficou barato, afinal somos todos franceses.
Ficou muito barato. Na verdade nada do que a causadora da catástrofe possa pagar poderá compensar o estrago. Nunca mais o ambiente atingido será o mesmo. Seja em 100, 300 ou 500 anos. Como era ? nunca.
Estrago assumido, urgentemente deve-se vistoriar todos os outros empreendimentos que exploram (devastam) MG e outros estados.
Agora, porém, acendeu um sinal amarelo para empreendimentos deste tipo.
Por mim a pena seria a reestatização sem indenização. Mas é querer demais da nossa presidenta. Mineração é atividade por demais predatória para estar nas selvagens mãos capitalistas.
Concordo plenamente! E o coração de nossa Presidenta (todos sabem agora) não é tão valente quanto fora apregoado, é mais uma peça de marketing.
A lama já chegou ao mar ? Já se sabe o dano,provocado avida marinha ?
Há um tempo a VALE tirou de seu nome o Rio Doce. Agora tirou o Rio Doce do mapa. Simples.
Saiu muito barato.
E a mídia se cala. A Vale irriga a Globo e o PSDB de dinheiro.
Se a Samarco (Vale) está querendo pagar um bilhão de reais de indenização num rápido acordo com o MP, é porque ela deve estar contente em pagar tal montante e se livrar de processos. A Justiça não deve e nem pode aceitar esse acordo do MP. A Justiça tem que condenar essa empresa nos campos cíveis, criminais e ambientais. Ela tem que reconstruir a moradia das pessoas de Mariana, tem que limpar a área poluída em Mariana e reflorestar a mesma. Fora de Mariana essa empresa tem que pagar todos os prejuízos pela falta de água das cidades que usavam as águas do Rio Doce. A Vale tem que se responsabilizada civilmente pela recuperação do Rio Doce. Provavelmente um bilhão de reais não será suficiente para tudo isto. E não pode ser essa empresa a determinar como serão os gastos e sim o Estado e seus órgãos de fiscalização.
Acho muito pouco. E também acho inexplicável a ausência do poder público. quem são os presidentes dessas empresas? Por que não sai nome ou foto deles ou delas?
MP de minas que faz vista grossa pra o que o Nécio fez, nessa atitude tira do meio de campo o governo de Minas, o Governo Federal e mantém por baixo do tapete a sujeita toda, que pode ter consciência das inconfromidades e quem sabe até pareceres amigos.
Isso FB... Quem vai fiscalizar essa recuperação?
Essa grana não dará nem pro começo.
São 500 km de estragos.
Sem falar nas vítimas...
Agora, mais do que nunca, o trabalho do Sebastião Salgado é fundamental, imprescindível, ou seja, a recuperação das nascentes do rio.