As faixas e cartazes carregados pelas falanges bolsonaristas, pedindo intervenção militar afinal, se concretizaram de maneira irônica e perigosa.
Houve uma intervenção, afinal, mas uma intervenção presidencial sobre as Forças Armadas.
Tentou-se dourar a pílula, espalhando versões “honrosas” para uma crise militar que seria provocada pelo desconforto dos chefes militares com o Bolsonaro.
A verdade já está clara.
Foi o presidente da República, atropelando todas as cerimônias, quem demitiu sumariamente o Ministro da Defesa e os três comandantes militares.
Não lhes queria oferecer sequer uma saída digna, num processo de transmissão de comando regular e respeitosa.
Não, mandou o ministro Braga Netto degolá-los sumariamente, um gesto que mancha, indelevelmente, o comportamento deste general que ascende ao ministério salpicado pela ação desonrosa contra generais.
Reconheça-se que os ex-comandantes têm reagido galhardamente, inclusive em manifestações públicas, como a do comandante afastado da Aeronáutica, que diz tudo sem usar agressões indevidas. Mas claramente, encarnou a frase de Calderón de la Barca: “Ao rei tudo, menos a honra”.
Quem os substituir não só sabe que que está assumindo o comando no lugar de um companheiro de armas injustiçado quanto, também, que terão a imagem de interventores de Jair Bolsonaro em suas Armas e a de oficiais que chegam ao cargo não por méritos, mas por se disporem a um jogo político sujo contra seus próprios pares.
Merecendo ou não, comandarão tropas cuja função foi definida pelo próprio Jair Bolsonaro, a de serem o “seu” Exército.
E a ideia de Bolsonaro sobre força armada é a de milícia.