Agir agora, para evitar o ‘eu sou você, amanhã’

Durante muitos anos, nas décadas de 80 e 90, usou-se o bordão de um comercial de TV – “Eu sou você, amanhã” – para relacionar as economia e as crises políticas de Brasil e Argentina.

O atentado contra Cristina Kirchner, ontem à noite, causa arrepios também por este motivo.

Independente do autor do atentado ser natural do Brasil, o que traz a proximidade são duas coisas: o ódio político sem limites e a possibilidade de qualquer um ter uma arma à mão para ameaçar ou matar.

E isso influi sobre nossa campanha, sim.

Intimida e é imprescindível que, nesta reta final que não nos intimidem.

Ao ódio, responde-se com coragem, como certamente o fará hoje o povo argentino.

O silêncio de Jair Bolsonaro, até este momento, é inexplicável, senão pelo desejo cúmplice de que ali devesse mesmo ter ocorrido uma morte.

É ele quem mais tem feito apelos a que as pessoas se armem e quem se arma e conduz uma arma em via pública tem todos os meios para atos como o de ontem à noite.

É preciso que as autoridades públicas tenham a coragem de proibir o que se tornou uma burla à proibição de porte de armas que se tornaram os registros de “CACs”, porque ninguém vai fazer ser “colecionador”, nem “caçador” e “atirador esportivo” em locais de manifestações políticas ou de votação. Não basta proibir armas a 100 metros das urnas.

A pistola que se pôs na cara da democracia em Buenos Aires não está distante das que se põem aqui.

Fernando Brito:
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