O ministro Joaquim Levy não é um incapaz, muito menos parece ser uma pessoa de fraco caráter, ao contrário.
Mas é, e veio para o Governo por isso, um homem cuja mentalidade econômica é a do convencionalismo.
“Ajuste”, para ele, é essencialmente corte na despesa, não criação de receita.
E corte nas despesas é absolutamente necessário, de fato.
Sozinho, porém, é veneno em lugar de remédio, porque não apenas o que se ode cortar sem colapso são algumas gotas d’água no oceano como, sobretudo, porque repercute fortemente no consumo, na atividade econômica e na retração dos investimentos privados.
Agora, premido pela queda da arrecadação que já seria de esperar, com a paralisia de grandes projetos provocada pelo tufão “Lava Jato” nas maiores empresas brasileiras, volta-se à ideia de restabelecer a CPMF, que é positiva, num momento de completa incapacidade política de fazê-lo, o que é extremamente negativo.
Na esteira da vitória eleitoral, o restabelecimento da CPMF em novas bases, com uma isenção no piso de incidência – que deixasse fora dela a movimentação, por exemplo, abaixo de 10 salários-mínimos, das contas-salário, das cadernetas de poupança, das operações de compra e venda de imóveis já gravadas pelo ITBI e outras – teria sido viável.
Não o é dentro de um quadro de fraqueza política e econômica, a primeira visível a todos e mal-remendada com as complicações de Eduardo Cunha e a segunda expressa nos números do PIB revelados hoje.
Mas não foi feita quando era apenas difícil e quase certamente não será mais feita agora, quando é virtualmente impossível, porque estabeleceu-se a ideia de que as empresas e os mais ricos não têm condições de suportar cota alguma nos sacrifícios que se pede ao povo.
E será verdade?
O resultado dos lucros das 341 maiores companhias abertas (com ações em bolsa) no Brasil aumentou em 15% no segundo trimestre de 2015. Separadamente, a elevação dos lucros dos bancos foi de 43% no mesmo período.
Desprezou-se, no início do “ajuste” a clara e simples verdade enunciada por Pepe Mujica, ontem, em sua palestra:
— Que pague mais aquele que tem mais.
Mas, para os que têm mais, a conta é a seguinte: se o governo não tem superávit e precisa endividar-se para cobrir o déficit, é “justo” que eu lhe cobre mais em juros.
A conta do ajuste, por isso, não fecha, porque as despesas financeiras do Estado brasileiro, representadas pela dívida pública, não cessam de crescer em volume e em custo, pela elevação dos juros.
Que só nas “cabeças de planilha” representam aqui a causa da inflação.
A crise mundial não exatamente nos destrói, mas certamente nos impede uma recuperação no horizonte visível, porque o fetiche do dólar baixo debilitou a capacidade industrial e a queda do preço das commodities tenha anulado parte dos ganhos com a exportação de nossos produtos primários.
(a ver, aliás, o que significa a alta, hoje, de mais de 10% dos preços do petróleo, se apenas um ajuste do mercado futuro, para quem acreditou nas profecias de que ele cairia a uma bagatela)
Não se considerou, também, que o principal objetivo político de uma direita tresloucada, ansiosa por ver cair-lhe no colo o poder que pelas urnas não lhe vem há uma década e meia não exclui a chacina da economia.
Não é a crise brasileira que não será superada com raciocínios convencionais, “dentro da caixa”.
Lugar onde, certamente, está o pensamento de Joaquim Levy, que começa a sentir que lhe falta o apoio conservador que era, afinal, seu principal capital, o que justificava sua exótica presença num governo eleito para ser transformador, não para aplicar a receita conservadora.
Se Guido Mantega saiu da condição de mais longevo Ministro da Fazenda brasileiro por ter hesitado em aplicar alguma dose do remédio de contenção dos ortodoxos, Levy já sente formar-se uma instabilidade capaz de fazê-lo breve – como quase sempre foram os Ministros da Fazenda conservadores – por ter o Governo sido levado a uma situação em que a ortodoxia não é capaz de resolver.
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Impostos tipo CPMF são a pior coisa para a economia de um país, seja quão meritórias sejam suas finalidades. São impostos em cascata, ou seja, são cobrados diversas vezes sobre o mesmo fato econômico-financeiro.
A culpa não é dele , pois o moço é ¨afilhado de banqueiro¨. Ora bolas o que queriam? O cara é retilíneo. Não sabe fazer ¨farofa¨, a sua cozinha é à francesa. Quem contratou o moço? Quem lhe deu liberdade para agir?
Levy cumpre seu papel, e o maior deles é transferir credibilidade ao governo frente aos donos de capital do país.
Tal qual a moça do agronegócio, com o agronegócio.
Enquanto for capitalismo a brincadeira nós teremos que negociar com esses sujeitos. Enquanto os trabalhadores não estiverem dispostos e preparados a administrar o funcionamento da economia, somos obrigados a negociar com eles.
Não a toa Lula foi o maior presidente do Brasil, um sindicalista, seu trabalho foi colocar todas as frentes em diálogo.
Fé, meus irmão, fé e trabalho!
Agora o sonso coroinha do Pinheirinho, o Alckmin, ao que parece, virou favorável à reedição da CPMF. Por que será? Ah, agora depois do vendaval do quanto pior melhor, o dito cujo já se sente com assento cativo no trono do Planalto, em 2018. Aí, tucano sabe como é, não é mesmo? Precisa das receitas para fazer os seus bolos.
" por ter o Governo sido levado a uma situação em que a ortodoxia não é capaz de resolver."
Foi, mesmo, levado?
O meu vizinho lá no sítio é um homem muito fraco da ideia. Ele disse que precisava cortar as despesas e falou pra esposa que a vaca comia muito. Por isso diminuiu a ração e a vaquinha fez um regime forçado. Tudo bem. Ele reduziu as despesas do sítio, mas acontece que a vaquinha está dando apenas a metade do leite que produzia. Meu vizinho não tem mais o dinheiro da venda do leite. Acho que o jeito é voltar a alimentar a vaca e vender mais leite. Meu vizinho se chama Levy.
E se seu vizinho for do PSDB, ele vai é vender a vaca para outro vizinho ao preço de uma galinha doente.
E vai financiar em 1000 vezes com juros de 1% ao ano
E ainda vai emprestar dinheiro para o vizinho comprar ração pelos primeiros 2 anos com os mesmos juros de 1% ao ano
E para sobreviver enquanto isso, vai fazer um empréstimo no banco com juros de 40% ao ano.
E depois de vender a vaca, vai começar a comprar leite dela mesmo por um preço três vezes maior do que o que ele vendia para o mercado quando a vaca era dele.
Pois é, Dirceu. Tenho medo de pensar no que meu vizinho Levy vai fazer pra AJUSTAR as contas do nosso sítio. O pior que pode acontecer é ele começar a criar tucanos.
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: 19:13 Ouvindo A Voz do Bra*S*il e postando:
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L ivrando da pobreza absoluta 40 milhões de brasileiros
U m feito sem igual que por si só já bastaria
L ula segue sendo no mundo um dos primeiros
A fazer de seu povo a eterna rima rica de sua poesia
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Ley de Medios Já ! ! ! ! Lula 2018 neles ! ! ! !
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Valeu a pena ! ! ! ! Dá gosto ser o cantor do seu povo ! ! ! !
A CRISE FOI PRODUZIDA EXATAMENTE PARA ENTREGAR AS RIQUEZAS NACIONAIS E O POTENCIAL DE DESENVOLVIMENTO DO BRASIL
Perfeito !
Qualquer dono de boteco sabe que se reduzir as vendas - para o governo, impostos - não tem como pagar dívidas e as existentes aumentam. Claro o dono de um boteco é um sujeito sem estudo, sem o conhecimento de um Levy. Pois este descobriu, ou redescobriu, algo que os matemáticos não aceitam: redução é aumento.
Assim o levyano, com o apoio da Dilma, reviveu a teoria econômica, muito em voga na Grécia aos pedaços, que menos é mais.
Quem sabe tenha imaginado que menos vigor econômico seja mais impostos . . .
Errou o sinal e errou a mão.
Conseguiu unir recessão + lavajato + juros extorsivos + crise internacional e queria melhoria da economia.
É uma questão de fé: acredita mesmo que Deus é brasileiro e perpetraria um milagre sob medida.
Os bancos, a turma da bufunfa, os mais ricos, os tais 1 %, concordam plenamente com ele.
Os outros 99 % pagam a festa.
"Lugar onde, certamente, está o pensamento de Joaquim Levy, que começa a sentir que lhe falta o apoio conservador que era, afinal, seu principal capital, o que justificava sua exótica presença num governo eleito para ser transformador, não para aplicar a receita conservadora."
Brito, até a FIESP tá querendo a cabeça do Levy pelo que li (se não passaram informação errada como o pessoal da "militância" no FB adora passar, mas acho crível a situação). Está porque por mais escrota que seja eles lembram da quebradeira da indústria no governo FHC2 e sabem que ninguém saiu ganhando nisso, sendo o principal prejudicado o de sempre: o povo. Mas várias indústrias quebraram deixando a crise da indústria nacional crítica com o avanço da indústria estrangeira.
O governo Dilma paga o preço por a mesma ter aceito tão prontamente, sem dialogar antes com quem a elegeu, a imposição de um cabeça de planilha como Ministro da Fazenda, um tecnocrata que não tem nenhuma visão de Estado ou de desenvolvimento. A presidente aceitou o remédio da oposição sem dialogar primeiro com a base e criou essa crise política que vivemos pois ela também tem boa parcela de culpa nisso.
Fico à vontade de comentar isso aqui pois é um site brizolista e não tem aqueles tiques (autoritários) de muita gente do PT de nunca aceitar crítica alguma, mesmo os que se dizem "críticos" ao governo. Só espero que a presidente da República pare com sua teimosia habitual, que já a colocou em muitos problemas nos dois mandatos dela, e trate de já ir procurando nome prum futuro ministro da Fazenda, sem ser imposição da Casa Grande. Que seja mais à direita, mas dentro de um plano desenvolvimentista e não o neoliberalismo que o Levy representa.