Em uma coisa o isolamento social da pandemia não fará a menor diferença.
É o lançamento, sábado, do livro Tchau, querida, a narrativa do vilão mais notório do processo de impeachment de Dilma Roussef.
Se não houvesse pandemia, é daqueles eventos em que ninguém iria, nem mesmo o autor, por razões óbvias.
Mas a sua entrevista, por escrito, à Folha de S. Paulo, hoje, explicita coisas que deveriam corar de vergonha os apoiadores de Jair Bolsonaro, se estes tivessem vergonhas que lhes fizessem corar.
Porque, pura e simplesmente, são verdade.
Mas não apenas a ele: Cunha lança carapuças que vestem bem na cabeça de muita gente que se proclama, agora, antibolsonarista:
Quem elegeu Bolsonaro porque não queria a volta do PT tem a obrigação de dar a governabilidade a ele. Se estivesse no poder, eu o apoiaria, com eventuais críticas pontuais, mas sempre estaria na posição oposta ao PT.
É preciso ter em conta que vivemos em uma dupla opção, entre o PT e o anti-PT. Nunca existiu terceira via em todas as eleições desde 1989 e não existirá na próxima. Não vejo ninguém para isso. Entre Bolsonaro e o PT, não tenho a menor dúvida de ficar com Bolsonaro. Qualquer opção é melhor que a volta do PT.
Pois não é assim que agem?
A manifestação de Cunha, que só o dever profissional faz suportar o engulho de lê-la, tem este mérito, o de mostrar que o ódio político que nos fez despencar numa aventura golpista está solto por aí, em muitas cabeças que acham que acham que a tal “terceira via” é algo viável e não, no final das contas, acabam conduzindo à “opção” do ex-presidente da Câmara.
Afinal, agem com Bolsonaro da mesma forma que agiram com Cunha: sabiam quem era, mas serviu, e bem, para alcançarem seus objetivos de um golpe político. Só que ganhar é uma coisa, levar é outra.