Não concordo com tudo o que é dito, porque correr o risco da incompreensão é dever de um juiz em suas convicções, mas registro a defesa do ex-Ministro da Justiça Eugenio Aragão, no Blog do Marcelo Auler, da atitude do ministro Teori Zavascki em demorar meses para afastar Eduardo Cunha da Presidência da Câmara, o que permitiu que o hoje ex-deputado iniciasse o processo de impeacenaeachment da Presidenta Dilma Rousseff.
“O Ministro Teori Zavascki foi acusado, em blogs e matérias jornalísticas publicadas depois de sua morte, de ter falhado, ao afastar tardiamente Eduardo Cunha da presidência e de seu mandato. É verdade que se este afastamento tivesse se dado com maior brevidade, talvez o destino do governo democraticamente eleito de Dilma Rousseff tivesse sido outro. Mas era da personalidade prudente de Teori não tomar decisões de afogadilho, que pudessem ser revertidas e, assim, causassem mais estragos ao ambiente politicamente conflagrado do que se gestadas com cautela.
Temos que lembrar que o Procurador-Geral da República só fez o pedido de afastamento às vésperas do recesso natalino do STF, como se querendo forçar o relator a resolver monocraticamente sobre a medida requerida.
Agastou nosso amigo Teori o fato induvidoso de que esse pedido poderia ter sido feito muito antes, pois os elementos que o embasavam já eram conhecidos em fase anterior das investigações.
Enxergou esse atraso como certa deslealdade da acusação, deixando-o exposto desnecessariamente.
E tinha razão. É evidente que uma medida dessa natureza não poderia ser tomada solteira, sem consulta aos pares, pois, uma vez submetida ao plenário, não se poderia correr o risco de desmoralização do relator com o desfazimento de um eventual deferimento monocrático do pedido do procurador-geral. Essa desmoralização levaria fatalmente ao fortalecimento da posição de Eduardo Cunha no processo, o que seria muito pior.
Preferiu, pois, Teori, esperar o fim do recesso para poder costurar com seus colegas, um a um, a decisão conjunta sobre o afastamento. Não é fácil ser determinado numa corte com tantas personalidades diferentes e de concepções tão contraditórias sobre a urgência da medida por tomar.
Mas, sou testemunha de que Teori não descansou. Insistiu com os colegas semanas a fio na necessidade de se afastar Eduardo Cunha. Só logrou, porém, sucesso depois de consumado o afastamento processual de Dilma Rousseff no procedimento de impeachment que corria no congresso. Sentiu-se mal por isso, mas não era dono das circunstâncias políticas que dominavam aquele momento.”
Leia o texto completo no Blog do Marcelo Auler.
View Comments (22)
Quer dizer que Teori não era golpista. Mas o que estáva em jogo é a democracia. Não minha lógica acovardou-se para ficar de bem dos parceiros do STF e foda-se a pátria -Nação.!!!!!!!'n
Pois é. Com toda a consideração a Eugênio Aragão, ele está defendendo o indefensável.
Teori Zavascki merece respeito naquilo tudo em que se deu ao respeito, o que não foi pouca coisa, reconheçamos. Agora, como um dos autores intelectuais, por omissão, do infame 17 de abril e do que se seguiu, não merece respeito por se acovardar perante seus pares e principalmente perante Gilmar Mendes, e por se calar e se omitir, permitindo que um facínora como Eduardo Cunha, como autor material, junto com a sua “assembleia geral de bandidos” no congresso (como disse a imprensa internacional) destruísse a democracia no Brasil. Como juiz de um tribunal, não pode ser respeitado por ter se aconchavado com seus pares para fazer prevalecer seu voto sob condição tão repugnante e de consequências tão brutais para os brasileiros, principalmente para os mais fracos e miseráveis.
Mas para uma coisa o artigo de Aragão serve, para confirmar o diálogo Jucá-Machado, mostrando que o STF foi REALMENTE o sustentáculo do golpe que levou ao poder o Governo dos Bandidos e, por isso mesmo, não à toa, continua estuprando a Constituição ao proteger, de forma tão obscena e desavergonhada, a começar pelo seu chefe Michel Temer, os membros de um Governo dos Corruptos.
Porque o judiciário (todo ele, que ninguém ou alguma instituição se sinta exceção) é golpista, contra o PT, Lula e Dilma? Porque o PT e o Lula criaram a lei da transparência. Esta lei é a melhor arma contra a corrupção. Todos os níveis, municipal, estadual e o federal e os dois poderes, legislativo e executivo, estão obrigatoriamente adotando esta lei. Menos o judiciário que é justamente aquele que deveria obedecer as leis antes de todos. Os escândalos recentes sobre os salários de juízes e promotores em que 3/4 deles ganhavam acima do teto (cerca de 32 mil reais; o Moro ganha perto de 70 mil reais) abriu as portas do armário e comprova o ódio que estes representantes deste poder têm do Lula e do PT.
Gosto muito do Aragão, mas nesta eu acho que ele está sendo muito inocente...
Imaginemos que o ministro encarregado de um caso idêntico fosse Gilmar Mendes, mas sendo o réu um petista.
Alguma dúvida que ele executaria o petista? Alguém acha que ele teria esse pudor "poliânico" de não querer arriscar seja lá o que for???
Claro que ele passaria como um trator em quem se colocasse contra sua decisão.
Por essas e outras que estamos nesta situação, enquanto os entreguistas-golpistas se esbaldavam o ministro ficava com pudores e receios.
O senhor está com toda razão,mas diferentemente de Teori Zavascki o tal Gilmar Mendes teria todo o suporte midiático,apoio no STF de pessoas que claramente odeia o PT como Celso de Melo,Rosa Weber,Carmen Lúcia,o amigo de Sérgio Cabral o Luis Fux e cia.
Agora imagine se a quase um ano atrás se saísse a prisão de Cunha o carnaval que iriam fazer com a camisa da CBF nas ruas do Brasil de meu povo em favor de Eduardo Cunha usando o seguinte slogan:Somos milhões de EDUARDO CUNHA e a favor da corrupção seletiva.
Teori errou feio em alguns casos como o da Senadora Gleisi,só que analisando mais friamente as coisas,acho que o ex ministro Eugênio Aragão tem razão em muitas coisas.Faz sentido.
Agora o pior é que eu suspeito que muita coisa que envolve PMDB,PSDB,PFL,PP,PSB,PPS,PSC e afins,comecem a sumir das delações e aí sim de fato os golpistas festejam já aproveitando o carnaval no final de fevereiro,fazendo jus a história de que sangue ruim ou espírito ruim como o golpista,Serra,Aécio,Geddel,Moreira Franco,Eduardo Cunha,tem sorte.
Amigo, respeito sua opinião. Mas o fato é que, tanto Aragão quanto você supõem que tais coisas aconteceriam ou que o Teori teria ficado assim ou assado. Ok. Mas eu afirmo, baseado na realidade dos fatos acontecidos, que ele assistiu o Cunha praticar todo o enredo do golpe e ficou inerte, sabendo de quem se tratava e das provas que ele sabia sobre os crimes e a periculosidade do meliante. Isto é imperdoável, e jamais teria acontecido num país decente e civilizado.
O que está em jogo era e continua sendo a democracia. Teori lavou as mãos.
Pois é.
Mas confiar em quem do STF?
O Ex-Ministro Aragão é um homem de muita credibilidade. Seu CARÁTER é suficientemente forte para ficar ao seu lado.
Explica mas não justifica. Teori achou melhor destruir a democracia do que colocar em jogo sua reputação pessoal que seria destruída pela globo, caso levasse o caso ao plenário antes do golpe.
"Governo" golpista abdica da defesa do país privatizando as forças armadas:
https://dinamicaglobal.wordpress.com/2017/01/23/brasil-sem-defesa-adeus-as-forcas-armadas/
Gostaria que o ilustre Dr.Aragão,se puder e quiser faze-lo,me definisse o que é conceitualmente, CONIVÊNCIA?
Infelizmente a democracia foi atingida de morte por causa de detalhes tão pequenos que apequena quem dele participou.
E o pior é que "depois do golpe o caos", que nem eu pensei que seria tão desastroso, nada nem ninguem se salva ou pode se desculpar. Foi um desastre pavoroso.
Foi o pior do pior.
Por que todo blogueiro petista passou a citar Eugênio Aragão, o ex-Ministro que queria sabotar a Lava Jato?
"Sabotar a lava rato"? Como ele ia fazer isso? Fazendo valer a lei, e punindo os vazadores politiqueiros? Fazendo valer a lei, e retirando investigadores com posição política declarada? Cumprindo as atribuições cabíveis ao Minisério da Justiça ao garantir governança e equilíbrio às instituições policiais? Ou será que a lava rato nada mais é que um circo midiático, de modo que desmontar o circo sem desmontar as investigações derrota o seu próprio propósito?
É, se isso é sabotar a lava rato, talvez no Brasil se precisasse um pouco mais desse tipo de sabotagem.