É inquestionável a rejeição dos brasileiros à política do “armai-vos um ao outro” defendida por Bolsonaro, segundo os números da pesquisa Datafolha.
Mesmo com toda a propaganda feita nos últimos anos, quase de três brasileiros em cada quatro rejeitam a facilitação da compra de armas e a ideia de que, se todos estiverem armados, a sociedade será mais segura.
O mesmo acontece com o bordão presidencial de que “povo armado jamais será escravizado: 69% discordam disso.
Os números mostram que esta é uma ideia praticamente restrita aos bolsonaristas, pois a aprovação fica na faixa dos 26 a 28%, aproximadamente o número dos que se declaram eleitores do atual presidente.
A Folha ouve pessoas ligadas à segurança pública, entre elas um delegado de polícia (Gustavo Mesquita, presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia) que, apesar dos números avassaladores, defende a posse e porte de arma dizendo que a minoria “precisa ter seu direito individual respeitado”.
Errado, doutor, porque a arma não é um perigo apenas para quem a possui, mas sobretudo para as outras pessoas que podem ser seu alvos. À mão, não custa ela saltar do porta-luvas e transformar a discussão de trãnsito em uma tragédia, a discussão na combra de um hambúrguer em quase um assassinato e e até um embarque em aeroporto por centímetros não vira um assassinato até nas mãos de um pastor e ex-ministro.
Sem contar o caso de psicopatas como os que vemos nos EUA: de ficha limpa, compram armas legalmente e saem a dispará-las nas crianças de uma escola fundamental.
Bolsonaro, porém, vai insistir com este bordão de campanha, exatamente porque esta gente não se importa com a vontade da maioria.
O brasileiro, mostra a pesquisa, que feijão, não fuzil.