No Jornal Nacional de ontem, duas “delações”.
Na primeira, Paulo Roberto Costa diz que as doações legais de empreiteiras às campanhas eleitorais eram “balela” apenas encobriam o pagamento de propina.
Na segunda, um ex-executivo da Engevix diz que deu, na forma de doações legais, propinas ao PT.
Muito bem, acreditemos que os dois falam a verdade, nada mais que a verdade.
Perguntinha básica que se impõe a investigadores corretos, sejam policiais, promotores ou jornalistas: se as doações legais eram propinas – palavras de Paulo Roberto Costa – , as doações para outros partidos eram o que?
Amor?
Os milhões da OAS, da Odebrecht, da Serveng-Civilsan e da Queiroz Galvão doados ao PSDB, foram doados por espírito cívico?
Fui buscar apenas um exemplo nas eleições de 2010, que está acessível a todos: as doações da empreiteira Camargo Correia: Estão lá Aécio Neves, Antonio Anastasia, o presidente do Instituto Teotônio Vilela, do PSDB, Luiz Paulo Vellozo Lucas, Demóstenes Torres, Paulo Skaf, o governador do Paraná Beto Richa, também tucano e Eduardo Cunha, tanto quanto deram a candidatos petistas.
Fora os milhões que deram ao PSDB (Comitê Presidencial e Direção Nacional) e que foram repassados à campanha de José Serra e ou outros milhões que deram à de Geraldo Alckmin para o Governo do Estado. Até o PV, então Partido de Marina Silva, ganhou seu “milhãozinho”.
Todos receberam doações das mesmas empreiteiras, todas de valor significativo.
Mas umas foram propina, as outras “participação legítima da empresa no processo eleitoral”, o que é a situação hipócrita que se sustenta com o engavetamento promovido pelo Ministro Gilmar Mendes da decisão do TSE que proíbe dinheiro de empresas nas campanhas.
A delação premiada do Dr. Sérgio Moro produz uma meia-verdade obtida a partir ao encarceramento de empresários por meses.
Que aceitam dizer que deram a um como propina e silenciam – aliás, nem são perguntados – se aos outros que deram foi por amor.
Qualquer investigador perguntaria porque deram a outros partidos
Aqui, não.
Aqui a moralidade da mídia, bem como a apuração de seus jornalistas, é seletiva.
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18 de março de 2015 - 11h45
"Para mídia, doação de empreiteira ao PSDB é legal, mas ao PT é propina
O candidato tucano derrotado nas urnas Aécio Neves (PSDB) recebeu doações de seis construtoras investigadas na Lava Jato (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão), que somadas ultrapassam R$ 34 milhões. Mas para a mídia hegemônica isso é doação legal. Propina é só quando o PT recebe.
Por Dayane Santos
Em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira (17), na sede do PT em Brasília, o presidente do partido, Rui Falcão, rebateu as acusações feitas pelo executivo Eduardo Leite em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, de que a agremiação recebia propina por meio de doações.
“Todas as nossas doações são legais, declaradas e aprovadas pelo TSE”, afirmou o dirigente. E completou: “Posso passar para a imprensa o conjunto das doações que recebemos. Existe uma similaridade entre o que o PT e outros partidos receberam”.
Em negociação pela sua liberdade nas investigações da Operação Lava Jato, o executivo Eduardo Leite disse o que o juiz Sergio Moro queria ouvir: a doação ao PT é propina.
Na campanha pela criminalização do PT e pelo golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, a grande mídia cria um factoide em cima da declaração de um delator para dizer que doações legais feitas ao PT são consequências de propinas. Nessa ótica, as mesmas doações feitas ao PSDB, DEM e demais partidos são resultado do apoio “ideológico dos empreiteiros”.
Isso porque na prestação de contas divulgada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) do candidato tucano derrotado nas urnas Aécio Neves (PSDB), por exemplo, mostra que ele recebeu doações de seis construtoras investigadas na Lava Jato (Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão), que somadas ultrapassam R$ 34 milhões. A Andrade Gutierrez foi a campeã de doações ao tucano, repassando nada menos que R$ 19 milhões.
Empresas do trensalão também doaram aos tucanos
O mesmo verifica-se nas contas do governador tucano reeleito por São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), sendo um dos maiores beneficiários de doações do “clube de empreiteiras” da Lava Jato, entre os governadores. Ele obteve cerca de R$ 8,5 milhões para a campanha.
Nas contas de Alckmin existem pelo menos R$ 4 milhões em doações de três empresas investigadas no esquema de propinas, fraudes e formação de cartel em licitações do metrô de São Paulo e do Distrito Federal, o conhecido trensalão.
A assessoria de imprensa do tucano justificou, por meio de nota, que sua “campanha aceita apenas doações que estão de acordo com a Constituição. A Lei nº 9.504/97 (art. 24) permite que qualquer pessoa física ou jurídica, que esteja de acordo com as normas, participe do processo eleitoral”. Ora, a do PT também.
Outro a receber doações foi o ex-governador mineiro Antonio Anastasia, sucessor de Aécio, em 2011, foi eleito senador graças a quase R$ 1 milhão em doações do grupo de empreiteiras. Anastasia está na lista dos parlamentares investigados na Lava Jato pelo Superior Tribunal Federal.
O que fazem essas doações serem legítimas e as feitas ao PT não? Só a manipulação da mídia.
Pelo fim do financiamento privado
Diferentemente do PSDB e dos demais partidos de oposição, o governo da presidenta Dilma Rousseff, o PT, o PCdoB e os movimentos sociais defendem as reforma política com o fim do financiamento privado de campanha como fora de combater a corrupção.
Na coletiva, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que o partido debate com entidades e a base aliada para aprovar uma proposta que de reforma que estabeleça o fim do financiamento empresarial de campanha. “O partido está dialogando com várias entidades que tenham a bandeira da reforma política como prioritária e estamos tentando unificar as posições”, explicou.
Falcão destacou ainda que o partido apoia as mobilizações convocadas por várias entidades programadas para os dias 1º e 2 de abril, para cobrar do ministro Gilmar Mendes a devolução do processo do qual pediu vista no Supremo Tribunal Federal (STF), sobre o tema."
E alguém aqui esperava declaração diferente do Rui Falcão, rs?
"Fui buscar apenas um exemplo nas eleições de 2010, que está acessível a todos" qual o link? como chegar até essa informação?
Nao me fale em JN, por favor!! Parece frescura, mas tenho 59, fui ferrado durante boa parte da juventude, vitima dos "assédios" orientacionais (cade a OAB, nao è crime??? Prescreve??? E a ação coletiva de MILHOES contra esses bandidos?), hoje preferia so ouvir em Tribunais Honestos, contra estes violadores de mentes inocentes, aqui seus textos me atraem, mas sem JN, por favor!!
Alguém aí sabe o que aconteceu que o blog não pode mais ser encontrado na pesquisa do Google? Se você digitar no campo de pesquisa o Tijolaço ele não aparece mais na lista... BOICOTE ... CENSURA???
Verdade! Acabei de conferir!
Sim, tbém percebi isso, BOICOTE AO SITE???
Fabio Cezar, realmente, fiz a pesquisa a pouco, não aparece o link do tijolaço como sugestão principal, o que apareceu na pesquisa do google foi direcionamentos a outros sites que replicam algum assunto relacionado ao blog tijolaço, ex: matéria sobre petrobrás no brasil247, texto do tijolaço; link do cafezinho direcionando para o tijolaço, e assim por diante, etc.
Notei isso no depoimento de PRC. Cabalhamente, ele criou uma nova categoria de doação,ma desinteressada. ELE criou? Só se dispensou o livre-arbitrio de um advogado, e tudo o mais que se esconde atrás dele.
NÃO SE ENGANE. ISSO NÃO É DEMOCRACIA.
https://www.youtube.com/watch?v=ebzEbjflXkM
Ué. Se uma estatal, ou mais, foram tão prejudicadas assim, por que o governo não encaminha uma investigação para apurar todos os partidos e políticos, em relação a doações feitas por essas empresas? Logo que diz que as investigações devem atingir todos, doa a quem doer. Mas só tá doendo no PT e no próprio governo. No post anterior, sobre a avaliação da área de comunicação do governo, antes tarde do que nunca. Concordei com parte da avaliação, como em parte dos comentários deste site. Concordo que utilização de robôs é nojento, mas o que está em questão é que "graças" aos robôs, e programas bots, muitos vídeos no youtube, redes sociais, comentários e posts pró governos entraram em evidências na net, isso ajudou nos esclarecimentos junto a uma número maior do povo, e ajudou a elegê-la. Aécio e a direita tem um gigantesco exército dessa ferramenta nojenta, que põe vídeos contra o governo na primeira página do youtube, como vemos hoje mesmo. Replica muito posts contra nas redes sociais. Quem não sabe ainda, estamos em guerra por espaço na internet e ela é o maior campo de batalha, hoje.
Brito, parabéns pela sua persistência em mostrar as incongruências deste nosso judiciário e jornalismo. Eu já cansei. Daí não sai coelho, como se diz na cidade onde nasci, no interior.
É o domínio do fato da delação. Doação legal para campanha do o PT é propina prometida pra pegar projetos futuros. Doação aos demais partidos, fora de cogitações. O Sicário segura um julgamento e ficamos de braços cruzados vendo na banda passar. Que país é esse onde duas pessoas param o pais, geram desempregos, queda de vendas e receitas. Dois sabujoes param o pais?
Fernando, deixemos de ser ingênuos... A declaração do Paulo Roberto Costa, de que na verdade, doações de grandes empresas são empréstimos a longo prazo, desmonta toda a falácia da estrutura política atual do Brasil. Sempre se soube da influência de lobistas no Legislativo. Isso se chama CAPITALISMO. A única maneira de começarmos a consertar esta estrutura é instituindo o financiamento público de campanha. Não há que tentar separar o joio do trigo nesta situação. Mesmo havendo políticos que não usufruam deste modus operandi e que, eleitos se dediquem ao nosso povo, são de uma minoria ínfima. Seria mais producente admitirmos a falência da atual estrutura política Brasileira e encamparmos uma reforma política séria e profunda, mesmo que a consequência seja cortar fundo na própria carne. E acredito que, somente a militância do PT organizada pode ser capaz de tal façanha, com pressão social sobre o tema. É esperar demais, principalmente do Legislativo, que tais reformas prosperem pela vontade deles. Debater sobre que lado era propina e que lado era doação é só cortina de fumaça dos que desejam que este modelo continue. É chegada a hora de nos mobilizarmos em torno do tema. Abraços.
Infelizmente temo que o financiamento público de campanha por si só não reduzirá o papel do dinheiro na política. Precisaria mudar o formato das campanhas eleitorais porque o custo das eleições são absurdos e o formato despolitizador, quase infantil. O caixa dois é infelizmente uma realidade (não exclusividade nacional) e o poder do dinheiro avassalador. Literalmente, hoje, esse é o maior risco para a democracia.