As hordas da morte estão na rua

Não há mais meias-medidas, não pode haver mais meias-medidas.

As horas da morte, minúsculas mas ferozes, estão nas ruas do país.

Por si, seriam minúsculas e não trariam problemas senão aos serviços de saúde mental.

Mas há, atrás delas, uma sombra gigantesca e temível: a das Forças Armadas, silenciosas e, portanto, cúmplices das ameaças que, tendo-as pelas costas, Jair Bolsonaro faz à ordem constitucional.

É inútil achar que não agindo contra ele iremos evitar um golpe militar.

É exatamente o contrário.

Os militares brasileiros precisam ver que, permitindo a este simulacro de presidente avançar sobre o País, estão se metendo na mais louca e intolerável aventura de sua história, maior até que a de 1964, quando ao menos o cenário da Guerra Fria lhes servia de justificativa.

O Brasil, mesmo combalido, não é um paiseco de pouca importância no mundo, ainda que o atual governo a isso o reduza.

Não será, se o permitirem, apenas um golpe de direita, mas a implantação de um regime nazista de fato, com milícias criminosas e enlouquecidas tomando as ruas para agredir e, logo a seguir, matar.

Oferece-se, ainda, uma possibilidade às Forças Armadas de fugirem deste destino, o de serem promotoras de um genocídio e de um regime de terror ao país, de forma altiva e incruenta.

Basta que digam, publicamente, que apoiam as medidas de distanciamento social, que oferecerão suporte às medidas inevitáveis de lockdown das quais, infelizmente, não poderemos escapar com o agravamento do cenário de dor e morte que já nos lega 100 mil infectados pela doença.

A Rodrigo Maia, como presidente da Câmara, já não há, também, a opção de se limitar a falas de condenação às declarações de Bolsonaro e soltar notas de repúdio em redes sociais. Está na obrigação de colocar a tramitar parte da trintena de pedidos de impedimento contra ele.

A reação das forças democráticas, no mais amplo espectro que possam ter – como tiveram no final da ditadura – precisa ser já e forte.

As hordas da morte não podem tomar conta do Brasil junto com este vírus maldito.

 

Fernando Brito:

View Comments (39)

  • "A reação das forças democráticas, no mais amplo espectro que possam ter – como tiveram no final da ditadura – precisa ser já e forte."
    Se acontecer então vai ter que rolar muito sangue na calçada.

  • O tempo do enfrentamento infelizmente já passou , o ovo do fascismo já chocou .

    • Passou o tempo de impedir o choco. Mas se o fascismo nasceu, com ele nasceu a hora do enfrentamento. Só não é hora é de correr para baixo da cama.

      • Só acho que o tipo de enfrentamento que precisamos , não será fácil encontrar a coragem necessária na população atual ..

  • É exatamente o que querem os fascistas, aí inclusos os militares que chafurdam neste governo, a guerra. Querem comprar armas e ganhar as comissões, querem se impor com a ignorância, já que outra coisa não tem a oferecer. E seremos o laboratório desta extrema direita que deu as caras neste início de século.

    • Alguém precisa lembrar aos bolsominions que estandes de tiro não atiram de volta.

  • A estratégia do bozo é muito simples...PRODUZIR O CAOS COM A PERDA DE CONTROLE DO COVID-19 E NO MEIO DO TURBILHÃO DAR UM GOLPE.
    A sociedade nem perceberia e as forças armadas dariam de ombros pelo está feito feito está.

  • Será imperativo refundar o país e as forças armadas, promovendo uma profunda limpa em todas as instituições.

    • A questão é por onde e como começar. Penso nisso todos os dias. Acho que fugir um pouco do modelo ocidental e escutar mais os povos originários é importante nesse momento

    • A questão é por onde e como começar. Penso nisso todos os dias. Acho que fugir um pouco do modelo ocidental e escutar mais os povos originários é importante nesse momento

    • A questão é por onde e como começar. Penso nisso todos os dias. Acho que fugir um pouco do modelo ocidental e escutar mais os povos originários é importante nesse momento

    • Com Far$$ASS ArmadASS, não. Tem que se excluir essas excrescências da vida pública civilizada, eliminar essa casta de vagabundos bundas vagas de dentro do serviço público. A Costa Rica, por exemplo, não tem FarSSA$$ ArmadA$$. Existe até uma bonita música do saudoso excelente intérprete Jessé que fala sobre essa informação de outras fontes: "São José da Costa Rica, coração civil, me inspire no meu sonho de amor, BraSil..."...

      • Precisamos de defesa e de defesa forte. Tudo o que os estadunidenses mais desejam do Brasil é que ele seja um país desarmado e servido em uma travessa com rodelas de batata ao redor. Apenas, deve-se lutar para que o sentido de patriotismo jamais seja novamente usado pelos entreguistas fascistoides quinta-colunas para tentarem tomar o poder.

    • É como eu digo há muitos anos, democracia só com uma CONSTITUINTE pra colocar ordem na bagunça. Dilma, a frouxa, falou nela em 2013, mas o Gilmar rosnou e ela enfiou o rabo entre as pernas. Se ela tivesse peitado naquele momento o Brasil hoje seria outro país.

  • Muitos estão vendo a bandeira dos Estados Unidos por trás do Bolsonaro, enquanto ele fazia seu pronunciamento hoje em Brasília, como uma espécie de ameaça velada às Forças Armadas, no caso delas não quererem apoiar o seu golpe. Se isso fosse verdade, seria o maior dos blefes dos bolsonaros. Um blefe de natureza completamente infantil. Nem é necessário explicar por quê.

  • É pau, é pedra ou é o fim do caminho. Quantas vezes será preciso repetir?

  • Foram as notas de repúdio de Franklin Roosevelt e Winston Churchill que derrubaram o fascismo e o nazismo na Segunda Guerra Mundial.

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