As marolas e as águas mais profundas

Não faltam marolas a atrair a atenção nestes primeiros 12 dias de Jair Bolsonaro na Presidência.

Mas vai ficando claro que, se ele e sua trupe de fundamentalistas anacrônicos são os “clows” que imantam a atenção da platéia, o que se busca no fundo do palco é muito pior que a tragicomédia deprimente que se faz em primeiro plano.

Planeja-se aprofundar a reversão, que vem de 2014/15 do processo de elevação do nível de vida que o país experimentou por pouco mais de uma década.

A reportagem de Martha Beck e Manoel Ventura, em O Globo de hoje, sobre as pretensões de “economia”  dos carrascos econômicos da população não deixa dúvidas sobre em quem recairá o arrocho com que se pretende “enxugar” os gastos públicos.

Dos R$ 266 bilhões que pretendem cortar, em três anos, nada menos que R$ 111,7  bilhões se fariam apenas à custa de quem recebe salário mínimo, seja pelo fim de qualquer aumento real, seja pela retirada do abono salarial que, desde os tempos da ditadura, é pago anualmente aos mais pobres. Isso sem contar que na “reforma previdenciária” outros bilhões seriam tirados de quem recebe o mínimo.

Por baixo, pode-se estimar uma mordida de cerca de R$ 150 bilhões da parcela mais miserável da população. E dinheiro que “roda” na economia, pois se converte quase que totalmente em consumo e não em acumulação.

Quase todo o restante, sacado à conta do funcionalismo tem efeito socialmente menos dramático, mas é, igualmente, inibidor da atividade econômica.

Não é preciso ser um gênio para saber que isso é um “contravapor” fortíssimo em qualquer pelo de reaquecimento da economia.

Resta saber – e não parece – que a entrada de capitais externos, mesmo com a liquidação de patrimônio público e riquezas minerais, possa crescer o suficiente para compensar esta perda de atividade econômica, mais ainda pelos horizontes sombrios do cenário internacional.

Muito menos que o mercado de capitais – que está inflado como um sapo com as expectativas quanto ao grau de maldades que se fará – possa suprir o que se vai tirar da economia real.

Mas, como Lord Keynes, segundo o guru Olavo de Carvalho, não era um economista, mas um ideólogo anticapitalista, esta história de ciclos econômicos é bobagem, não é mesmo?

Vai ser tudo uma maravilha, depois que tirarmos o Estado do “cangote” dos empresários. E, claro, colocá-lo a pesar sobre as costas do trabalhador.

A nossa “onda retrô”, desde logo, vai trazer de volta uma expressão que andava em desuso: arrocho salarial.

 

 

 

 

Fernando Brito:

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  • Parece que já estás recuperado Fernando ou nada de fato abala teu discernimento, tua capacidade de ir direto ao centro do problema.
    O Mercado é sem nenhuma dúvida o primeiro interessado e promotor do Golpe de Estado contra Dilma (e tem boboca que ainda acha que os governos petistas eram "neoliberais", se fossem nunca teriam sidos derrubados). Além de bancar o Golpe, bancou o governo ilegítimo de Temer (as vezes inclusive sem o apoio do dissimulado velho psdb, que ele mesmo impunha e cobrava de todos os sócios principais da aventura golpista) e vai bancar a fraude do (des)governo atual. E bancar não é força de expressão, estamos falando dos Bancos e da Alta Finança, locais e estrangeiros, bancos e fundos, brasileiros e estrangeiros, que atuam no Brasil e fora dele. Muitas vezes esse apoio se dava sem a participação direta dos banqueiros, que contavam com o apoio total e integral de seus "funcionários" (das mais variadas patentes), que como os "jornalistas", costumam ser mais realistas que seus patrões. O verdadeiro Leviatã, o verdadeiro poder, o poder do dinheiro, quer o Estado todinho só para ele, e o Estado Mínimo para nós todos, e esse é o sentido preciso do "neoliberalismo". Esse é o único plano que vai ser imposto pela fraude que é esse desgoverno. A banca manda e negocia com o poder oligarquico e seus gendarmes prepostos no aparato Judicial-Militar-Policial. Por hora pensam que controlam também o clown, como o grande capital acreditava estar controlando o lider da cervejaria. Esse é o esquema.
    Mas afinal o que todos nós estamos esperando, que eles nos escalpelem?

  • A verdade é que muitos deputados gostariam que o presidente da Câmara fosse uma pessoa de centro, respeitada por todos, e que não se alinhasse automaticamente com o governo do Bolsonaro. Sabendo disso, totalmente consciente deste perigo, a direita inflou logo a candidatura Freixo, que não tem a mínima chance de vitória, para que toda a esquerda jogue fora seus votos e não faça alianças políticas que possam levar à vitória uma candidatura mais independente de centro.

    • Eu concordo com sua análise sobre a candidatura do M. Freixo, totalmente inoportuna. Mas tenho minhas dúvidas sobre o que seria uma "candidatura independente de centro" na atual conjuntura. A extrema polarização a que a direita foi forçada a recorrer para ganhar as eleições não deixou margem para "neutralidade" ou "conciliação" entre as forças políticas.

      • Também tenho as mesmas dúvidas. Mas é melhor a esperança de uma chance para negociações de vários níveis, e uma fuga ou uma resistência qualquer, que a entrega radical e antecipada do pescoço ao machado do carrasco. Jogar os votos fora apenas para eleger o Maia e ficar como a oposição ao Maduro não dará qualquer resultado.

  • A outra matéria do blog hoje aborda o aspeto hilário do atual governo, aspecto esse que estaria desviando a atenção das pessoas impedindo-as de perceberem o tamanho da tragédia que se abaterá sobre nós

  • Se nova crise mundial ocorrer, sugiro que os "engenheiros de obra pronta" - os economistas da Escola Austríaca - sejam obrigados a consertarem o problema.

    Tudo isso devidamente trancafiados num campo de concentração e com a população armada do lado de fora, aguardando pelo resultado.

    • BINGO! Escola austríaca.. ha ha ha bando de FDP isto sim. Aliás na Alemanha dizem que austríacos são alemães "ruins", kkkkk
      E o que representa a Áustria no cenário econômico europeu, com seus parcos 416 bi de dólares de PIB? NADA!

  • Esses loucos não entendem nada de economia real, não passam de rentistas gananciosos desprovidos de qualquer humanidade. Não há hipótese dessa gente tomar o rumo do desenvolvimento, vieram apenas para saquear. Paulo Guedes está para o trabalhador brasileiro como Heinrich Himmler estava para os judeus europeus.

    • Penso que Guedes está mais para o playboy irresponsável, delapidador e cleptomaníaco Göring, Moro sim tem toda s pinta de um filisteu arrivista, vulgar e covarde como Himmler. O Bolso não preciso nem dizer, é um Hitler de quarteirão, incapaz até mesmo para o delírio megalomaniaco.
      Não merecemos essa tragédia que se avizinha.

  • Uma grande questão. Qual a melhor ocupação do Brasil?
    Motorista da família Bolsonaro, parça (amigo) de Neymar ou filho do Mourão.

  • E a tudo assistimos sentados no sofá comendo pipoca.Greve?Mobilização?Revolta ?Que bichos são esses?

    • Ás vésperas do natal, o Datafolha informava que 65% da população estava otimista com a economia....Todo mundo sabe que frustração é diretamente proporcional ao nível de expectativa. Quando as águas da recessão começarem a subir e afogar o otimismo desses 65%, o barco vai virar. Não é a toa a correria do Mercado, para dilapidar o que resta da riqueza do país antes da grande inundação.

  • Contente pelo seu retorno, Fernando Brito. Pena que nesse momento de baixíssimo astral para os pobres. Algum sinal de forças políticas progressistas reagindo a essas "propostas"?

  • Resta saber em quanto tempo chegaremos ao FMI, com pires na mão, pedindo empréstimos para pagar nossa dívida. Economista competente sabe que sem emprego e sem renda nenhuma economia do mundo dá certo. Nos últimos 2 anos e meio o que se viu foram milhares de empresas fechando e demitindo funcionários. VIVA O ANTIPETISMO DOS IGNORANTES. Quando o desemprego bater em suas portas eles saberão o quanto são burros e estúpidos. Eu conheço algumas dezenas deles. Vá de retro, satanás.

    • Se seguirmos o planejamento portenho, será entre seis meses a um ano o tempo de chegarmos aos organismos financeiros mundiais com a mão estendida (não teremos mais pires pois já terão sido repassados aos proprietários de títulos da dívida pública). O tempo de estraçalharem as derradeiras trincheiras legais de proteção ao trabalho e contenção da ganância do mercado financeiro. Mas talvez Guedes seja mais esperto que Nicolás Dujovne e realize seu "desmanche" de maneira mais rápida e eficaz. A ver.

  • Bem vindo, BRITO, guerreiro do povo brasileiro. Faço votos que estejas recuperado.

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