Auler ao Arcebispo do Rio: PM invadir igreja é só lamentável?

Embora ateu, convivi por algum (e bom) tempo com a Arquidiocese do Rio de Janeiro, por conta de uma saudosa amiga, Gilda Vieira, colaborando num jornalzinho que lá se fazia no final dos anos 70, sou testemunha do que diz Marcelo Auler, em carta aberta ao Arcebispo do Rio, D. Orani Tempesta, protestando contra a pífia reação à invasão feita ontem pela PM à Igreja de São José, no Centro do Rio, usada como bunker para disparar bombas de gás e de efeito moral.

D. Eugenio Sales jamais teria aceitado simples desculpas de um coronel da PM e nunca deixaria que isso fosse um episódio considerado “menor”.

Auler, católico praticante diz ao Cardeal Tempesta, quando este diz que o evento foi “lamentável”:

Ouso discordar abertamente do senhor. A invasão de um prédio, sem mandado judicial, é crime. A invasão de um templo religioso, é muito mais do que crime, portanto, mais do que simplesmente lamentável, no mínimo “deplorável”, inadmissível, profano.

Mais ainda quando isto é feito para, de dentro do templo, invadido pela porta dos fundos como descrito no relatório (veja ao lado, clique para ampliar) assinado por Gary Bon-Ali e Lêda Machado, provedores da Irmandade do Glorioso Patriarca São José, que administra a Igreja de São José, atacarem manifestantes que exerciam um direito constitucional, ainda que alguns deles possam ter extrapolado nessas manifestações (…)

É carta, publicada no blog do Auler,  que vale a pena a leitura de todos, católicos ou não católicos, mas humanos. Porque basta imaginar que uma polícia que invade assim uma igreja, o que fará com a casa de um simples homem, ainda mais se ele for pobre e modesto.

Fernando Brito:

View Comments (6)

  • despedaçada a alma do cristão ,agora invade-se o seu mais sacrossanto refugio .

    o que esperar de um povo que pôs no poder felicianos,bolsonaros e cunhas, verdadeiros representantes da santa inquisição moderna ?

    Agora é ardermos na eterna fogueira do arrependimento , até que se tenha novo refresco democrático e rezar para termos aprendido a lição desta vez ,caso contrário é reservar uma pílula da morte como Hitler,para não sermos entregues ao inquisidor_mo_ro ...

  • De cara o cardeal deveria ter se manifestado pela barbárie do conflito. Pelo menos é isso que faria o Papa Francisco. Não fez e ainda minimizou a invasão.
    Se pensarmos em seu posicionamento nessas últimas eleições municipais, não deveríamos ficar surpresos.
    Contatos de madrugada com bispo Crivella e punição a padres que resolveram apoiar o Freixo.
    Ainda foi à Brasília junto com o cardeal de SP rezar junto do presidente satanista pela PEC do inferno.
    Esse cardeal deveria pedir pra sair. É vergonhoso. Sou católico praticante e ele não me representa.

  • Igreja é tudo igual: almejam o poder, a riqueza de seus lideres e a manutenção da miséria no mundo, para o seu bel prazer.

  • em primeiro lugar gostaria de parabenizar a globo,o stf,o senado,a camara dos deputados,o DR.moro,o judiciário,parabéns,do fundo do coração,vocês conseguirão,agora os EUA,podem tomar conta de tudo,já vedemos a vale,a petrobrás,agora só nos resta tomar aquela injeção: notrazerin.

  • Muitos foragidos da tortura e do assassinato do regime militar, muitos movimentos sociais, as reuniões decisivas da construção do PT, foram feitas sob a proteção inviolável de templos católicos.

    O delegado Luis Fleury Filho, chefe da tortura do DOI-CODI, assassinou o deputado Marighella NA PORTA, portanto do lado DE FORA, do templo dos dominicanos, por hesitar em invadir um templo católico.

    Fleury hesitou em invadir um templo católico...

    Não é por nada não, mas...

    ...já que a carruagem está tomando o rumo que está tomando, que tal manter os poucos santuários que tivemos da última vez que fomos torturados?

    Calheiros já lavrou em cartório que o STF não é p@##@ nenhuma, a Lei é para ser rasgada e para perseguir inimigos do regime capitalista...

    É bom pensar no futuro...

    É importante garantirmos a inviolabilidade do buraco onde iremos nos esconder. De novo.

  • O Marcelo poderia contar uma historinha ao arcebispo: Era uma vez , em El Salvador, na catedral, os meganhas mataram D. Romero.
    A coisa começa assim, e ele não reagiu. Contem pro Bergoglio, acho que ele não vai gostar.

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