Azevedo “rodou” para dar vaga ao Centrão ou por recusar-se a punir oficial?

Ao contrário do que se noticiou a princípio, o general Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa, não pediu demissão do cargo, mas já se diz que foi demitido como parte de uma dança das cadeiras que visa dar um lugar no Palácio do Planalto a um “Ministro do Centrão”, que ocuparia a Secretaria de Governo, hoje com o general Luiz Carlos Ramos, que seria deslocado para a Casa Civil, hoje ocupada pelo general Braga Netto que, por sua vez, iria para a pasta da Defesa.

É uma versão, mas há outra e bem mais plausível, na minha visão. É a de que Azevedo e Edson Pujol, general comandante do Exército, teriam resistido a uma ordem presidencial para punir o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, diretor geral de Pessoal da Arma, por conta de uma entrevista ao jornal Correio Braziliense, como revelam Julia Lindner e Jussara Soares em O Globo:

A demissão do ministro da Defesa teve como estopim uma entrevista concedida ontem pelo general Paulo Sérgio, chefe do Departamento-Geral de Pessoal do Exército, ao jornal Correio Braziliense. À publicação, o militar disse que o Exército já se preparava para a terceira onda da pandemia da covid-19.
Segundo interlocutores do Planalto, Bolsonaro, que tenta conter o desgaste no pior momento da crise sanitária, não gostou da declaração e pediu uma punição para o general Paulo Sérgio cargo. O comandante do Exército, Edson Leal Pujol, resistiu e teve o apoio de Azevedo.

O Estadão confirma esta versão e vai além: Os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica estariam cogitando uma demissão coletiva, não só em apoio a Pujol como também como um “recado” a Bolsonaro para que não colocasse um almirante da ativa, Flávio Rocha, para rezar pela mesma cartilha de Ernesto Araújo no Ministério das Relações Exteriores.

Se é assim, Pujol tem fortes razões de lealdade para deixar o cargo, em solidariedade a Azevedo.

Bolsonaro, o incontrolável, parece ter aberto uma crise militar que já ardia às escondidas, pelo desagrado com que os generais da ativa viam o desgaste que as Forças Armadas estão sofrendo em sua imagem.

Os generais palacianos parecem mais apatetados do que o normal, diante do desfecho súbito destas questões.

 

Fernando Brito:
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