Banco dos Brics: a primeira pedra que Serra vai desmanchar para os EUA

Fiquei penalizado, ontem, lendo o artigo do corretíssimo Paulo Nogueira Batista Jr. sobre os avanços do Banco dos Brics, integrado, além do Brasil, por Rússia, India, China e África do Sul. Batista é o diretor brasileiro, com mandato de dois anos e Serra, a esta altura, deve estar analisando a possibilidade de substituí-lo ou de “renunciá-lo”.

Gente do calibre de John Craig Roberts, economista, colunista do The Wall Stret Journal e ex-dirigente da Secretaria do Tesouro americano não usa meias palavras para descrever o interesse americano nisso: Washington está se movendo para colocar no poder político de um partido de direita que Washington controle, a fim de encerrar as  crescentes relações do Brasil com a China e a Rússia.

A inviabilização do Banco dos Brics é uma peça chave para a imposição da  política de “Aliança Transpacífico” dos Estados Unidos para manter seu controle sobre o comércio internacional e, acima de tudo, o poder incontrastável  do dólar no padrão monetário internacional.

Para quem não sabe, o fato de poder emitir sem gerar inflação interna – porque dois terços dos dólares circulam fora de suas fronteiras – e poder manter sua moeda sobrevalorizada – foi uma das chaves da hegemonia norte-americana desde o pós-guerra e qualquer pacto multinacional que trabalhe fora do padrão-dólar é perigoso a ele.

José Serra, portanto, fará o possível e o impossível para melar os Brics, com ou sem a prudência necessária para não criar um mal-estar. E melar a trajetória – ainda tímida – de sucesso, na nova instituição, que nogueira Batista Jr. descreve abaixo, inicialmente focada na área de energia sustentável.

Um bom começo

Paulo Nogueira Batista Jr.

O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) estabelecido pelo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) está avançando em ritmo acelerado. Queria falar um pouco hoje sobre o que conseguimos alcançar nos primeiros meses de existência da instituição. Bem sei que, em meio às convulsões que vive nosso país, será difícil conectar o interesse do leitor com tema tão específico e distante, mas vou tentar mesmo assim.

Quando cheguei a Xangai, em julho de 2015, estávamos começando praticamente do zero. Tínhamos o Convênio Constitutivo, assinado em Fortaleza um ano antes, e um andar praticamente vazio de um prédio no distrito financeiro de Pudong. Agora, em abril de 2016, apenas dez meses depois, a diretoria do NBD aprovou a primeira leva de projetos do banco.

Confesso que tive dificuldade de acreditar quando o presidente do NBD, K.V. Kamath, definiu o objetivo de aprovar os primeiros projetos já no segundo trimestre de 2016. Mas conseguimos — à custa de muito trabalho e sacrifício de uma equipe ainda pequena e do apoio que tivemos dos governos dos países fundadores. No caso do projeto brasileiro, foi fundamental a parceria com o BNDES, um dos mais experientes bancos nacionais de desenvolvimento do mundo.

Foram aprovados quatro projetos, num total de US$ 811 milhões, a maior parte no campo da energia renovável, seguindo orientação recebida dos líderes do Brics por ocasião da sua última cúpula, em julho de 2015, na Rússia.

O projeto brasileiro é um empréstimo ao BNDES, de US$ 300 milhões, que será repassado a empreendimentos privados em áreas como energia eólica e solar. O projeto chinês, denominado em yuan e equivalente a US$ 81 milhões, é na área de energia solar. O sul-africano, de US$ 180 milhões, está direcionado ao financiamento de linhas de transmissão de energia elétrica. O projeto indiano é uma linha de crédito de US$ 250 milhões ao Banco Canara, destinada a projetos nas áreas solar, eólica, geotérmica e ao financiamento de pequenas hidrelétricas. Um quinto projeto, com a Rússia, está em fase avançada de negociação.

Do lado do funding, o NBD também está fazendo progresso. Em janeiro deste ano, os sócios fundadores fizeram o primeiro aporte de capital, conforme previsto no Convênio Constitutivo. A Rússia pagou adiantado a segunda parcela do seu aporte e, assim, o NBD conta com mais capital do que o previsto, num total de US$ 1 bilhão. Estamos preparando também a primeira emissão de bônus, que deve ocorrer em meados deste ano. Será um bônus verde, emitido em yuan no mercado chinês.

Assim, o NBD, em linha com o seu mandato, está se configurando como um banco “verde” tanto do lado do ativo quanto do lado do passivo. A questão da sustentabilidade dos projetos apoiados está sendo e continuará a ser um dos focos fundamentais do NBD.

Estamos apenas começando. Há uma tarefa imensa pela frente. Temos muito que aprender. Não subestimamos jamais o tamanho do desafio que este banco foi chamado a enfrentar.

Afinal, é a primeira vez que um banco que tem a aspiração de ser uma instituição de escopo global está sendo construído exclusivamente por países emergentes, sem a participação de países avançados.

Fernando Brito:

View Comments (40)

    • A solução vai ser algum agente russo disfarçado convidá-lo para tomar um chazinho e enchê-lo de polônio. É o mínimo que um crápula desses merece.

      • Os novos agentes estavam com tanta ganância que aguentaram pouco tempo. Enfiaram os pés pelas mãos.

  • O SERRA DEIXA DE SER FDP. CANALHA, VAGABUNDO, SAFADO, SEMVERGONHA, BANDIDO, VTETINO, LAMBEBOTA, POODLE DE AMERICANO.
    SERRA E SERRA MORTO

  • E muita gente acreditava que a cara de bobo do Levy era para dar pena.
    Muita gente tentava argumentar com boa fé contra suas medidas. Ou eram estes os bobos ou eram trolls da direita.

  • Jorge Luiz,

    Eu nunca disse isso. Eu terei pena dos ignorantes. E mais pena de mim. Todos no mesmo barco.

    O coxinha besta do judiciário que está achando que o pirão é pra todos eles, verá a o inflação corroer o seu.

    Quando tentar correr e abrir um carrinho de churros, verá que há milhares deles. Sem comprador de churros.

    Pois se não há dinheiro no andar de baixo não se pode comercializar produtos com o valor minimo para o lucro suficiente à boa sobrevivência. O andar de cima do Temer programou a morte de milhares. É planilha. Ele é o vampiro da hora.

    Quando eu dizia.....os reitores e professores não estão entendendo......estão muito quietos....
    Levaram mais de ano para começar a ver as nuvens revoltas....

  • Na verdade o que está prestes a acontecer por aqui e o retorno aos velhos dominios, do brinquedinho preferido dos americanos, simplesmente o nosso Brasil. A exploração dos gringos esta voltando. Comemorem Globo e mídia golpista. Falta pouco, muito pouco. Com Serra, Armínio, FHC, Aecio, Temer e mais um bando de direitistas natos, e o que se pode esperar. Este era o objetivo maior do golpe. Valeu. Os Demos estão vencendo a Cracia.

  • O Brasil está quebrado! O BRICS utiliza o dinheiro dos países que o compõem. Não vejo sentido o Brasil se apresentar como mantenedor de um banco de fomento internacional com um endividamento público da ordem de milhões. O BRICS nada mais é que uma jogada de marketing socialista. Estamos vacinados, Fernandinho!

    • Exato, principalmente quando teremos que sustentar as aves de rapina do rentismo com alguns bilhões de dólares por ano !!

      É melhor continuar sendo o capacho dos yankees, somos sub-raça mesmo né coxinha ??? Quem sabe voltamos a comprar panelas e enxovais em miami, ai tá tudo certo.

      • ISKA, e nem fabricados lá são basta ver a etiqueta que é tudo importado da Ásia, mas o coxinha acha bom sacrificar saúde e educação para gerar superavit primário para sustentar rentistas.

        • É a lógica dos coxinhas, rebanho de pão com ovo vibrando quando o IBOVESPA sobe ! Síndrome de mulher de bandido, vai entender né ?
          E realmente , vejo um monte de babacas mostrando quinquilharias com o indefectível - " minha irmã, cunhada, mãe, namorada, vizinha, amigo, titio o diabo a quatro, trouxe dos EEUU , lá custa XXXX uma pechincha e sem falar que fabricado lá é bem melhor"....mas a etiqueta tem made in pakistan, são uns trouxas mesmo.

        • Depois se diz que o problema dos petistas é que a reunião do grêmio estudantil era na hora da aula de matemática e parece uma ofensa. Mas os caras criticando os bilhões que "terão" que ser pagos aos rentistas!! Já são pagos! São quase 600 bilhões por ano de juros (o dobro de tudo que devíamos antes) que somem porque o desgoverno petista fez a dívida explodir. E aí o outro critica o superavit primário, cuja intenção é justamente diminuir esse problema. Faltou dinheiro para pagar os trocentos mil CCs petistas? Pede-se mais. O que é um prejuízo de 100 bilhões por ano, como virou norma do PT? Isso vai aumentar a dívida e os seus juros, mas essas miudezas neoliberais não afetam a consciência social do petista, que só quer o bem do povo e uma boquinha para chamar de sua. Mas como você ajuda o povo se endividando e tendo que pagar juros cada vez maiores? Na cabeça disléxica do petista, um coisa não tem nada a ver com a outra. O juro é culpa dos "rentistas", malvados que não têm "consciência social". Ele, petista, só que o bem. Os outros é que são malvados e o sabotam.

          • O Ernesto não se cansa de deitar sua arenga por aqui. Como de costume, ele esconde dados reais da economia para sustentar suas argumentações fajutas. Antes da grande crise, os governos do PT haviam diminuído a relação Dívida/PIB de mais de 60% para pouco mais de 30%.
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            Já a armadilha da dívida pública foi montada pelo grande heroi do Ernesto, o tucano FHC, que a multiplicou por 10 em apenas oito anos de mandato. Detalhe: neste mesmo tempo, o FHC privatizou quase 70% do nosso patrimônio afirmando que usaria os recursos arrecadados para amortizar a dívida pública.
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            E, mesmo com esses números, FHC e seus asseclas, Malan, Parente, Fraga, Franco e outros são, até hoje, incensados pela mídia hegemônica como paradigmas da boa administração.

    • De minha parte, eu "não vejo sentido" em continuar aturando o monte de asneiras que você teima em escrever aqui neste blog, Sr Souza.

    • Seu idiota. Todo governo possui dívida pública. Mas só os governos debilóides se deixam paralisar pelo serviço à dívida. Se você por um segundo acredita que o arrocho do Temer (e o pré-arrocho da Dilma) são o que o país precisa, e não simplesmente a garantia do quinhão dos rentistas brasileiros, pense de novo. Por que você acha que os banqueiros não queriam golpe, desde lá atrás? Por que pra eles, juro alto e tripé econômico, tá ótimo pra especulação financeira.

      Quer falar de economia? Então entenda um pouco sobre política econômica e suas diferentes vertentes: valorização do capital especulativo contra valorização do capital de investimento real. É isso que o NBC tem: são empréstimos para o setor de infraestrutura e inovação em energia. Riqueza real, contra um pedaço de papel que te dá direito a uma fatia do Tesouro Nacional.

      Se não tiver capacidade de entender essa diferença básica, não fique se lamuriando que os brasileiros de verdade o tomem por um vendilhão golpista.

  • Este é só mais um dos pontos que nunca é citado pelos apoiadores do golpe e os antipetistas (direita seria no Brasil, não existe).Um outro ponto que ninguém nunca toca, é que o pré sal foi responsavél pelo pedido do Brasil junto a ONU do aumento da plataforma continental e agora querem entrega-lo de bandeja aos gringos.

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